A saliva desceu pela minha garganta com dificuldade. Eu não sabia se conseguiria encarar o meu chefe, e continuar atuando inocentemente por muito tempo. Até porque minha mente me acusava a todo instante de que inocência não fazia parte de minha natureza.
Assim como a paciência não faz parte da natureza do homem possesso, e sentado à minha frente, na luxuosa limusine. Sean me encarava com os olhos semicerrados e inquisidores a mais de meia hora.
Depois de ser praticamente arrastada do bistrô, pelo meu chefinho puto, ele passou a me interrogar sobre o porquê da atitude da loira.
Eu desconversei, mas levei um baita fora. Ele não seria fácil de manobrar como havia imaginado de início. Tomando fôlego e mantendo minha cara de pau, prossegui com minha desculpa esfarrapada, e de última hora.
– Eu tenho certeza que a moça da floricultura deve ter se enganado, e trocado os cartões. – afirmei o mais segura que pude, devolvendo o olhar penetrante.
–Você pode provar senhorita Jordan? – perguntou frio.
– Temo que não, senhor McGregor. O senhor sabe, a floricultura deve receber várias encomendas, certamente não notaram a possível troca dos ramalhetes e consequentemente do cartão.
–Há somente uma forma de descobrirmos, não é? – disse erguendo de forma sugestiva as sobrancelhas.
–E qual seria? – perguntei desconfiada, pressentindo mais problemas.
–Ligando para a floricultura. – respondeu sorrindo cinicamente.
Pisquei inocentemente, e tentei não desfazer minha expressão passiva. Mas por dentro eu gritava:
Oh Gosh! Isso não... Pensa rápido bitch, pensa rápido! Repetia como um mantra. Então em meu cérebro se fez a luz, me salvando a tempo!
Respondi placidamente:
–Hum... Não sei se isso resolveria algo, senhor, afinal o que aconteceu no bistrô é imutável.
–Verdade, mas decidirá se você continua ou não no seu cargo. – pontuou sério. Mordi meus lábios e observei-o acompanhar meu gesto. Hum... Interessante. Pensei, então ataquei de vítima.
–Senhor McGregor, se o senhor continuar insinuando que tenho algo a ver com o que aconteceu, eu não continuarei trabalhando para o senhor. Não posso trabalhar onde não confiam em minha palavra.
– Alguém já lhe disse que você está na profissão errada? - quis saber se servindo de uísque.
–Como? – perguntei confusa.
–Você seria uma ótima atriz. – respondeu sorrindo de lado ironicamente.
Filho da mãe! Ele estava se divertindo as minhas custas.
–Como ousa? –indaguei indignada.
Ele me fitava agora em um misto de zombaria e divertimento. A voz era fria ao dizer:
–Senhorita Jordan, você está correta na parte que não podemos voltar no tempo sobre o que ocorreu no bistrô. Mas não pense que me engana. Seu ar de inocência é tão artificial que me deixa com vontade de gargalhar pela sua atuação comicamente barata.
–Ora! –exclamei quando a voz impessoal me cortou:
–Eu somente ressaltarei dessa vez. Não se intrometa em meus assuntos particulares. Isso é uma ordem. E espero que cumpra dessa vez. Ou não pensarei duas vezes em demiti-la por justa causa, e processá-la por invasão de privacidade. Entendeu?
–Sim, senhor. – concordei de imediato.
Camuflando a raiva e frustração que borbulhavam dentro de mim, eu o observei sorrir satisfeito, e beber todo conteúdo do copo de cristal. Eu até agora não entendia porque ele não havia me demitido, já que o mesmo tinha a certeza do que eu aprontei. Por que meu chefinho tatuado somente me ameaçou... Por quê? Eu estava confusa. E muito, muito curiosa.
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O Executivo Tatuado(LIVRO NÃO COMPLETO)
Romantik1ª Edição - 2014 Copyright© Erika Alves. Este livro é uma obra de ficção. Os personagens e os diálogos foram criados pelo autor e não são baseados em acontecimentos, fatos ou pessoas reais. Qualquer semelhança é mera coincidência. Proibida qualquer...