Diga NÃO Ao Amor - DEGUSTAÇÃO

Rude

Estou diante do altar, e ao meu lado Otávio sorri usando um smolking perfeito, seu sorriso é lindo e iluminado como em todos os meus sonhos, e toda a nossa família está aqui, o dia é ensolarado e estamos num lugar cheio de árvores, tem várias flores diante do altar--como em Crepúsculo-- e eu uso um vestido de noiva perfeito, seguro um buquê de peônias, meus cabelos estão presos a um penteado lindo e eu estou maquiada como uma princesa, tudo tão... perfeito.

Sorrio a todo momento enquanto o padre fala, sinto a quintura da mão do Otávio na minha, o padre pede para que nos viremos pros votos, sorrio toda feliz e me viro, então do nada quem está diante de mim é Sávius Green em sua cadeira de rodas usando o mesmo smolking.

Me Assusto e acordo.

Me ergo sem ar, e tento respirar fundo depois do sonho, estou soada, seco a testa e olho envolta, demoro um pouco pra me situar, não sei se posso chamar isso de sonho, sempre tenho esse sonho desde que me apaixonei pelo Otávio, mesmo que venha banindo esses pensamentos, por que sei que ele é impossível pra mim, nunca sonhei com ninguém além dele.

Quero xingar, tinha que ser logo o Sávius?

Talvez se eu não estivesse ido dormir pensando nele não tivesse sonhado também, deve ter sido isso.

Poxa, o meu coração está quase saindo pela boca.

Olho pela pequena janela e vejo o lado do quintal já bem claro, já amanheceu, confiro a hora no meu celular, 08:37, ligo os dados móveis vou ao banheiro, faço xixi, lavo o rosto e a boca, logo em seguida saio do quarto, acho que pelo silêncio ninguém deve ter acordado, ando pelo corredor olhando envolta.

Muitas fotos, fotos de uma família, bem, pequena família, um homem alto e ruivo bastante branco, uma mulher morena baixinha e um menino magrelo meio branquelo, Lávinea, Sávius e o pai dele, ele parecia uma criança tão feliz nessas fotos, mal da pra acreditar que seja aquele cara de bosta que trabalha na BCLT.

Sigo pelo corredor, e logo de cara vejo Sávius sentado na no sofá da sala com uma caneca de café na mão, a cadeira ao lado, fico paralisada, ele usa uma camisa de cor preta e uma calça de moletom cinza, meias, os cabelos estão bagunçados, o meu coração dispara e acabo por desviar o olhar pro chão, seguro as barras da camisa e afasto os meus cabelos pra trás.

--bom dia querida!

Lávinea aparece com uma caneca e um prato de panquecas.

--me acompanha?

--claro.

Também estou faminta, me acostumei muito mal na casa do Jack, a tia Fran sempre faz um café super reforçado pra gente todas as manhãs antes de irmos pra empresa, eu a sigo até a mesa da sala de jantar não muito longe daqui, sinto que o olhar do mal amado me segue mas deixo isso de lado, por que eu tinha que sonhar logo com ele? poderia ser qualquer um menos com ele!

--dormiu bem?

Nos sentamos a mesa, ela colocou uma pequena bandeja de frutas e torrada quentinha, tem leite, achocolatado, biscoitos, sorrio e faço que sim, estou encantada com sua gentileza, acho que ela quer se desculpar pelo comportamento do filho, por ontem.

--geleia--ela estende o vidro transparente--eu que faço, é caseira.

--de que?

--morango!

--parece ótima.

Passo um pouco numa torrada e Lávinea me estende a caneca e coloca duas panquecas no meu prato, mordo a torrada e o gosto da geleia é divino, é doce e suave, diferente de tudo o que já provei, não tem gosto de adoçante, tem gosto de fruta fresca e dá pra sentir o morango derretendo na boca, sorrio.