O propósito maior do duque sobre daquele casamento sempre foi ter um herdeiro macho. Ele tinha empregados de sobra para cuidar de seu castelo e de qualquer necessidade que viesse a ter. Suas fantasias sexuais mais devassas eram saciadas com as prostitutas luxuosas que ele comprava e mandava entregar em seu castelo com toda discrição necessária e ao homem pouco importava as tradições que exaltavam o casamento, além de ter plena certeza que suas chances de ser o sucessor de sua prima de terceiro grau e rainha da Inglaterra, Maria I, serem nulas e por isso um casamento ser algo trivial para ele.
Contudo ele não podia deixar que suas riquezas fossem deixadas para qualquer um e seu nome caísse no esquecimento.
No primeiro ano de tentativas sem nenhum sucesso o duque teve certa paciência, considerando que sua esposa era muito jovem e ainda não tinha chegado a maturidade certa quando haviam se casado. Mas quando lhe fora anunciado sobre a menarca da menina, esvaiu dele toda compreensão e todas as noites que estava na cidade, o duque chamava a jovem esposa para seu quarto e lá a tomava até que suas forças acabassem.
Meses se passaram, anos e nenhuma criança vingou. As poucas gravidezes que conseguiu conceber foram abortadas, independente de todo o cuidado que a moça viesse a ter. Irado, o duque a espancava ao saber da notícia, ignorava seu resguardo e a violentava para puni-la e descontar sua frustração.
Louise ardia em fúria, mas não havia nada que pudesse fazer além de cuidar da Duquesa com unguentos que amenizariam a dor das feridas e hematomas em seu corpo; e jurando de pés juntos que não havia nenhum feitiço neles, apenas uma boa combinação de ervas medicinais. Estava quase certa que não havia nada de errado com a capacidade da Duquesa em engravidar, a culpa estava na vida miserável e atribulada da moça que a impedia de segurar um bebê em seu ventre, pois quando surgiam os sinais de gravidez, um novo medo lhe atormentava envolvendo o sexo da criança.
Harriet tentava de tudo. Fez promessas, votos, simpatias, pagou penitências, andava sempre com uma cruz na mão, as idas à igreja se tornaram mais recentes e gastava horas repetindo as rezas impostas pelo padre em fervente devoção. Quando sentia que concebera, ela se mantinha a maior parte do tempo na cama, Louise lhe trazia sua comida até o quarto e vivia a base de sopas leves e mingau, pois acreditava serem bons para segurar a gravidez.
Mas nem isso adiantou. Até quando ela pediu que a dama guardasse segredo quanto ao seu estado, acreditando que fosse olho gordo de alguém que a prejudicava, quando se despia para se banhar ela sentiu fortes dores em seu ventre e tão logo o sangue escorreu por suas pernas. Ela chorava e tremia em desespero, implorando para que Louise não contasse a ninguém que perdera mais um filho para que não apanhasse de seu marido, ao mesmo tempo em que perguntava aos prantos: por que Deus a punia tão severamente?
Por muito pouco a moça não se rendeu aos feitiços e poções que prometiam fertilidade e filhos do sexo masculino, oferecidos pelas mulheres profanas que viviam nos becos e ruelas da cidade que Louise dizia conhecer. Porém Harriet temia dar a luz a um filho amaldiçoado como rezavam as lendas sobre crianças oriundas de rituais pagãos e atrair mais desgraça para si.
A verdade é que Louise não acreditava em bruxarias da mesma maneira que não colocava fé nos rituais católicos que a duquesa seguia fervorosamente. Para Tomlinson eram dois lados de uma mesma moeda, coisas iguais faladas de um jeito diferente, mas que os resultados eram, para dizer o mínimo, questionáveis. No entanto a dama estava disposta a fazer qualquer coisa por sua Duquesa, era como se sentisse a dor dela em sua própria pele.
E o que já não ia bem, piorou quando o surto de uma gripe misteriosa veio a assolar os homens de Cambridge. Diariamente surgia uma nova noticia da morte de algum pai de família morto após ficar poucos dias de cama com febre, tosse e dores no corpo. Em tempos de revoluções e conflitos explodindo em toda Europa, a saúde masculina era deveras preciosa, pois eram eles os únicos capacitados para defender a nação; seria natural que tais mortes alarmassem toda a população.
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Ready to Run
FanficNa Inglaterra do século XVI, Harriet era apenas uma menina quando foi dada por seu pai em casamento para um duque britânico muito mais velho. A moça extremamente religiosa tem todas as suas crenças e costumes confrontados quando a audaciosa e atrevi...