Capítulo- 05- Allyson

31.3K 2K 103
                                    

A saliva desceu pela minha garganta com dificuldade. Eu não sabia se conseguiria encarar o meu chefe, e continuar atuando inocentemente por muito tempo. Até porque minha mente me acusava a todo instante de que inocência não fazia parte de minha natureza.

Assim como a paciência não faz parte da natureza do homem possesso, e sentado à minha frente, na luxuosa limusine. Sean me encarava com os olhos semicerrados e inquisidores a mais de meia hora.

Depois de ser praticamente arrastada do bistrô, pelo meu chefinho puto, ele passou a me interrogar sobre o porquê da atitude da loira.

Eu desconversei, mas levei um baita fora. Ele não seria fácil de manobrar como havia imaginado de início. Tomando fôlego e mantendo minha cara de pau, prossegui com minha desculpa esfarrapada, e de última hora.

– Eu tenho certeza que a moça da floricultura deve ter se enganado, e trocado os cartões. – afirmei o mais segura que pude, devolvendo o olhar penetrante.

–Você pode provar senhorita Jordan? – perguntou frio.

– Temo que não, senhor McGregor. O senhor sabe, a floricultura deve receber várias encomendas, certamente não notaram a possível troca dos ramalhetes e consequentemente do cartão.

–Há somente uma forma de descobrirmos, não é? – disse erguendo de forma sugestiva as sobrancelhas.

–E qual seria? – perguntei desconfiada, pressentindo mais problemas.

–Ligando para a floricultura. – respondeu sorrindo cinicamente.

Pisquei inocentemente, e tentei não desfazer minha expressão passiva. Mas por dentro eu gritava:

Oh Gosh! Isso não... Pensa rápido bitch, pensa rápido! Repetia como um mantra. Então em meu cérebro se fez a luz, me salvando a tempo!

Respondi placidamente:

–Hum... Não sei se isso resolveria algo, senhor, afinal o que aconteceu no bistrô é imutável.

–Verdade, mas decidirá se você continua ou não no seu cargo. – pontuou sério. Mordi meus lábios e observei-o acompanhar meu gesto. Hum... Interessante. Pensei, então ataquei de vítima.

–Senhor McGregor, se o senhor continuar insinuando que tenho algo a ver com o que aconteceu, eu não continuarei trabalhando para o senhor. Não posso trabalhar onde não confiam em minha palavra.

– Alguém já lhe disse que você está na profissão errada? - quis saber se servindo de uísque.

–Como? – perguntei confusa.

–Você seria uma ótima atriz. – respondeu sorrindo de lado ironicamente.

Filho da mãe! Ele estava se divertindo as minhas custas.

–Como ousa? –indaguei indignada.

Ele me fitava agora em um misto de zombaria e divertimento. A voz era fria ao dizer:

–Senhorita Jordan, você está correta na parte que não podemos voltar no tempo sobre o que ocorreu no bistrô. Mas não pense que me engana. Seu ar de inocência é tão artificial que me deixa com vontade de gargalhar pela sua atuação comicamente barata.

–Ora! –exclamei quando a voz impessoal me cortou:

–Eu somente ressaltarei dessa vez. Não se intrometa em meus assuntos particulares. Isso é uma ordem. E espero que cumpra dessa vez. Ou não pensarei duas vezes em demiti-la por justa causa, e processá-la por invasão de privacidade. Entendeu?

–Sim, senhor. – concordei de imediato.

Camuflando a raiva e frustração que borbulhavam dentro de mim, eu o observei sorrir satisfeito, e beber todo conteúdo do copo de cristal. Eu até agora não entendia porque ele não havia me demitido, já que o mesmo tinha a certeza do que eu aprontei. Por que meu chefinho tatuado somente me ameaçou... Por quê?  Eu estava confusa. E muito, muito curiosa.

O Executivo Tatuado(LIVRO NÃO COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora