Gota d' água

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E vai fazer o que? (Aquela fora a gota d' água)

(Malena pula em cima de Ana como um animal selvagem, ela cai com o joelho sobre a virilha da inimiga, o caco afunda-se mais em sua carne, aquilo doeu, mas o prazer de, finalmente, encostar o dedo naquela vadia era maior)

(Estava convicta de que ninguém a arrancaria de cima de Ana, Malena embola suas mãos no cabelo da mulher apertando com toda sua força o pescoço da mesma que dava tapas e unhadas tentando se defender, alguém a puxava com força pela cintura enquanto puxavam Ana para trás, Malena dava um soco ou outro quando conseguia, sua ira era imensa, quando finalmente conseguem tirar suas mãos do pescoço de Ana, suas mãos embolam-se mais no cabelo da víbora segurando firmemente, sua mãe tentava soltar sua mão, mas Ana só foi totalmente livre das mãos de Malena quando um grande tufo de seu cabelo quebrou-se na parte frontal, assim que separada de Ana, Malena acalmou-se, mantendo a compostura enquanto Ana ainda tentava avançar sobre)

MAS O QUE FOI ISSO?! (Grita exasperado Josep)

Desculpe tia Merly e João, Josep, me desculpem. Vocês não mereciam presenciar uma cena dessas, mas a vagabunda da Ana merecia muito mais pelo o que me fez.

E o que ela fez minha filha? (Pergunta calmamente João, Malena desvia o olhar envergonhada andando diretamente para as escadas, antes de subi-las, a mulher arranca o saltos de seus pés jogando-os em qualquer lugar da sala e sobe correndo, sentindo o joelho doer muito, mas, antes, dá uma última olhada em tudo percebendo o olhar decepcionado de sua mãe)

(A garota corre para o quarto, deita-se no chão atrás da cama e rola para de baixo chorando escondida como faz desde que sua desgraça ocorreu, estava sobrecarregada e não conseguia se abrir sobre, a mulher se encolhe como uma menina assustada e com a mão na boca prende os soluços baixinhos, lágrimas corriam por seu rosto como numa cachoeira, as lágrimas de cima cortavam-lhe o nariz ao meio encontrando-se com as de baixo e seguindo para o chão, formando uma pequena poça de lágrimas)

Malena?

(Uma voz doce ecoa pelo quarto, sua Tia, ela resolve não se pronunciar, a garota prende a respiração para que não fungue e fica quieta, se encolhendo cada vez mais)

Querida... Eu te conheço, sei que não faria aquilo com Ana se ela não houvesse lhe feito algo de muito grave, eu vi quando você ficou com medo de chegar perto dela e vi quando você criou ódio, nunca te perguntei o motivo e nem vou perguntar, pois sei que se você quisesse contar, já teria contado, só quero que saiba, apesar de Ana ser minha sobrinha, admito que ela não é flor que se cheire, essa mulher aqui é uma quarentona e não uma cega, sua mãe sim é cega, não percebeu sua mudança quanto a Ana, acha que você surtou hoje sem motivo algum. Sua mãe está afundada em outras desconfianças e não percebe o que está na sua frente. Enfim, (Rose faz uma longa pausa suspirando) só quero que saiba, não tenha em mim como uma tia, tenha em mim como uma mãe. Confie em mim sempre que precisar, agora eu vou lá em baixo ver o que está acontecendo, quando eu descer o Nicolau vem, mandei ele esperar eu descer (ela solta uma risada sem humor) tchau querida, vou lá em baixo ver o que a cobrinha está aprontando.

(Passos são ouvidos e Malena finalmente solta a respiração que estava pesada devido o tempo segurando. A garota se vê pensando no que sua tia lhe disse e até cogita a ideia de contar tudo...)

Mal...? Sei que tá em baixo da cama.

Como você sabe?

Você não mudou de esconderijo...

Você ainda lembra? (Ela pergunta saindo de baixo da cama, caminha até a porta e tranca acendendo a luz apenas dos pisca-piscas em torno da cabeceira de sua cama, se sentia melhor com a luz baixa)
(Nick não responde, mas sua expressão é uma espécie de afirmação)

Você lembra... (A mulher sorri se sentindo melhor pelo fato de Nick ainda lembrar daquele tempo)

(A mulher caminha até a cama e, ao sentar-se, gemeu alto com dor, Nick se levanta e liga a luz e, com calma, olha o joelho da garota que sangrava, sua perna inteira estava com manchas vermelhas por onde o sangue escorreu e continuava a escorrer)

Isso tá feio... Eu já volto. (Passos rígidos e firmes ecoam pelo assoalho do andar de cima, logo o homem está de volta, com kit primeiro socorros, agora não mais da Barbie, apenas uma caixinha roxa com contornos pretos, finos e delicados, ele se abaixa tocando próximo ao joelho, lembranças lhe invadem com força, imagens dele cuidando inúmeras vezes da garotinha sempre frágil e sorridente passam em sua mente, agora, com cuidado, ele pega o pequeno vidrinho de álcool guardado na maleta e arranca um chumaço de algodão no rolo, encharcando o mesmo, sem dó, ele esfrega na região ouvindo os choramingos de Malena, sorri ao ver o quanto ela tenta se fazer de durona, com um pano que havia humedecido no banheiro e trazido consigo, ele limpa o restante da perna ensanguentada, depois de procurar um pouco ele acha uma pinça na maleta, encharca sem dó mais um chumaço de algodão e limpa a pinça, logo enfiando o objeto no corte da mulher que salta fazendo a pinça machuca-lá mais ainda, arregalando os olhos com a dor ela começa a soltar palavrões, lamúrias e gemidos, totalmente rígida com a dor, Malena sentia cada milímetro do grande caco rasgando sua pele para sair, Nick solta uma leve risada da cara contorcida da menina)

Você acha graça da minha dor, idiota?!

Não me chame de idiota. (A voz de Nick sai alterada e firme)

Idiota! Mil vezes idiota! (O homem a sua frente solta a pinça ainda dentro do joelho de Malena que se contorce com a dor de o objeto pendurado em seu corte, olha suplicante para Nick que está de braços cruzados a olhando com uma expressão divertida)

Nick... Seu desgraçado... (Xinga entre gemidos, era errado aquilo, mas Nick sentiu-se um tanto excitado, voltando para o joelho da menina ele solta uma gargalhada má quando ela grita com seu último puxão retirando o caco, olhando para a mulher ele percebe seus seios pequenos subindo e descendo apressadamente, ela o flagra e ele disfarça pegando uma gaze encharcando, sem pena ele aperta no corte da mulher segurando seu joelho por trás impedindo-a de puxar mesmo que tentando, a mulher joga suas costas contra o colchão pegando uma almofada e mordendo totalmente ofegante, Nick por sua vez entra em um curto transe ao enxergar a calcinha vermelha  da mulher que tapava praticamente nada, devido a renda um tanto transparente era visível, o homem desvia o olhar salivando de desejo, engole seco e pega o maior band-aid que acha tampando o ferimento da mulher que ainda fica um pouco exposto, fechando a maleta ele praticamente corre para o banheiro, joga água gelada no rosto para espantar as imagens eróticas com Malena que sua mente insiste em criar)

Mas que porra! (Resmunga baixinho olhando ao espelho, se recompondo o homem volta ao quarto e vê Malena sentada na cama, com as costas escoradas na cabeceira da cama, apertando a almofada e com os olhos vermelhos)

Desliga a luz Nick.. (Pede manhosa com voz de choro e o mesmo faz se aproximando da cama em passos receosos)

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