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"Não é porque o céu está nublado que as estrelas morreram."

- Chico Buarque

***

•••Presente•••

- Você vai mandar isso para ele? - disse Caio vindo do banheiro enrolando na toalha branca de hotel - estávamos hospedamos havia um dia devido à minha entrevista emprego amanhã. Ele sentou na cama de casal atras de mim e me olhou enquanto eu terminava de fazer minha assinatura na última carta.

Quem diria que depois de 5 anos após minha grande e trágica história "amor" (será se posso chamar assim?) acabaria comigo e Caio aqui nesse quarto, e em mim escrevendo essas cartas para meu ex. Se fosse por em uma balança, essa com certeza seria uma das noites mais estranhas de toda minha pequena vida.

- Ainda não sei, eu só... - Virei minha cadeira na direção dele e encarei seus olhos negros.  - Queria por para fora. Esquecer tudo dele, entende?!

- Claro que entendo. Sei da importância dele e sei também o quanto é difícil pra você. Só quero que saiba que estou aqui. Se quiser eu vou no correio e mando.

- Obrigado. - sorrio e abaixo a cabeça envergonhado. - Mas acho que vou jogar tudo isso fora.

Volto minha atenção aos papeis em cima da mesa e olho minha letra e nas palavras postas em cada uma delas. Seria um desperdício jogá-las fora. Fico concentrado na minha última carta e no que digo no final.

Será se realmente eu queira a felicidade do Bruno?

Ouço passos molhados se aproximando fazendo eu perder foco dos meus pensamentos. Viro-me e vejo Caio se agachando a minha frente com seus braços musculosos se apoiando em minha coxa e encara todo meu ser fazendo meus dedos suarem. "Puta que pariu, por que tão lindo?" Pensei sorrindo ao analisar seu semblante rústico e de barba por fazer.

- Você devia mandar. Acho que ele merecer saber de tudo que você acha dele. Mesmo que ele nem receba.

Para falar a verdade, eu não queria falar disso naquele momento. Eu sei que ele tá tentando se fazer de forte, mas sei que o incomada me ver escrevendo cartas para um ex. Só de pensar em Bruno e Caio minha cabeça lateja. Preciso mudar de assunto.

- Para de me olhar assim. - digo sorrindo fechando os olhos. - Está me deixando com vergonha.

- Assim como? - ele sorria de canto sabendo exatamente do que eu estava me referindo. Parecia um cachorro de rua pidão, um cachorrinho muito lindo para dizer a verdade.

- Apenas para, okay. - tentei me virar, mas as mãos de Caio seguraram minha cadeira.

- Não dá. - continuava me encarando dessa vez sorrindo. - Não consigo tirar meus olhos de você. Você é minha vista favorita

Ele se levanta devagar e seus lábios comprimem os meus como duas almofadas macias, quentes e acolhedoras. Poderia facilmente me jogar ali e nunca sair.

Ele se afastou alguns centímetros para respirarmos.

- Você fica uma graça tentando mudar de assunto, mas tudo bem. Vou aceitar dessa vez. Também não quero falar dele. - sussurrou ele próximo aos meus lábios e suas mãos seguraram as minhas, me pondo de pé. - Agora está na hora de deitar.

Eu estou perdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora