Capítulo 2 - Orlando parte II

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Daniel

"When every ship is going down
I don't feel nothing when I hear you say
It's gonna be OK" OK - Robin Schulz ft. James Blunt

"Mãe, a gente tem mesmo que ir?" Perguntei pela terceira vez daquele dia.

Ela tirou os olhos do passaporte que enfiava na bolsa e franziu as sobrancelhas pra mim.

"E porque não, Dani? As passagens já estão compradas, os passaportes já estão prontos, não falta nada, vamos?"

Olhei bem para o rosto dela tentando decifrar o que ela estava pensando, ela tentava ser forte e esconder o que estava sentindo atrás de um constante sorriso, mas eu via a tristeza em seus olhos, tão verdes quanto os meus mas que ultimamente estavam tão nublados e sem vida.

Respirei fundo e decidi ceder, nada do que eu dissesse ia mudar a opinião dela. Ela estava mal pela separação mas não ia deixar isso atrapalhar a nossa viagem.

"Ok, dona Vitória, vamos lá."
Ela sorriu como se estivesse agradecida por eu não tentar a impedir novamente. Ela estava tão ansiosa quanto eu para essa viajem, seria até injusto se eu o fizesse, considerando os últimos acontecimentos.

Nós chegamos ao aeroporto, e, enquanto minha mãe fazia o check-in, aproveitei para passar na lanchonete.

No caminho, uma coisa me chamou a atenção e quando parei, vi uma garota com longos cabelos pretos, com cara de choro sendo consolada por um garoto que aparentava ser mais velho do que ela. Ela parecia bem abalada, mas não era da minha conta.

Isso era a coisa mais normal de se acontecer no aeroporto. Eram casais se despedindo, amigos e famílias se abraçando quando alguém chegava ou partia. Não era surpresa aquela garota chorando. A surpresa era porque havia chamado a minha atenção.

Deixei pra lá e segui para a lanchonete pensando em como seria bom se minha irmã estivesse aqui e não com meu pai. Depois da separação, tudo foi dividido, inclusive Mari e eu. Minha mente viajou para a imagem que eu tinha da minha família de comercial de margarina, e eu me perguntei o quão rápido as coisas podiam acontecer? Certamente rápido o suficiente pra me pegar despreparado.

Uns minutos depois, percebi que estava olhando para o nada, imerso em pensamentos. Decidi voltar e vi minha mãe acenando pra mim em frente a sala de embarque. Reparei também que não vi mais a garota que estava chorando. Fiquei pensando o que poderia ter acontecido com ela, talvez ela estivesse mesmo se despedindo do namorado. Mas logo me surpreendi por estar tão interessado numa completa desconhecida e resolvi esquecer esse assunto.

Depois de esperar um pouco, finalmente embarcamos. Minha mãe seguiu na frente e enquanto eu parei pra amarrar o cadarço. Quando levantei ela já tinha sumido de vista, e pelo visto não seria tão fácil achar o meu lugar. Estava olhando pra cima e procurando pelo meu assento, quando senti alguém esbarrando em mim.

Baixei o olhar e vi a garota que estava com cara de choro no aeroporto. Ela ainda estava com os olhos vermelhos, mas parecia ter se controlado. Ela me olhou por um tempo, inspecionando meu rosto com uma curiosidade aparente e um arrepio percorreu a minha espinha. Uma sensação até então, desconhecida por mim.

Afastei meus pensamentos por um momento e me voltei para seus olhos, e, a partir daí se tornou difícil olhar para outra direção.

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No Compasso do Seu Coração - 1° temporada - NOVA VERSÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora