Capítulo 12

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-Nós nos conhecemos no meu aniversário de quinze anos, você deve imaginar como foi aquela festa: tudo milimetricamente planejado pelo seu avô. Os Nunes eram muito influentes, então foram convidados, é óbvio. O problema é que o seu avô e a mãe do Thomás não se suportavam, eu não faço ideia do motivo, mas todas as vezes que eles se juntavam, era uma intensa briga de ego, onde um tentava mostrar que era melhor que o outro...

Tomei um gole de vinho, aquela parte da história era amarga.

-O Thomás, assim como eu, não via sentido naquela disputa por nome. Conversamos a noite inteira, rimos e foi como se nos conhecêssemos há anos. Eu me apaixonei por ele naquele dia, quando ele segurou a minha mão e me levou para o exterior do salão para ver as estrelas...

Sorri com a lembrança, ele parecia ainda mais bonito sob a luz do luar.

-Naquele ano, estudamos juntos e, dois meses depois do meu aniversário, ele se declarou também sob as estrelas quando foi me deixar em casa depois de um passeio com nossos amigos. Ambos sabíamos, no entanto, que os nossos pais nunca iam apoiar aquilo, então mantivemos nosso namoro em segredo. É claro que pretendíamos contar em algum momento, mas a verdade é que tínhamos medo da reação de nossos pais...

A Amélia me encarava vidrada na história e os meus pensamentos estavam fixos no passado.

-Eu o amei, Amélia, eu o amei como jamais conseguiria amar outra pessoa, eu o amei tanto que nem tenho como te descrever. Mas o seu avô tinha decidido que eu me casaria com o herdeiro Albuquerque, afinal ele aceitaria que eu mantivesse meu sobrenome e a família dele era uma espécie de aliada. - ela parecia assustada - Não, Meli, seu pai e eu não mentimos quando dissemos que você era fruto do nosso amor, mas essa é outra parte da história, eu já chego lá.

Voltei a encher minha taça de vinho porque ela secara mais rápido do que eu fora capaz de prever.

-Nós mantivemos nosso namoro às escondidas por três anos e, todos os dias, eu rezava para que pudéssemos nos casar um dia. Ele comprou as alianças e me pediu em casamento, disse que ia enfrentar o seu avô e a mãe dele, que se fosse preciso, fugiríamos. Dois dias depois, seu avô anunciou que eu ia me casar com o Otávio. Eu surtei, corri pra procurar o Thomás e contar a ele, ele disse que íamos dar um jeito, mas éramos dois meninos assustados, tínhamos dezoito anos na época, afinal. O papai organizou tudo rapidamente, meu casamento com o Otávio tinha sido marcado para dali a um mês. Eu mal conhecia o seu pai e não podia mais ficar criando mentiras pra ver o Thomás, meus pais estavam desconfiando. Da última vez que eu o vi, disse a ele que ia esperar por ele, mas que não faria isso pra sempre... Eu precisava que ele tomasse a atitude, porque tinha dúvidas e medo, precisava da atitude dele pra tomar a minha... O Thomás nunca foi atrás de mim e eu me casei com o seu pai...

-Você foi obrigada a casar com o meu pai? - ela parecia sem chão

Balancei a cabeça afirmativamente.

-Quando nos casamos, o seu pai se tornou meu anjo da guarda. Ele sabia de tudo o que eu pensava e sentia, sabia do Thomás... Nosso casamento era só de aparências por muitos anos... Ele me incentivou a estudar, a realizar meus sonhos, a ser quem eu realmente queria ser. No meio disso tudo, surgiu uma linda amizade. Eu amei o seu pai, Meli, ele foi o meu melhor amigo, desse amor foi que você nasceu. Adoraria dizer que o Otávio era o grande amor da minha vida, mas não era... Esse lugar sempre vai ser do Thomás. 

Por Nossos FilhosWhere stories live. Discover now