d o r m i r

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"Mas eu fingiria
Eu odiaria
Eu quebraria cada polegada do meu amor"

- Novo amor (tradução da música Alps)

***

No dia seguinte, quando eu te entreguei o livro autografado, me senti uma das pessoas mais felizes desse planeta, mas sem um motivo aparente e por incrível que parecesse, essa felicidade repercutiu mais um mês.

Acho que relembrando agora, no hoje, depois de tudo, eu meio que sei por que eu tava feliz.

Você parecia me olhar com outros olhos, mais amigo, mais irmão. Mesmo eu querendo seu outro lado. Mas eu aceitaria aquela situação, me adaptaria, como sempre e constantemente faço.

Ah Bruno, está sendo doloroso escrever isso. Quando lembro do seu sorriso, dos seus olhos meu coração queima para logo em seguida ser banhado por um balde de água fria. E isso dói.

Muito.

Mas você nunca saberia como é esse tipo de dor.

Pois bem, depois desse um mês de felicidade você, meio que se auto-convidou para dormir em minha casa. Sua mãe ia viajar com seu pai para alguns fazer exames e você veio parar no meu quarto à tarde, com uma mochila de escoteiro nas costas.

- Posso dormir aqui?

E por acaso tinha como dizer não para você?

- Claro, vou só avisar meus pais. Senta aqui. - bati de leve no colchão da minha cama de mostrando onde sentar.

Você caminhou até mim e se sentou e rapidamente sai do quarto, mas antes dei uma olhadela para trás e ti observei encarando as paredes do meu quarto, seus olhos brilhando, seu peito subindo e descendo e você meio que sorriu de lado ao encarar os próprios pés. Queria ti por em um pote e guarda-lo para sempre, para quando eu me sentir sozinho eu simplesmente abrir e você estaria lá, aonde quer que eu fosse.

Eu mordi os lábios, queria sorrir e muito. Meu coração pulsava com força bombardeando felicidade, e uma sensação de leveza pairou sobre mim. Aquilo parecia um sonho que tinha se realizando, mas era real, você estava na minha cama, iriamos passar uma noite - mesmo separados por um colchão - juntos.

O que mais eu poderia querer?

Avisei meus pais que você dormiria na minha casa e eles ficaram contentes - até demais - com a notícia. Mas isso não me incomodou. Peguei um colchão que residia em nossa despensa perto da cozinha e enchi em meu quarto.

Você logo sentou nele e eu fiquei ao seu lado.

- Que filmes vamos assistir hoje? - perguntei

- Dessa vez filmes independentes.

- Hum, tudo bem. - sorri - Mas eu vou escolher.

- É justo. Qual então?

- A ghost story! Já ouviu falar?

- Acredita que não? - você sorriu e rapidamente seu joelho esbarrou no meu e permaneceu ali. - Tenho que atualizar minha lista de filmes.

- Ainda bem, não vou ti da spoilers.

- E nem quero.

Eu estou perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora