TERCEIRO DIA

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           - Chegando na minha casa, conversamos primeiro com a minha mãe. Martin conversou, tranquilamente, com ela. Eles se deram logo de cara, afinal, eles conversavam por telefone e, por meio de mensagens. Mas quando meu pai chegou, Martin ficou super nervoso, e tentou não demostrar.
           - Papai ficou com medo do vovô- pergunta Mikaelly rindo, quase caindo na gargalhada.
           - Um pouco- digo sorrindo.- Acho que ele pensou que o meu pai o colocaria pra fora. Mas, meu pai não fez nada. Ele o cumprimentou e dissemos que que queríamos falar com ele. E, como Alfred, meu pai tinha acabado de chegar, tivemos que espera-lo tomar banho e comer alguma coisa.
            "Lembro que, enquanto meu pai tomava banho, eu peguei a mão de Martin para fazê-lo olhar para mim.
           "-'Você está nervoso?'
           "-'Um pouco. Se o seu pai não permitir que a gente namore? Se ele não deixar a gente se ver mais?'
           "-'Ei, calma! Vai ficar tudo bem, e se ele dizer não, a gente dará um jeito'- eu encostei a cabeça no ombro dele.- 'Só fica calmo.'
           "-' Vou tentar'- disse ele beijando minha testa.
           "Quando meu pai se sentou na nossa frente ao lado da minha mãe. Eu apertei a mão de Martin, dando-lhe o incentivo para começar a falar.
           "-'Vim aqui pedir sua filha em namoro. Sei que o senhor mal me conhece, porque, até agora, só falei com a sua esposa. Mas, posso dizer a vocês, dois, que eu gosto muito da sua filha e serei um homem muito feliz, na verdade, mais feliz se a tivesse na minha vida.'
           "Seu avô olhou por papai, sério. Sem dá nenhum sorriso, e nesse momento, até eu fiquei nervosa. Achei que ele fosse dizer NÃO ou, simplesmente, sair sem dizer nada. Mas Alfred apoiou os braços nas coxas e encarou Martin.
          "-'O que você, realmente, quer com a minha filha? Sua real intenção?'
          "-'Bom'- disse Martin engolindo a seco.- 'Como já disse, eu gosto muito da sua filha, tanto que se der tudo certo pretendo casar com ela. Não quero só uma aventura, quero algo sério. Nada de brincadeira. Sou estudante de arquitetura, trabalho como estagiário numa empresa de arquitetura e até tenho dinheiro guardado. Tenho um futuro planejado e quero que sua filha esteja nele.'"
          - Papai falou tudo isso?- pergunta Mikaelly impressionada.
          - Sim- respondo.- Quando ele terminou de falar, todos ficaram surpresos, até eu. Depois do choque, meu pai se sentou reto e sorriu.
         "-'Foi uma boa resposta. Gostei'- Alfred colocou a mão na perna de Lorena.- 'Só que vocês se conheceram há pouco tempo, e Camille só tem 17 anos e está na escola ainda. Então terei de dizer não, por enquanto'- vendo que eu estava quase protestando, meu pai levantou a mão fazendo eu me calar.-'Realmente, parece que vocês se gostam mas por ela ser menor, pode te trazer problemas.'
         "-'Tem razão'- concordou Martin, um pouco cabisbaixo.
         "-'E eu não quero que nada atrapalhe seus estudos, Camille. Falta só dois bimestres para acabar, e eu quero que ela se foque nisso, porque sua faculdade, depende disso.'
          "Fiquei com raiva porque tudo que ele falava fazia sentido, e eu não conseguia nem contestar.
         "-'Camille só fará 18 anos em Julho do ano que vem. Então vocês terão quase um ano de espera. Eu não acho que vale a pena. Vocês são jovens ainda, e em um ano, tudo pode mudar.'"
          - O que aconteceu? Vocês não namoraram? E o papai e você aceitaram isso?- Pergunta Mikaelly apreensiva.
          - Calma- sorrio e continuo de onde parei.- Martin soltou minha mão mas continuou olhando para meu pai fixamente.
         "-'Então está nos dando um Não?'- perguntou Martin, num sussurro.
         "-'Enquanto, ela tiver 17 anos e na escola, é um não.'
         "-'Um ano, então'- disse ele, mas para si mesmo do que para Alfred.- 'Vou esperar esse ano, eu posso fazer isso. Realmente quero namorar sua filha, e não vai ser um ano que vai me fazer mudar de ideia.'
        "-'Pensa bem, é um ano. Não são só alguns dias.'
        "-'Eu já pensei'- ele virou para mim e sorriu.- 'Por ela, seria capaz de qualquer coisa. Então, o que é um ano?'
          "-'Certo'- disse meu pai fazendo a gente parar de se olhar.-'então, por enquanto, vocês são apenas'- ele enfatizou a palavra APENAS.- 'amigos. E se, no final, vocês continuarem a se gostar, eu permitirei esse namoro.'
         "-'Daqui a um ano, eu estarei aqui para pedi-la em namoro novamente.'
         "-'Que assim seja'- Alfred se levantou e apertou a mão de Martin."
         - Papai gostava mesmo de você, para esperar um ano - diz Mikaelly sorrindo.- Papai é demais.
         - Sim- digo.- Quando o levei até o portão, Martin se virou pra mim e segurou minhas mãos, me olhando nos olhos.
         "-'É só um ano,ok? A gente pode suportar isso. Por enquanto, a gente pode continuar se conhecendo, conversando' - ele arrumou uma mecha do meu cabelo que estava caindo dos meus olhos,- 'cuidando um do outro porque eu vou continuar cuidando de você, te visitando, te protegendo. Não vai ser um NÃO que vai me afastar de você.'
          "-'E se não der certo?'
          "-'Ei, eu prometo que vou ficar aqui com você'- Martin colocou a mão no meu rosto e encostou a testa na minha.- 'Só confia em mim e suporta isso comigo. Só... Fica comigo.'
            "Coloquei a mão em seu ombro e comecei a acenar positivamente, com a cabeça. Martin deu passo para frente e nossos narizes se encostaram, me fazendo fechar os olhos mas ele parou a poucos centímetros da minha boca.
          "-'Por enquanto, eu não posso'- ele deu um passo para trás. Um passo difícil e beijou minha testa.- 'É só um ano.'
         "Ele me abraçou, prometendo me ligar mais tarde. Quando virei para entrar em casa, minha mãe estava ali, parada, com um olhar de aprovação. E assim, tivemos que esperar esse ano para ficar juntos."
         - E esse ano foi difícil? Vocês pensaram em desistir?
         - Perguntas difíceis- finjo está pensando e sorrio,- que só serão respondidas amanhã.
         - Amanhã? Mãe... Não é justo.
         - Boa noite, querida- digo dando-lhe um beijo no rosto.- Amanhã, será um dia cheio, você vai dormir na Ray, então vai ter que estar descansada para aproveitar.
          - Certo, boa noite, mamãe - ela se arruma na cama.- Te amo!
          - Também te amo, meu amor. Durma bem.

UM DIA ATRÁS DO OUTRO...Onde histórias criam vida. Descubra agora