Capítulo 22

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* Joseph na mídia

Nos dias seguintes   voltei com as meninas visitar as crianças, tinha esperança de encontrar aquela pessoa mas ele não estava lá, da última vez que fui Maria cochichou no meu ouvido que o tio Mi esteve ali outro dia e deixou um abraço para mim, fiquei muito feliz e falei para Maria que também estava deixando um abraço para ele.

Aproveitei a última quarta de folga a tarde para pesquisar algumas obras na biblioteca do campus. A biblioteca está silenciosa e vazia, os livros que eu quero estão  na última prateleira e não consigo alcançar, avistei a escada e arrastei até o local onde preciso subir, tenho um pouco de fobia de altura mas preciso desses livros então o jeito é subir. Subi vagarosamente sentindo minhas pernas tremerem, desde criança tenho esse medo bobo de qualquer altura,com uma mão me agarrei na escada e com outra puxei um dos livros, ao fazer isso provoquei uma verdadeira bagunça pois os demais livros despencaram em cima de mim, me desequilibrando e em segundos cai.

Fechei meus olhos para nem ver o impacto que meu corpo teria no piso, e assim de olhos fechados senti duas mãos me agarrarem e me segurar não permitindo que eu me espatifasse no piso. Abri meus olhos e o que vi foi uma visão dos céus,no sentido literário, um lindo par de olhos castanhos e o sorriso mais charmoso do universo. Ele acabou se desequilibrando e caindo entre os livros mas não me soltou, fiquei em uma posição sobre seu corpo, meus cabelos cobriram todo seu rosto e nossos rostos se encostaram, senti seu hálito quando ele falou comigo tão de perto.

—Se você é tão desastrada o quanto é bonita não quero nem pensar no que pode causar por aí.—sorriu um sorriso debochado e eu não conseguia me mover.

—Está tudo bem linda?—pediu afastando uma mecha dos meus cabelos do seu rosto.

—Há me desculpe, estou bem e você não está machucado? —falei preocupada sentando sair da posição em que estou sobre ele, mas foi em vão porque ele me segurou.

—Eu estou ótimo, quero ficar assim para sempre, não se preocupe tenho ossos fortes e você não pesa nada.—falou rindo.

Mas que cara encantador e debochado, afastei suas mãos de minhas costas e me levantei, ele permaneceu ali deitado me olhando, ofereci ajuda para o levantar e ele não recusou porém quando peguei em sua mão e o puxei ele fez uma careta  e soltou um gemido de dor, me  abaixei ao seu lado preocupada.

—Acho que meus ossos não são tão fortes assim, por favor linda me deixe ficar assim deitado minhas costelas estão doendo muito.—disse ficando pálido e desmaiando.

Eu me desesperei e corri até a porta pedindo socorro, o monitor veio rapidamente, lhe expliquei o que houve então ele foi até o rapaz ali estirado no piso, o chamou mas ele parece inerte, senti um aperto em meu peito me debrucei delicadamente em seu peito para ouvir se respira, fiquei mais aliviada quando escutei as batidas do seu coração. O monitor ligou para a emergência e em seguida já estavam ali para socorre-lo. O colocaram na maca então ele voltou em si abrindo os olhos, mas sentia muita dor, eu comecei a chorar pois a culpa foi toda minha, não devia ter escalado aquela escada enorme, ele percebendo meu desespero fez sinal para me aproximar.

—Fica calma linda, deve ser só um mau jeito nas minhas costelas, vou ficar bem... se você for comigo do meu lado.—falou ousado.

Incrível como ele consegue ser tão galanteador mesmo gemendo de dor, piscou para mim e pegou em minha mão, tive que parar de chorar e rir da situação e enfim fui junto na ambulância para o hospital. No caminho com os solavancos ele se queixou de dor, o enfermeiro lhe deu um calmante e fez uma brincadeira:

—Sua namorada lhe causou um estrago e tanto, suspeito que tenha fraturado alguma vértebra lombar rapaz.

Ia responder que não sou a namorada dele mas ele me cortou falando:

—Por essa beleza eu aceito ter todas as vértebras fraturadas.—disse isso me olhando intensamente.

Eu corei mais uma vez e agradeci quando o enfermeiro avisou que chegamos e que o levaria para fazer uns exames, pedi se podia acompanhar e ele permitiu. Rapidamente o levaram a sala de raio-x, fiquei no corredor aguardando nervosa, liguei para Elisa contando o que havia acontecido, omiti o detalhe que a minha vítima é assim tão lindo e encantador. Não demorou para saírem e me contar que realmente havia uma fratura entre a vértebra lombar 1 e lombar 2 mas que é estável, o que o médico explicou que não será necessário cirurgia para correção mas  precisaria ficar em observação e depois terá  alguns cuidados.

Segui até o quarto, o passaram da maca para a cama, aplicaram umas injeções e em seguida ficamos sozinhos, eu nem sei o que falar, ele me olha e parece ler meus pensamentos:

—Quem sabe podemos começar nos apresentando, sou Joseph mas prefiro ser chamado de Joe —falou tentando se ajeitar para ficar mais confortável na cama.

—Adélia, esse é o meu nome. Joseph por favor me desculpe pelo que causei, eu fui muito imprudente subindo naquela escada.—falei lhe suplicando mas também pensando como é que ele foi surgir ali justamente naquele momento.

—Não pense mais nisso, estou feliz pelo acontecido assim posso estar agora aqui contigo e podemos nos conhecer.—mais uma vez o sorriso encantador.

—Você é sempre assim galanteador com todas as meninas que conhece? —Perguntei já me arrependendo de ter feito a pergunta.

—Não, só com as meninas que acho extremamente interessantes e lindas de morrer como você.—respondeu como se nem estivesse num leito do hospital com uma vértebra fraturada.

—Eu nem sei o que falar, estou sem graça, quer que eu ligue para seus familiares. —havia esquecido desse detalhe, precisava avisar alguém.

—Não quero ninguém aqui, a não ser você, e além do mais não adiantaria avisar meus pais, eles moram em Campinas, e minha mãe é melhor nem saber pois é bem capaz de ter um ataque fulminante.

Da maneira como ele falou da mãe fique até com medo dela, imaginei que  deve ser super protetora e irá me odiar pelo que causei ao seu filho.Logo mais chegou um lanche e o enfermeiro trouxe mais remédios, aproveitei para ligar novamente para Elisa e avisar que eu passarei a noite aqui, o mínimo que posso fazer é ficar cuidando do meu acidentado, se não fosse ele ter amortecido minha queda seria eu que estaria ali com alguma costela quebrada, senti vergonha do meu pensamento egoísta, mas estou aliviada por estar bem, imagina fraturar qualquer osso do meu corpo aqui sozinha nessa cidade.

Nossa noite ali no hospital até que está sendo agradável, Joe além de galanteador é muito engraçado e divertido, não se queixou mais de dor também pudera tantos remédios que lhe injetaram, já é bem tarde e o sono começou a pesar em meus olhos, tentei me ajeitar na poltrona mas está difícil uma posição que fique confortável.

—Linda, não vais conseguir dormir aí, a cama aqui é bem grande, posso dividir contigo.—falou fazendo sinal para que eu deitasse ao seu lado.

—Imagina, eu me viro por aqui, nem te preocupe.—falei já fechando meus olhos e me aninhando na poltrona.

—Não seja teimosa, amanhã vai estar toda dolorida como se estivesse com as vértebras fraturadas, venha aqui, eu estou completamente inofensivo, amarrado nesse soro e nem consigo me movimentar direito—disse sorrindo.

Há porque ele sorri desse jeito, devia ser proibido sorrir assim, toda vez que o olho ele sorri e parece que já vi esse sorriso antes, continuou falando os motivos pelos quais eu deveria aceitar sua oferta, e não pude resistir em aceitar, me ajeitei com cuidado ao seu lado, ele riu e disse que eu podia chegar mais perto pois não estava com nenhuma doença contagiosa, pensei pra mim que mal sabe ele que o que contagia é esse lindo sorriso e olhos castanhos, me repreendi por meus pensamentos, Jesus me ajude, tenho que vigiar pois ultimamente tenho tido esses pensamentos, primeiro com o misterioso lá do hospital infantil, agora esse carinha abusado que me salvou de ter me esfolado ou até mesmo me quebrado toda naquele infeliz  acidente hoje a tarde na biblioteca.

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