As tendas que haviam sido erguidas na beira da estrada eram simplórias demais. A de Lyris despencou sobre ela durante a madrugada, e todos acordaram com seu escândalo ao pensar estar sendo atacada.
Então pegou apenas o saco de dormir feito de couro de vaca por fora com uma camada fina de algodão costurado por dentro e se deitou ao relento por cima da sua tenda desfeita, amaldiçoando sua incapacidade de montar um abrigo para dormir. Para sua fortuna, não fazia frio, mas ali raramente esfriava.
Quando a manhã chegou foi acordada pelo movimento. Não havia misericórdia ali. Os treinos na fortaleza eram uma coisa, mas aquilo era um martírio.
Sentou-se olhando para as tendas que não haviam despencado durante a noite; todas exceto a sua.
O sol ainda estava nascendo de modo que o céu era metade trevas e metade luz e a lua ainda dava sua cara, pálida, no céu a despontar em claridade. O clima ameno da manhã era agradável e no horizonte podiam ver linhas esbranquiçadas de orvalho evaporando, subindo dos bosques ao céu, como o vapor sobre da chaleira ao teto nas cozinhas. Exceto que ali não havia cozinha, chaleira, ou sequer leite frio para o desjejum.
— Amanhã montará direito. — Cork Fellas passou por Lyris, sorriu para ela. Ele tinha a própria tenda, já desmontada, debaixo de seu braço forte, indo ao cavalo que estava amarrado no toco de madeira martelado ao chão.
Lyris nada respondeu, apenas esboçou uma careta e meneou a cabeça, pois estava de mau-humor, logo cedo. Cork era o Mestre dos Dragões em Kognaryh, responsável pelo treinamento e educação dos filhos dos Edler.
Em pouco tempo haviam levantado acampamento e estavam prontos para partir. Lyris assim pensou, mas Cork não era o único instrutor ali.
— Lyris e Yanai junto de Olel, caçar. Fedra e Qoph juntem lenha para a fogueira. — Hadagar quem dizia, enquanto enrolava o couro de sua tenda com uma perícia que fazia o serviço ser rápido e parecer pouco trabalhoso, mas a maioria deles encontrou grande quantidade de dificuldades na tarefa.
— Como? — Yanai, que dobrara de forma torta e voluma sua tenda, questionou, ainda enrolando a corda ao redor da tenda.
— Desejam quebrar o jejum? — Hadagar lhe respondeu com um sorriso zombeteiro.
Todos trocaram olhares, e então Gael (de certa forma tio de Lyris pela idade, mas na verdade era ela a tia dele) soltou uma gargalhada.
— Quer minha adaga emprestada? — Ele puxou a lâmina da bainha e jogou-a no ar, girando, pegou pela ponta com gume e entregou o cabo para Lyris, que deu um tapa no cabo, fazendo que a adaga caísse no chão.
Hadagar Brefew era o Mestre de Espada e Escudo de Kognaryh. Responsável pelo treino dos filhos dos Edler no que tocava sobrevivência, combate e tudo referente ao assunto.
— E vocês? — Lyris perguntou então, olhando para o resto do grupo.
Eram dez ao todo. Cinco alunos, seis contando Jofrig como retardatário. Gael e Ivero como acompanhantes de Lyris e de Jofrig respectivamente, e os instrutores Hadagar e Cork.
Hadagar olhou para cada um deles, o impasse havia sido criado na cabeça de Lyris, mas para Hadagar e Cork não havia nenhum impasse.
— Eu e Cork damos as ordens, vocês obedecem. Isso é, no fim das contas, uma aula! Jofrig não precisa participar, é seu terceiro ciclo aqui, ele já sabe fazer isso tudo direitinho, ou pelo menos deveria saber.
— E espera que cacemos para vocês? — Lyris inqueriu com sua voz acusativa. Era filha de Agave que era filho de Sakam que era filho de Fehraô. Em seu sangue corria o sangue dos Imperadores do mais poderoso Império.
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Draco et Homines
FantasyO que você faria se ao nascer seu destino fosse a morte no campo dos gladiadores? Ou então ser um senhor de um castelo e ter que viver para sempre sob quatro paredes, sufocado pelos deveres de um bom Lorde? Ou ser a prometida para um outro Lorde qua...