Capítulo VIII

109 11 0
                                    

O homem se vê em uma situação desesperadora e percebe que não há saída. Apenas aceitar o que o destino já lhe impôs: Uma morte prazerosa e impiedosa.
Sua assassina insaciável finalmente pára de depositar as facadas em seu corpo sem vida, agora, trucidado de maneira cruel e horrenda. Uma visão majestosa para sua artista psicopata, que fica admirando sentada em seu corpo inerte, a imagem de um rosto massacrado; um homem morto.
- Nos vemos no inferno, princesa!
Somente quando para percebe o quanto está fadigada devido aos acontecimentos, o chão agora coberto por uma poça enorme de sangue rubro, se torna seu local de descanso. Seu corpo coberto por um sangue que não é seu, uma vida que não é sua, mas que foi tirada pelas sua próprias mãos. Não sente remorso, sente orgulho. Orgulho, de ser uma assassina tanto temida quanto amada.
Tateia o próprio ao lembrar de seu pequeno tempo de prazer com aquele homem cujo nome não sabe, e nunca saberá. E pensa vagamente que ele agora, ao lado de seus anjos da morte, pode estar tendo os mesmos pensamentos;
"Uma pena... Ele seria o meu brinquedinho." Pensa angustiada com tamanha perda.

Decide levantar-se do chão, o sangue escorre pelo seu corpo escultural, de uma assassina impiedosa. O sol está nascendo, os pequenos raios solares começam a invadir a casa lentamente, iluminando e refletindo as gotas de sangue que caem majestosamente de seus dedos sadomasoquistas. Chega a conclusão de que está na hora de retirar-se dali, e sem se preocupar com suas roupas abandonadas, seus instrumentos mortíferos deixados para trás e seu corpo completamente nu, porém, coberto por sangue fresco, deixa a mansão da morte. O dia se mostra agradável e receptivo, Bug adentra novamente na floresta.
Um casal que por puro acaso passava por ali em busca de um local para "se divertir", paralisa ao ver a imagem de uma mulher completamente nua e ensanguentada, entrando numa floresta cujo coração é negro mesmo de dia e inabitado. Ou é o que todos pensam.
E juram nunca mais voltar àquele local pois afirmam ter visto a própria personificação do diabo em busca de saciar sua fome. Agradecem à Deus por não terem sido vistos por aquele ser demoníaco. A floresta era o lar da besta ensanguentada.

Abrindo as portas da Mansão Creepypasta, ela é recebida pela própria personificação da besta - do seu ponto de vista: Slenderman. "O que ele quer agora?" Ela capta um calafrio em sua espinha quando sente o "olhar" profundo de Slenderman, mas mesmo assim não se mostra indefesa ou assustada. O observara desde sua chegada à Mansão e como a renomada psicóloga que era, sabe sobre suas manias de maníaco. Observa seu jeito de agir a todo o instante que pode, e quando não pode, ela decide encaixar as peças. E o que ele usa constantemente como arma é o medo, ao seu favor, como se se alimentasse disso. O que a deixa incrédula, pois odeia temer. Ao perceber que ele não esboça nenhuma reação, ela decide interagir e abre um pequeno sorriso.
- O que foi? Hum, eu estou atrasada...?

Só então percebe que a Mansão em si, está muito calma. O barulho constante dos outros já não estava mais ali e nem sequer o vento soprava naquele momento.
- Onde estão os outros?- Pergunta olhando ao redor.
Slenderman apenas estende um de seus tentáculos negros em direção à BugBear, oferecendo-lhe uma xícara de porcelana com café, ao pegar a xícara Slenderan a encara e dá um pequeno aceno de cabeça, como se dissesse "siga-me". Ela segura um de seus tentáculo estendidos a ela, desconfiada e ele começa a conduzi-la para um dos corredores da Mansão - que por sinal, lhe era desconhecida aquela passagem. Por um segundo, sua visão embaça e ela sente uma breve tontura. "De novo isso?!"
E quando menos percebe, já não está mais despida e muito menos ensanguentada. Está vestida com um vestido branco e delicado, de alças e com um aperto na cintura. Seu cabelo penteado graciosamente. Se não estivesse sentindo o tentáculo de Slender poderia jurar que era tudo uma alucinação de sua mente irrequieta. Ao fim do corredor, uma luz ofuscante começa a se formar, ela larga a xícara mas não ouve o barulho de seu impacto com o chão e  ambos caminham em direção a luz.

