Capítulo 30

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* Miguel e Adélia na mídia.

Antes de irmos a sorveteria passei em casa para por uma roupa mais confortavel e pegar minha bolsa, enquanto subi ele ficou no carro me esperando, aproveitei para dar uma conferida em meu celular e não havia nenhuma ligação nem mensagem de Joseph, de certa forma fiquei aliviada.
Miguel me levou a uma  sorveteria muito aconchegante, escolhemos nossos sabores e procuramos um lugar tranquilo para nos sentar .
Olho para esse homem sentado a minha frente e percebo que ele tem alguns traços marcantes em seu rosto, pequenas marcas de expressão que devem fazer parte da história dele, quem será ele? Como gostaria de conhecê-lo melhor, saber sua história, mas não posso ser indiscreta, quem sabe um dia nos tornamos amigos a ponto dele confiar em mim e me contar, por enquanto fico feliz de ter sua companhia.

A companhia de Miguel me transmite sossego e paz, quando estou perto dele sinto que estou em casa, não sei porque mas desde o primeiro dia no hospital senti essa paz, um homem como ele seria a pessoa certa para casar e ter uma família, mas com certeza não serei eu a sortuda talvez ele até já tenha alguém que ganhou essa sorte. Lembrei que no momento meu coração anda confuso com essa paixão por Joseph, soltei um suspiro bem profundo ao pensar nele, acho que profundo demais.

—Está tudo bem com você Déli?—Miguel perguntou me observando.

—Eu estou bem, só estava aqui a pensar em minha vida.—respondi sorrindo.

—Teus caminhos estão entregues ao Senhor, confie Nele e o mais Ele tudo fará por ti, só vigie e não confie muito em certas pessoas.

—Amém, eu tomo posse.—respondi abrindo a mão e literalmente agarrando o que ele me falou.

Não entendi quando ele se referiu  a não confiar muito em certas pessoas, não sei se ele está falando de Joe ou talvez só seja um conselho, fiquei em dúvida mas não acho prudente perguntar.Nosso sorvete foi servido e está uma delícia, escolhi o de castanha e Miguel escolheu menta com chocolate, fiquei tentada a provar o dele, e como se lesse meus pensamentos ele me ofereceu o dele para provar, eu aceitei então ele encheu sua colher e trouxe até minha boca como se estivesse servindo uma criança, aproveitou para lambuzar a ponta do meu nariz, fiz o mesmo com ele, o obriguei a provar o meu e lambuzei não só seu nariz como também seu rosto, muito divertido essa brincadeira, parecemos duas crianças rindo e bagunçando.

Nossa brincadeira foi interrompida por alguém batendo palmas atrás de nós:

—Que cena romântica estou presenciando aqui, muito lindo o casal se divertindo, então foi por isso que me dispensou essa noite Adélia? Foi para sair com o professor.

Gelei quando vejo ao nosso lado Joseph batendo palmas e com seu olhar carregado de raiva, ele se aproximou um pouco mais e agarrou meu braço o apertando, senti cheiro de bebida alcoólica, soltei um gemido  quando ele me apertou mais forte, Miguel rapidamente se levantou o puxando de perto de mim e se colocando a minha frente.

—Joseph não ouse encostar novamente nela e controle suas palavras.

Muito rápido Joseph se aproximou e com sua mão direita socou o rosto de Miguel, estou apavorada, não sei o que fazer.

—Fique você longe dela, ela é minha, não venha com esse seu lado de bom samaritano tentar tirar ela de mim como costuma tirar tudo o que é meu, até mesmo a admiração que meu pai tinha por mim e o meu lugar na empresa. —gritou Joseph.

—Eu não estou tirando nada de você, e nunca tirei. A admiração de nosso pai foi você que perdeu com suas atitudes de moleque, e o seu lugar na empresa está lá a tua espera, mas pra ter de volta só vai depender de tornar-se um homem responsável.

—Eu odeio você, sempre cruzando minha vida e fazendo com que meu pai nos compare e queira que a minha vida seja como a tua, eu não quero ser como você. 

Joseph ergueu mais uma vez seu braço em direção ao rosto de Miguel mas o mesmo agarrou seu punho e o colocou sentado a sua frente, eu estou pasma com tudo isso, então eles são irmãos. Mas é claro como não desconfiei, a semelhança do sorriso que percebi no primeiro dia de aula, eles tem praticamente o mesmo jeito ao sorrir, no mais são muito diferentes .Assim como sentou Joe rapidamente se levantou empurrando Miguel e voltando a me puxar pelo braço.

—Linda venha comigo, vou te levar para casa, isso é uma ordem, venha comigo!

—Joseph pare com isso ela não vai a lugar nenhum com você nesse estado, eu não serei louco de deixar, e nem você vai sair dirigindo por aí bêbado, pode me passar a chave do seu carro.—Miguel o repreendeu com certa autoridade.

—Você não é meu pai, é um irmão que eu não queria ter, um bastardo e não manda na minha vida, ela vai comigo sim, venha Linda vamos.

Eu que já estou apavorada, fiquei mais ainda na situação que me encontro, Joe agarrado em meu braço me puxando e Miguel tentando o parar.

—Por favor me largue Joe, está me machucando. —falei sentindo meu braço arder pela pressão dos seus dedos.

Num impulso Miguel também socou a cara do irmão fazendo ele cair para trás, outras pessoas que estavam na sorveteria levantaram para separar os dois mas Miguel mais equilibrado falou à todos que está tudo bem e que já haviam terminado a discussão, Joe se levantou ainda muito enfurecido mas um de seus amigos que surgiu ali de repente  o segurou.

—Você está bem Déli? Venha vou te levar para casa.—falou Miguel virando-se para mim preocupado com as marcas dos dedos de Joe em meu braço, antes de sairmos ele tirou a chave do carro de seu irmão e pediu que seu amigo o fizesse ficar ali, logo voltaria para buscá-lo e o levaria para casa.

Entramos no carro, e ele muito pacientemente ligou o som para descontrair, manobrou o carro vagarosamente e de vez em quando me olha com certa preocupação.

—Déli, meu irmão não é boa companhia para você, fique longe dele, não estou lhe falando isso pelos motivos que ele disse,não quero tirar você dele, estou te falando porque te respeito, és uma moça cristã e sei que tens Deus em sua vida, não se perca por causa dele.

Senti meus olhos se encherem, virei para o lado para disfarçar e tentar conter minhas lágrimas mas não consegui segurar, elas escorreram feito uma cascata pelo meu rosto, junto com elas um pranto por tudo o que vivenciei nessa noite, por não saber o que pensar. Num momento estava lá me divertindo com um cara legal e de repente chega o cara por quem estou apaixonada e estraga tudo, sinto pena dele, eu sei que ele não é a pessoa certa mas mesmo assim eu quero ele perto de mim. Miguel parou o carro no acostamento e vendo o meu estado se aproximou me abraçando e deitando minha cabeça em seu ombro.

—Calma, não fique apavorada, talvez eu tenha usado palavras muito duras, Joseph é um moleque bom, só ainda não amadureceu, tem seus momentos de irresponsabilidade mas creio que um dia ele vai mudar. E você é especial,  oque quis dizer é que Deus com certeza tem preparado alguém que mereça  seu amor, mas tudo tem o seu tempo determinado.

Senti minhas lágrimas diminuírem, ainda fiquei ali encostada em seu peito sentindo sua respiração e as batidas de seu coração que as vezes parecia disparar mas logo voltava ao normal, quando eu consegui me acalmar voltei ao meu assento e ele ligou o carro prosseguindo até meu apartamento. Esperou que eu subisse e só depois foi embora, entrei em casa e me joguei no sofá, Elisa não está  e com certeza vai dormir na casa de Vivi. Tirei meus calçados e me deitei no sofá mesmo, não estou com sono e não quero ir para meu quarto, preciso pensar em tudo o que aconteceu, muitas coisas para um dia só, primeiro o fato de descobrir que Joe e Miguel são irmãos, e pelo que pude perceber Joseph não gosta muito do irmão mais velho, até o chamou de bastardo, muito estranha essa relação deles, mas quem sou eu para julgá-los, em segundo lugar não sei como fico com Joe sabendo um pouco mais dele, me decepcionei muito em ver ele naquele estado bêbado e agressivo.


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