There's a future in my life

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Embora as mulheres de classes sociais mais privilegiadas detivessem de maior autonomia em suas casas, a verdade é que todas estavam aprisionadas em algum tipo de opressão e isso sempre incomodou Louise, visto que, em sua casa as coisas destoavam, e muito, do restante da sociedade britânica. Porém nada lhe era pior do que a religiosidade em demasia que sempre vinha acompanhada de pudores e regras de conduta que para ela não fazia o menor sentido.

Como em suas aulas de etiqueta nunca esteve incluso guardar para si aquilo que lhe despertava curiosidade ou estranheza, ela não conteve a pergunta quando viu a duquesa, trajada com roupas de baixo, preparando-se para o banho:

— Minha senhora, perdoe minha intromissão, mas... — a duquesa parou no meio do caminho e olhou para sua dama — pretendes banhar-se com as roupas de baixo?

— Mas é claro, Louise. De que outra forma deveria? — questionou.

— Ora, nua. — respondeu a dama como se fosse obvio.

Harriet corou violentamente e os olhos ficaram espantados, mas dama prosseguiu:

— Como a senhora conseguirá lavar todo seu corpo com estes panos estorvando?

— Louise, isto é uma imoralidade! — censurou a duquesa — O corpo é algo sagrado e deve ser preservado em todo tempo.

— E por que banhar-se sem roupas violaria a preservação do corpo ou seria imoral? - retrucou. — Não há ninguém vendo além de mim. Estamos a portas fechadas. — fez um gesto com as mãos indicando que o quarto a qual se encontravam, estava vazio.

— Deus condena e Ele vê todas as coisas!

— Curioso. — Harriet a olhou, questionando-a com um não verbal. — Por que razão o mesmo Deus que pode ler teus pensamentos e sabe o que está em teu coração se importaria com tua nudez no íntimo? Se Ele vê tudo então pode ver sua nudez ainda que esteja vestida.

A duquesa ficou sem palavras, nunca havia pensado naquilo antes.

— Você diz coisas estranhas, Louise. — disse a duquesa, causando riso em sua dama — Em Londres as pessoas tomam banho nuas, por acaso? — questionou.

— Até em praça pública se preciso. Temos muitos locais apropriados para isso.

Louise respondeu com naturalidade, porém Harriet se espantou demasiadamente.

— Bom Deus! Homens, mulheres e os pequenos também? — Louise assentiu, causando mais espanto na duquesa — E quanto a igreja? O que tem a dizer sobre isso?

— Censuras mil. — respondeu com descaso. — Todavia não é algo que se possa controlar em uma capital abarrotada de pessoas. O que fariam eles? Queimariam a todos por se banharem nus? Não sobraria viva alma em Londres para pagar os altos impostos que também sustentam suas igrejas tão luxuosas.

— Oh, Louise, você fala de um jeito tão...

Sem achar a palavra exata e nem compreender o que Louise falava, Harriet se calou e pôs-se a olhar para a tina, ponderando sobre a possibilidade de um banho sem roupa. Diante do momentâneo silencio, Louise perguntou, quebrando os devaneios da jovem:

— Já esteve nua alguma vez em sua vida, minha senhora?

A mais nova balançou a cabeça em negativa.

Não foi surpresa para Louise, pois sabia que poucos casados tinham o habito de tirar toda a roupa no ato sexual e a julgar pela devoção da duquesa ao catolicismo, era natural que seguisse à risca as ordenanças do clero.

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