Capítulo 18

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A partir de agora o Luca volta a narrar o conto.

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Meus olhos estavam pesados, não conseguia abrir. Com muita dificuldade consegui abrir, a claridade era muito forte. Ainda não tinha noção de onde estava, minha cabeça doía muito. Vi que tinha uma moça ao meu lado.

Eu – Moça, onde eu tô?

Moça – No hospital, você caiu e bateu a cabeça.

Aos poucos ia lembrando da briga entre o Ricardo e o Pedro.

Eu - Quero ver o Pedro.

Moça - Só um momento que vou chamar.

A moça que na verdade era a enfermeira foi chamar o Pedro. Ainda não estava acreditando que eu estava hospitalizado, nunca na minha vida tinha passado por este tipo de situação. O Pedro entra rápido na sala visivelmente emocionado, ele me abraça com muita força.

Pedro – Luca...que susto cara. Como você está?

Eu – Com muita dor de cabeça.

Pedro – A pancada foi forte.

Passei a mão na cabeça e percebi que tinha um curativo enorme.

Eu – Será que vai ficar cicatriz?

Pedro – Oh meu amigo, você vai ficar lindo com uma cicatriz. Me perdoa Luca?

Ele começa a chorar descontroladamente.

Eu – Por quê?

Pedro – Se eu não tivesse partido pra cima do Ricardo isso não teria acontecido.

Eu – Não tem o que perdoar, você só estava cuidando de mim. Você é meu amigo e eu te amo muito.

Nos abraçamos e choramos juntos. Meu sentimento pelo Pedro é inexplicável, temos uma ligação muito forte. O que me consola é que eu sempre vou tê-lo ao meu lado. Ele deitou na cama e ficamos um tempo ali, no silêncio. Fecho meus olhos com a intenção de dormir, mas algo me fez olhar para o visor que tinha no quarto. Ele estava lá me olhando com os olhos vermelhos.

Eu – Pedro, o que ele está fazendo aqui?

Pedro olha para trás e vê que o Ricardo nos observa.

Pedro – Amigo, precisamos conversar. Ele queria muito te ver, está aqui desde ontem.

Eu – Não quero saber, não quero mais ter contato com ele. Toda vez que estou perto dele eu me machuco. Não digo só fisicamente, mas emocionalmente. Não aguento mais este sofrimento.

Pedro – Deixa ele te ver, não precisa falar só deixa ele te ver.

Olhei com espanto para Pedro, não era normal ele defender o Ricardo.

Eu – Você também bateu a cabeça. Desde quando você deu pra defender o Ricardo?

Pedro – Luca, você sabe que eu te amo e eu quero a sua felicidade.

Eu – Se você quer mesmo a minha felicidade o mantenha afastado de mim.

Pedro – Vocês precisam conversar.

Eu – Por favor Pedro, eu não quero falar com ele, não insista.

Já estava começando a me irritar com o Pedro, não queria falar com o Ricardo e ponto final.

Eu – Pede pra ele ir embora, por favor.

Pedro – Luca...

Eu – Pedro..por favor!

Pedro levanta e sai para falar com Ricardo. Eu só conseguia ver as reações deles. Depois que Pedro pediu para ele ir, Ricardo olha para mim com muita tristeza. Vejo seus lábios dizerem ”por favor”. Eu viro o rosto, meu coração estava em pedaços, já doía mais que a minha cabeça.

Pedro entra de novo no quarto e antes de dizer qualquer coisa eu digo:

Eu – Por favor, eu não quero mais falar sobre ele.

Pedro deitou novamente ao meu lado em silêncio, ali no aconchego do meu amigo eu adormeci. Quando acordei ele já não estava lá, virei para o lado e voltei a dormir. No dia seguinte acordei com o médico mexendo no meu curativo.

Doutor – Bom dia Luca, como está?

Eu – Bom dia, estou bem.

Doutor – Que bom, seu corte está cicatrizando bem e você não apresentou nenhuma lesão interna. Vou lhe dar alta hoje.

Eu – Ai que bom, não vejo a hora de voltar pra casa.

Ele terminou de me examinar e saiu para cuidar da papelada da minha alta. Eu já estava bem melhor, minha cabeça já não doía tanto. O que mais me incomodava era o meu coração. Os últimos acontecimentos me fizeram tomar uma decisão, iria cortar o Ricardo definitivamente da minha vida.

Enquanto me arrumava para ir embora sinto alguém entrar no quarto, me viro pensando que fosse o Pedro que tivesse ido me buscar, levo um susto.

Ricardo – Oi

Eu – O que você está fazendo aqui?

Ele estava lindo, mas o seu rosto estava sombrio pela tristeza.

Ricardo – Vim te buscar.

Eu – Cadê o Pedro?

Ricardo – Ele precisou voltar ao trabalho e me pediu para vir te buscar.

Sabia que era armação do Pedro, apesar de ser médico ele fazia seus horários, podiam muito bem ter vindo me buscar.

Eu – Não precisa, vou de táxi.

Não conseguia olhar em seus olhos, estava lutando para não ceder. Quando levantei senti uma tontura que me desequilibrou, prontamente ele me pega em seus braços. Senti seus braços fortes me envolverem me deixou desconcertado.

Ricardo – Deixa de ser teimoso, você nem consegue ficar em pé. Não precisa falar comigo se não quiser.

Eu – Tá bom, se for assim eu aceito a carona.

Pela primeira vez eu senti raiva do Pedro. Ricardo da um leve sorriso, ele pega minha mochila e saímos. No corredor mais uma vez sinto tontura e mais uma vez ele me ampara, agora sua mão me segura pela cintura e assim me leva até o carro. Finalmente chegamos ao carro, ele abre a porta e com todo o cuidado do mundo me acomoda no bando. Enquanto ele dá a volta no carro eu digo baixinho:

Eu – Pedro seu desgraçado, você me paga.

Ricardo entra no carro e seguimos para minha casa, o trajeto todo foi feito no mais profundo silêncio. Chegamos em frente ao meu prédio e finalmente aquela situação constrangedora iria acabar. Me viro para agradecer a carona e sou surpreendido com um beijo, Ricardo segura meu rosto com as duas mãos e me dá o melhor beijo da minha vida. Não resisti, me entreguei e retribui o carinho. O beijo era sem pressa, era calmo e com sentimento. De repente me veio na mente o que aconteceu da última vez que ele me deu um beijo. Ainda estava fraco, mas com toda a força que me restava empurrei ele.

Eu – Por que você fez isso? Tá bêbado de novo?

Ele olhava com espanto pela minha reação.

Ricardo – Não, estou totalmente sóbrio.

Eu – Então por que você fez isso?

Ricardo – Eu...eu...te amo

Fiquei em choque ao ouvir ele dizer que amava, não esperava aquilo. Até então pensava que ele estava triste pelo fato de não querer perder minha amizade, nunca tinha passado pela minha cabeça que ele também me amava. Ele chorava assim como eu, se bem que ultimamente eu só chorava.

Eu – Você o quê? Isso não tem graça Ricardo.

Ricardo – Não estou brincando, eu te amo. Não consigo mais viver sabendo que você não quer mais me ver. Eu te amo demais cara.

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De Chefe a Amor da Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora