NADA

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Eu literalmente não sei definir que eu sou

Vivo nessa ignorância desde a infância

Pensando bem eu não sei nem o que os outros são

Eu posso adjetivar alguém o quanto quiser e nunca saberei

Enfim,eu acredito que não sou nada,ao menos nada que eu entenda

Faz uma semana desde essa descoberta e até venho fomentando a ideia

Eu não sou nada, sim.

Mas ainda me vejo como um algo

Uma massa cinzenta vagando na fração do todo conhecido

E é assim que eu vejo tudo agora

Caminho por entre massas cinzentas

Desnorteado por uma ideia de manhã apressada

Fazem apenas algumas horas que fui bombardeado por uma enorme aflição

Afinal

Eu vivi todo esse meu começo de vida

Até agora

No completo ímpeto de tentar ser

Quando criança, um homem.

Já como moço, destemido.

E como bebê, eu nem sabia o que era o significado de ser.

Estou vivendo feito um bebê já faz uma semana

E por pensar como bebê eu quero chorar e gritar

Eu não me lembro dessa aflição infantil

Talvez nada seja não lembrar do que dói

A infância deve ser a fase mais dolorosa da vida

No entanto,na infância temos o abraço de nossas mães

Eu sou moço e seria uma vergonha agora pedir um abraço da minha mãe

Eu estou segurando os gritos como jamais segurei

Agora o homem que construí dentro de mim ao assistir

Ryukendo e Max steel quando criança

Engole o choro e apenas segue em frente

E destemidamente ele tenta imitar os párias da literatura que se atiraram neste abismo

Sem falhar

E mesmo assim falho

Nesse momento eu quero destruir tudo

Não alterar como antes queria

Quero fazer a revolução da alma e me diminuir a nada

A um bicho

De fato começarei pelo homem

Ele é a essência do ser mais normativa e cruel

Ele se acaba de excitação até explodir em angústia

E não haverá lugar para a angústia masculina

É o sentimento mais perigoso já construído

Agora estou quase reduzido a nada

Mesmo assim

Continuo aflito e medroso

O homem em mim dá socos na parte interna do caixão onde o trancafiei

Ele ataca tão forte que faz o carvalho chorar

O carvalho chora,por não ser capaz de segurá-lo

Chora mais por não se sentir capaz do que pela dor dos socos

O carvalho é o mais nobre fragmento das florestas da minha alma

E dessa floresta cuida a mulher dentro de mim

Ela que me lembra que não sou nada e que isso é um problema

Pois continuo complexo

E a mim mesmo

Ainda trato como alguém que vive de favor na minha casa

E esvazia a geladeira

Penso que se caso eu morrer me reduzirei a nada

Talvez não

Só se eu esmurrasse o caixão de dentro para fora

Pois assim teria o ímpeto de viver

O ímpeto é a real essência do nada

Pois sobrepõe o tudo que acreditamos

E pisa em cima de todas as criaturas viventes

Viver é uma luta

Assim como achar o nada

Que reside em todas as criaturas

Mas só as que não pensam o encontraram

E só as que pensam sabem que existe

Ou seja

Chegarei ao nada

Quando enlouquecer

Quando o homem e a mulher em mim perderem o ímpeto de viver

Quando o garoto e o bebê forem dormir

Mas enquanto isso

Ficarei repousando no núcleo da massa cinzenta

Que chamo de pessoa

Ainda incompreensível e aflita com tudo

Será esse o fardo de todas as criaturas pensantes?

Um homem patéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora