p a r a n ó i a

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"Ela estava na janela me observando...e pelo seu olhar eu sei que me abençoou."

- Noemi Cardoso

***

Quando abri os olhos e encarei o meu teto cheio de estrelas que minha mãe havia colado quando eu ainda era um bebê, a primeira coisa que pensei foi em você.

Eu me levantei apressado e corri em direção à janela silenciosamente, estava descalço e com roupas largas de dormir. Fiquei abaixado com apenas um olho amostra e observei todo seu quarto novamente, cheia de caixas ainda fechadas e uma cama sem lençol, mas nenhum sinal de você.

Eu me levantei e ti procurei por algum canto sem me importar se você poderia me ver, como um tolo que era. Mas nada, eu não sabia onde você estava, nem para que lugar você tinha ido.

Você pode achar que eu era um "stalker" e confesso que sim, eu era um pouco "stalker", mas somente quando algo realmente me interessava, e você me interessou, não nego.

Depois da minha busca eu desci as escadas e fui até a cozinha onde minha mãe terminava de preparar o café e meu pai estava a mesa já comendo alguns pães.

Pus café em minha xícara e fui para sala ver televisão enquanto meus pais continuaram sentados na mesa da cozinha conversando.

Adivinha qual era o assunto?

Sua família.

Minha mãe não parava de falar sobre sua mãe e o quanto ela era simpática, inteligente e se vestia muito bem. E tudo isso em uma manhã de domingo, um dia depois de você ter se mudado.

- O filho dela é muito gentil. - minha mãe comentou para meu pai e isso chamou minha atenção. Eu estava no sofá tomando café e escutando tudo sobre você. - Muito bonito também, ela me disse que ele vai estudar na mesma escola que o Henry. E querido, ele tem olhos tão lindos.

Eu também achava mãe.

Meu pai mordeu um pedaço de pão para em seguida tomar um gole de café.

- E o que você foi fazer lá querida?

- Ah, fui deixar uma torta. - escutei o sorrisinho vindo dela -  Você sabe como eu sou.

Meu pai sorriu e eu também, mas eles não me ouviram. Minha mãe sempre foi intrometida, mas dessa vez eu gostei dessa sua peculiaridade.

- Eu acho que vocês vão se dar bem. - minha mãe falou mais alto nesse momento para eu ouvir e na minha direção. - Ele se chama Bruno e acho que vocês têm a mesma idade.

- Quem? - pergunto.

Eu sabia de quem ela está falando, mas eu era jovem e não podia mostrar interesse. Sim, isso é infantil.

- Bruno, filho da Carla, a vizinha. - não respondi, fingindo prestar bastante atenção no desenho que passava na TV. - Terra chamando Henrique.

- Ah tá, legal. - tomei o último gole de café e eu me levantei.

Eu queria perguntar mais sobre você para minha mãe. Saber se ela tinha comentado sobre mim, mas não podia, ela ia querer saber o por que de eu está interessado. E explicar é cansativo demais para mim.

Eu estou perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora