Algo Difícil

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Chegamos a igreja.

Não vi muita dificuldade em achar o lugar, a rua está movimentada e lotada de carros, é uma catedral no centro da cidade, Sávius conseguiu uma vaga não muito longe da entrada, pra deficientes, pela primeira vez na vida me senti grata por algo--mesmo que não devesse--por que assim não ficamos rodando e rodando atrás de vaga.

A entrada está lotada, assim que nos aproximamos da entrada já vejo os olhares de muitas pessoas em nossa direção, não tenho vergonha, sou bem acostumada com esse tipo de evento, já fui em vários casamentos da família, também de colegas da faculdade, amigos de Nova York, acho que a pessoa mais incomodada é Sávius, esse momento pra ele deve ser deprimente.

Afinal de contas, ele quem deveria ter se casado com essa tal de Mônica não outro homem.Gostaria de poder lhe dar palavras de apoio mas sei que ele não reagiria bem a isso e não quero discutir nem brigar.

Entramos e várias pessoas já estão sentadas nos brancos, bastante gente, algumas nos olham e começam a comentar, indico um banco com espaço sobrando ao lado e vamos pra lá, me sento na ponta e ele para sua cadeira ao meu lado.

--por isso eu não queria vir--sussurra ele ao meu lado--metade dessa gente me conhece, a outra metade já ouviu falar de mim, os da direita são da família dela, os da esquerda são os da família do Bruce.

--Bruce--repito--nome de cachorro!

Sávius me olha e sorri, algo formidável, definitivamente ele fica muito bem sorrindo, muito melhor do que com aquela carranca feia.

--meu Deus Júlia você sempre fala tudo o que pensa?

--as vezes eu guardo pra mim mas tem hora que eu não resisto--confesso--adoro casamentos, eles sempre dão lembrancinhas fantásticas.

--no meu casamento darei mini réplicas de cadeiras de rodas!--caçoa fingindo empolgação.

Paro de sorrir, viro a cara também, engulo e sufoco a vontade de rir diante da ironia dele, Sávius tem um humor negro que Deus me livre, ele ri baixo e estende a mão, coloca por cima da minha e a segura, seu toque é quente, sempre fico surpresa com Sávius, mas quando ele faz coisas das quais não espero fico chocada.

--namorados... lembra?

--eu tenho que te beijar?

--talvez!

Olho pra frente com sua insinuação, Sávius mantem a mão na minha, logo todos estão se sentando em seus lugares, esse banco onde estamos é um dos últimos de dezenas, aqui deve ter mais de 600 pessoas, parecem importantes, Sávius aperta a minha mão logo que começam a tocar a marcha núpcial, e sinto toda a sua tensão, me viro pra trás e vejo, uma belissíma morena com vestido de noiva de braços dados a um senhor careca, ela sorri, visivelmente emocionada, tem olhos lindos e é esbelta, olho pra Sávius e olho pra ela, me inclino em sua direção.

--ela é linda!

--eu sei!

Acho que o meu comentário foi desnecessário, ela olha envolta parecendo procurar alguém, tenho absoluta certeza que procura ele, Sávius permanece olhando pra frente duro, sua mão agora está fria, sinto um pouco de raiva dessa Mônica por ela sujeitar ele a isso, ela parece triste ou algo assim e então a as damas de honra vão na frente jogando pétalas de rosas pra todos os lados--acho isso meio brega--no ritual bonito, uma criança passa por ela levando as alianças, e enfim, Mônica começa a marcha com seu pai, ela é um pouco mais baixa que eu, os cabelos caem em cascata em suas costas, seu vestido é colado e costas nuas com uma calda estonteante, acho que não tenho tanta bunda assim nem um corpo tão enxuto.

Diga NÃO  Ao Amor - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora