Capítulo II

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Sim, a vida se resume a tiro, porrada e bomba.

Dito e feito. Quando chego perto de Slender ele logo avança com o próximo ataque de seus tentáculos, procuro desviar de todos e quando um quase me pega decido tirar o canivete que sempre levo no cordão e corto um dos tentáculos dele. Um líquido repugnante e escuro começa a escorrer dele que me parece estar bem zangado agora.
Fudeu. E fudeu com força.
Corro em volta dele que me segue encravando os tentáculos no chão, um atrás do outro na tentativa de me pegar. "Olha o prejuízo" penso e começo a rir comigo mesma. Quando percebo que um dos tentáculos está enterrado no alto, em uma das colunas, pulo nele e me balanço rapidamente conseguindo ganhar impulso para chutar com tudo no rosto dele que estava virado em minha direção. Paro no pé da escada, corro em direção a ele, circundo seu corpo, arranco a minha lâmina da sua mão e pulo em um dos seus tentáculos dando um mortal para trás e parando no corrimão da escada. Levanto a kunai em frente ao meu rosto " Perdeu filho da puta!" Penso mas o que falo é um pouco diferente.
- Peguei, idiota!
Percebo que falei demais então desço do corrimão da escada e noto que o tentáculo e o negócio nojento do Slenderman já não estão mas lá e nem mesmo os buracos que ele fez no chão. "Que porra!"
- Não foi como das outras vezes, não é? Que você me venceu. Que quem acabava sangrando ou no chão era eu.
Ele apenas balança a cabeça afirmando e some.
- Você tá pedindo pra morrer!
- Cala a boca, Nina! Vai cuidar da sua vida ou será que nem isso consegue fazer? - Rebato.
- Pega leve, você acabou de enfrentar o Slenderman! E eu tenho certeza que ele não sairia sem te deixar machucada. Não é?
- Não enche! Deixa que disso cuido eu.
É verdade, o Slender nunca luta para sair de mãos vazias. Ou tentáculos, sei lá. Os outros creepers voltam ao que estavam fazendo e eu subo as escadas e corro em direção ao meu quarto. Largo a kunai na cômoda da cama e corro para o banheiro. Estou começando a me sentir desnorteada e ao tirar a camisa percebo que já perdi bastante sangue. Toco o ferimento para verificar o quão profundo está e o local que se encontra. É possível costurar e está como um corte na nuca.
- Filho da puta! Arrombado do caralho!
Prendo meu cabelo em um coque e pego o quite de primeiros socorros que guardo debaixo da pia, tiro agulha-anzol, gaze, álcool e analgésicos. Lavo as mãos, esterelizo a agulha e a preparo com o fio metálico. Lavo o ferimento com álcool e puta que pariiiuuu!!!
- PORRA!
E começo a costurar. O meu banheiro já é equipado para incidentes como este tanto que tenho espelhos por toda parte para ver meu corpo de todos os ângulos. Se não aprendesse a cuidar de mim não teria sobrevivido nem ao primeiro dia, quando Slenderman me deixou inconsciente por quase uma semana, só para saber se eu sobreviveria a metade do que ía passar todos os dias na Mansão. E surpresa! Sobrevivi e gostei de como as coisas funcionam. E estou aqui até hoje.
Terminando de costurar, arrumo e limpo tudo, tomo um banho, me troco e tomo os analgésicos. Pego a kunai e deito na minha cama, começando a sentir o efeito dos remédios.
- Eu ganhei do Slenderman! - murmuro baixinho e acabo fechando os olhos lentamente.

Ao acordar, pego a kunai que estava apoiada sobre o meu peito e coloco sobre a cômoda. "Vejo meu prêmio depois. O que importa agora é que estou com fome!" Olho no relógio de parede e são seis horas da tarde. " Tá aí o motivo dessa fome do cão! Eu dormi pra caralho." Saio do quarto e desço as escadas em direção à cozinha.
- Tem elevador, sabia?
"Chegou a praga dos infernos!"
- E eu tenho pernas perfeitas, sabia? E sinto o maior prazer em usá-las, principalmente se for chutando a sua cara, NI-NA! - Pronuncio seu nome lentamente e continuo andando rumo ao paraíso sem esperar um contra-ataque dela.
O meu paraíso é enorme e tem de tudo. Esse lugar deve ter umas três cozinhas dessa, é quase uma "Universidade de assassinos". Se todo mundo soubesse como um creepypasta come, viriam todos de uma vez. Começo a preparar um lanche estilo "de tudo um pouco" e vou até a sala devorá-lo. Apoio os pés em cima da mesinha de centro e percebo a bosta que fiz. O maldito controle tá na estante.
- MEEEEEEEEEEERDAAAAAAAA! - Grito angustiada.
Alguém tampa a minha boca com as mãos e eu instintivamente a mordo.
- Que idiotice, dá pra parar de gritar?
"Inferno!" Penso e me viro para ver quem é o condenado. Ticci Toby. Tá, até que eu acho ele bacana o jeito dele bate com o jeito de um garoto mais jovem que eu entrevistava no tempo da faculdade.
- Tá olhando o quê? - Pergunto enquanto levanto para pegar o controle da TV e volto para o sofá.
- Você gritou.
- É verdade. Foi mal pelo incômodo, Toby.
- Não incomodou. - Em um movimento rápido ele pula por cima do sofá e senta ao meu lado. - O Slenderman vai querer dar o troco.
- Você acha? - Pergunto enquanto viro e mostro o corte recém costurado na nuca.
- Isso tá feio.
- Você já viu coisa pior, por exemplo, quando se olha no espelho... Além disso, é só mais uma para a minha coleção.- Falo e levanto a manga da blusa logo em seguida, mostrando as outras cicatrizes e costuras que tenho ao redor dos cotovelos e circundando o pulso. Ele mostra uma breve expressão de surpreso mas logo passa.
Ficamos conversando e comendo durante um tempo até que eu decido levantar para tomar um banho.
- Nós vamos fazer algo mais tarde? - Pergunto não me recordando de nenhum compromisso.
- Nada aqui é planejado. Principalmente agora que Slenderman chegou.
Afirmo com a cabeça e subo para o meu quarto. Tomo um banho e me troco. Uma saia preta que eu mesma personalisei com correntes na parte de dentro e na parte de fora, que uso para engatar as minhas lâminas, e uma blusinha acompanhada de um moletom cor de vinho. Ao olhar no espelho, passo o dedo suavemente sobre as cicatrizes no rosto, pescoço e ombro -  na verdade, por todo o meu corpo - costuradas por mim mesma; no canto direito do olho e da boca cicatrizes costuradas e evidentes, se assemelhando a uma boneca de pano remendada. Cabelos soltos, parecem pertencer a escuridão da noite e olhos que combinam com a luz cinza da lua. E por último mas não menos importante, acessórios. "Hora de tirar os meus bebês do armário!" Abro um pequeno e sádico sorriso ao apreciar as lâminas que eu mesma forjo.

Ao descer as escadas percebo a gang de fudidos fazendo uma pequena reunião da qual eu não fui convidada.

Uma Nova Creepypasta (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora