- Você quer ajuda, filha?- Eu pergunto parando de digitar as ideias que tive naquela tarde.
- Não precisa, mãe- ela termina a terceira conta de matemática e me mostra o caderno.- Mas ver se eu estou fazendo certo.
Pego seu caderno e começo a conferir todas as contas feitas. Todas estavam corretas, fazendo que eu me encha de orgulho.
- Parabéns, estão todas corretas- digo devolvendo seu caderno.
- O que você está escrevendo?
Mikaelly fica olhando para tela do notebook e ler o que eu tinha escrito. Quando termina, olha admirada para mim.
- Você vai escrever um novo livro, mãe?
- Estou pensando ainda- fecho o notebook e coloco sobre a mesa de centro.- Mas não é um livro novo. Eu escrevi isso quando tinha 16 anos.
- Por que você está querendo escreve-lo de novo?
- Porque não ficou muito bom- respondo.- Então tive umas ideias hoje e pensei em deixa-lo melhor.
- Como é essa história?- Pergunta colocando seu caderno de lado e se virando para mim.- Eu quero saber, mãe.
- Você tem que fazer sua lição.
- Eu posso fazer depois- diz ela.- Me conta sua história agora.
Sei que o certo é que ela faça a lição de matemática, porém, que escritor não quer falar de sua obra? E, Mikaelly faz um olhar tão fofo, parece tão interessada na minha história. Não dá para aguentar isso.
- Vou contar rapidinho, para você terminar sua lição.
- Certo- ela pega uma almofada e a abraça.- Conta, conta...
- Existe uma garota chamada Isabel, um dia ela ganhou um relógio de seu pai. Assim que ela o pegou começou a mexer em todos botões e ponteiros, até que...
- Até que...?- Diz ansiosa.- Fala, mãe, fala...
- Até que...- dou uma pausa para dá um suspense,- ela é levada a um mundo paralelo, onde tem vários seres imaginários como: dragões, monstros, animais falantes entre outros. O único problema é que ela não sabe como voltar pro mundo real.
- Como ela consegue voltar?
- Ela conhece um garoto chamado Rodrigo que a ajuda a encontrar a saída.
- Nesse livro tem espadas?- Pergunta curiosa.
- Tem sim- digo sorrindo.- Rodrigo sabe lutas com espadas e ele ensina pra Isabel. Ele a ensina, por causa, da guerra.
- Guerra?
- Sim- pego o caderno dela e lhe entregou.- Agora, você tem que terminar sua lição.
- Ah, mãe, não é justo.
- Não posso te contar o livro todo,- o telefone começa a tocar,- senão você não vai querer ler depois.- Pego o telefone e atendo.- Alô?
- Camille?
- Sou eu- digo.- Quem é?
- Julian- meu coração dispara.- Liguei para saber se o pulso de Mikaelly está melhor.
- Julian?
- É o Julian?- Pergunta Mikaelly surpresa.- Deixa eu falar com ele.
- Vou passar para Mikaelly. Só um minuto- tampo o bocal do telefone e sussurro.- Você passou nosso número por médico?
- Passei- diz ela tentando pegar o telefone.- Ele é legal, mãe. Eu gosto dele.
- Mikaelly...
Entrego o telefone para ela e a observo conversar com Julian. Mikaelly parece tão feliz falando com ele. E se ela está feliz, eu fico feliz.
- Por que você demorou tanto para ligar?- ela escuta a resposta dele, enrolando o fio do telefone.- Devia ter ligado antes, eu pensei que tinha esquecido nosso combinado- ela para de falar mais uma vez.- Isso, você vai ter que pedir pra minha mãe. Não sei se ela vai deixar.- Me pedir, o que?
- Julian quer falar com você- ela me entrega o telefone.
- Oi ...
- Oi- sua voz parece estranhamente nervosa.- Primeiramente, eu peço desculpas por ter pegado seu telefone sem sua permissão.
- Não precisa se desculpar- digo.- Se minha filha passou nosso número é porque gostou de você. Então não se preocupe com isso, Mikaelly ficou muito feliz com sua ligação.
- Só a Mikaelly...- diz ele baixo.
- Oi?
- Nada- diz ele rapidamente.- Queria perguntar se você e Mikaelly não querem sair para comer alguma coisa, qualquer dia?
- Sair com você?
Mikaelly começa a sussurrar me pedindo para dizer sim e levanta os dedos polegares fazendo sinal de positivo.
- Sim- diz ele.- Queria ver se Mikaelly está bem e já que não posso ir só com ela. Nós temos que levar você junto.
- Então eu sou um quebra galho.
- Mais ou menos- diz ele sorrindo.- Você não quer que eu saia com sua filha sozinho, neh?
- Não!
- Afinal, eu posso ser um pedófilo ou um sequestrador- diz para me convencer.- Então para proteger sua filha, você tem que vim conosco.
- Você tem razão- digo me controlando para não rir.- Para proteger minha filha, eu irei com vocês.
- Certo- diz ele com uma voz mais alegre.- Daqui a dois dias está bom para vocês?
- Dois dias- digo espantada.
- Sim- diz ele.- Tem algum problema?
- Não, pode ser, daqui a dois dias.
- Ótimo, te ligo para confirmar o lugar- escuto uma porta batendo.- Tenho que desligar. Manda um beijo para minha princesa e fala pra ela cuidar bem do pulso pra não machucar de novo.
- Pode deixar- digo com um sorriso no rosto.- Até mais.
Coloco o telefone no gancho e passo a mão no rosto, me sentindo estranhamente ansiosa e nervosa.
O que está acontecendo comigo?
Quando eu olho para minha filha, ela está com um sorriso enorme no rosto, e isso me deixa envergonhada.
- A gente vai sair com o Julian?
- Vamos, sim.
- Quando?
- Daqui dois dias.
Dois dias ...
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UM DIA ATRÁS DO OUTRO...
Romanzi rosa / ChickLitTer a notícia de gravidez, é um dos momentos mais felizes na vida de um casal, uma alegria enorme. Foi assim que Camille se sentiu quando deu essa notícia á seu marido, Martin. Mas a vida, ao mesmo tempo que deu essa alegria, deu também a tr...