Allyson dormia serenamente no calor dos meus braços, sua respiração ritmada e o bater suave de seu coração perto do meu, eram um balsamo nas minhas feridas recentes.
Mas o sabor amargo da rejeição ainda se fazia presente em meu organismo. Eu nunca havia levado um fora antes. E porra doía! Mas não doía pelo ego de macho ferido, mas sim porque eu havia levado um fora da mulher que amo.
Cacete! Eu realmente amava Allyson. E quando a ficha caiu? Quando ela me disse não. Quando eu pensei que fosse perdê-la. Como eu havia me ligado a alguém tão rápido ainda era um mistério pra mim. E me apavorava pra caralho me sentir assim. Vulnerável.
E mesmo não estando pronto pra amar, eu aceitei o sentimento. Engolindo o medo e toda a minha convicção que amar não era algo esperto e sadio pra mim.
Então essa feiticeira me fascinou com sua boca suja e mentirosa. Uma criaturinha teimosa, digna de atitudes surpreendentemente carinhosas e altruístas com quem não conhecia. Como foram as suas, tratando minha mãe. E aqui estou. Apaixonado por essa diaba! Ela havia conseguido me prender em menos de uma semana! Ou melhor, em menos de vinte e quatro horas ao seu lado.
E eu lutaria. Lutar por ela. Por nós dois. Eu sabia que por trás da negação medrosa havia motivos, traumas sérios. Um pânico tão grande que era visível nos olhos verdes. Mas o que aconteceu de verdade? E como eu poderia saber o que houve?
Talvez eu não soubesse o que fazer para mudar sua resposta. Mas eu sabia a quem recorrer. Brandon! As poucas palavras trocadas entre nós dois quando Allyson nos deixou sozinhos foram tensas. Mas ele teria que me ajudar a entender o que se passava, para que eu pudesse encontrar uma forma de penetrar as defesas de sua prima teimosa.
Eu não queria ter que recorrer as minhas armas escusas e minhas ideias também não lisonjeiras. Eu precisava pensar. Arquitetar. E seria agora.
Levantei-me tendo o cuidado de não acordar Allyson, que mal se mexeu quando deitei sua cabeça no travesseiro. Beijei sua testa com carinho ao me afastar, vesti minha boxer, e peguei meu celular. Saindo do quarto eu verifiquei o visor do aparelho, que estava iluminado, me mostrando que eu tinha uma ligação perdida, e que havia uma mensagem. Ambas de meu pai.
Fiz cara de desgosto e apaguei a chamada, e não me dei ao trabalho de ler a mensagem enquanto descia as escadas devagar. Caminhei em direção à sala de estar. Na mesma, eu me recostei à porta de vidro, contemplado o mar negro a minha frente, disquei os números do meu amigo. Era madrugada, e eu sabia que Brandon ficaria puto por eu acordá-lo. No terceiro toque a voz rouca me atendeu irada como eu esperava.
–Tu não dormes não, McGregor? – disse irritado.
–Preciso que me ajude. – soltei sem me importar com seu tom rude.
–Já disse que não posso trair a confiança de Ally. – respondeu sem hesitar.
– Você tem que me dizer algo! – retruquei, não levando em conta suas considerações.
–Não posso. –voltou a dizer. – Desculpe, mas não posso.
–Brandon você é meu amigo, tem que me ajudar. – eu não desistiria fácil.
–Eu também sou primo de Ally, e te conheço como ninguém, não se esqueça. – lembrou-me.
–Porra, Brandon! Você não percebeu que estou apaixonado por Allyson? –vociferei.
– E aquele papo de relação aberta? Não é sério, não é? –indagou me soldando.
–Não, cacete! Não é! – disse fulo – Eu jamais permitirei que algum marmanjo toque em um fio de cabelo de Allyson! Eu mato o infeliz antes!

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Executivo Tatuado(LIVRO NÃO COMPLETO)
Romance1ª Edição - 2014 Copyright© Erika Alves. Este livro é uma obra de ficção. Os personagens e os diálogos foram criados pelo autor e não são baseados em acontecimentos, fatos ou pessoas reais. Qualquer semelhança é mera coincidência. Proibida qualquer...