A imagem que se forma à sua frente, com a luz dimuindo gradativamente, é inacreditável. E, incrivelmente, surreal.
O dia acabara de amanhecer mas este lugar era repleto de escuridão, apenas. Com pequenos flashes e reflexos de uma alvorada avermelhada no que acreditava ser o "céu" daquele lugar infernal. A vista de cima revela montanhas e pedregulhos ameaçadores formando  estruturas e pirâmides macabras.
Slenderman continua a caminhar mas percebe que sua subordinada está paralisada. "Não pode ser!" Pensa ela, ainda não acreditando nos seus próprios olhos. O chão sob seus pés descalços é áspero e frio, assim como o clima denso. O vento que beija seu rosto e agita seus cabelos é, quase que, agradável. Contradizendo a aparência macabra da paisagem. Adicionando um pressentimento maligno.

Slenderman a puxa para que continuem a caminhar, e conforme andam o chão se torna uma descida e a neblina intensifica. Árvores começam a se revelar em pinheiros colossais. E algo chama a atenção de Bug, uma menina. Vestida igual a ela.
A diferença é que a garota de aparentes nove anos de idade, se mostra desacordada e pairando no ar como um balão abandonado. A névoa começa a se dissipar conforme caminham entre os pinheiros e logo, aparecem mais balões ambulantes; não só meninas, mas meninos também. Garotos e garotas. Crianças. Ao sairem dentre os pinheiros caminham vagamente e sem pressa por um caminho aberto. E ainda cheio de crianças de todas as idades, flutuando ao redor. Uma sensação fria lhe invade. E agora, Bug tem no olhar, a curiosidade daquelas crianças.

Dentre a névoa, os pinheiros e as montanhas rochosas que há no horizonte, sai uma criança que caminha em direção a Slenderman e BugBear. Uma linda garotinha de vestimentas iguais as outras e cabelos dourados e ondulados, acompanhado de uma franja que quase cobre os olhos. Seus olhos; negros como a noite. E como a sua alma, também. " Os olhos são o espelho da alma, não é? " Se é que ela ainda tinha uma. Ela para em frente a Slenderman que se agacha e toca em sua testa, de maneira suave. Ela sorri.
O olhar da garota é desviado para BugBear que sente um tremendo vazio nos olhos daquela criança peculiar.
- Seja bem-vinda ao nosso mundo. - a garotinha fala em uníssono. Com duas vozes, em uma só garganta. - Siga-me.
A garota ordena a BugBear e Slenderman solta a sua mão. E por incrível que ache, Bug sentiu-se insegura ao soltar-se de Slenderman. Então, a garotinha seguiu em frente, sendo seguida por Bug que percebeu Slenderman a uma distância razoável das duas. Mas ainda as seguindo. Respirou aliviada. "O que está dando em mim?"
Apesar de sentir um grande e profundo ódio por Slender - devido ao seu jeito controlador e persuasivo - Bug o vê como uma figura familiar, já que Ele sempre está presente no seu cotidiano; e esse lugar, essa dimensão incomum, lhe é um lugar novo e estranho. A única coisa que ainda a faz diferenciar o real do imaginario, é Slender - fazendo-a manter a sua "sanidade". Já que sua mente agora está solta a qualquer coisa, pois não está mais na Terra, não está na Mansão Creepypasta. Está entre a vida e a morte. Só o que lhe prende ao controle mental e físico, é Ele. O maldito Homem Sem Face!

Uma Nova Creepypasta (PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora