A Dimensão de Slenderman.
As duas caminham lado a lado, indo em direção ao nevoeiro denso. Bug sente-se um pouco angustiada ao observar essas crianças flutuantes, tão vulneráveis.
- Não olhe muito para elas... - diz a garotinha com os olhos fixos a sua frente e voz doce. - Estão perdidas em pesadelos. Sem alma e sentimentos, ambos sugados pelo Mestre.
Bug se vê inundada de perguntas. Sua cabeça se torna uma zona e a garotinha apenas a encara sorrindo.
- Não se preocupe. Tudo será respondido no tempo certo. Afinal, somos iguais agora, não é?
Ainda mais perguntas. "Como assim 'somos iguais'? E por que você não flutua igual as outras? Droga!"Ao olhar para trás percebe que Slenderman ainda as acompanha. A garotinha começa a dar pequenos pulinhos enquanto caminha e se olharmos apenas para essa imagem: de uma garotinha de fios de ouro, pulando enquanto anda. É tudo aparentemente, normal. Uma pequena ilusão. Ela ainda, em algum momento, teve de se abaixar um pouco pois uma das crianças, uma garotinha de cabelos negros, flutuou em sua direção. A garotinha finalmente pára e ao levantar o olhar, Bug percebe um grupo de outras crianças, garotinhas com as mesmas vestimentas e garotos com roupas claras.
Estão em um circulo de mais ou menos 15 crianças, e estão de mãos dadas, citando palavras incompreensíveis. Ao perceberem a presença da garotinha de fios dourados, logo soltam as mãos e se dissipam do círculo.
A garota olha para Slenderman e abre um pequeno sorriso.
- Ele disse que está contente. E que estamos fazendo um excelente trabalho... - ela sorri. - Você pode chamar esse lugar do que quiser, a partir de agora será seu lar. Tendo que cumprir algumas tarefas no seu cotidiano, é claro. Caso contrário, será punida da maneira mais horrenda que pode imaginar.
- O que é esse lugar? - Finalmente consegue fôlego para perguntar algo.
- Isso é a casa Dele. É a nossa casa. Somos uma família...!
- Não foi o que perguntei, exatamente. - protesta impaciente. - E como você... O entende?
- Ele conversa com todos nós. Você vai passar a ouvi-lo também. Quando estiver pronta. Junte-se a nós!
Bug hesita por um instante, pensando que tão cedo não vai querer Slenderman na sua mente, e logo, decide agir de uma vez.
A garotinha chama e corre em direção as outras crianças. Ao aproximar-se Bug percebe que os olhos de todas são negros. E voltam a dar as mãos, desta vez, convidando Bug a entrar na roda.
- Nós cultuamos a Slender... - uma das crianças fala.
- Fazemos as suas vontades... - Outra.
- Brincamos por ele...
- Nós pertencemos a ele...
- E agora...
- Você também! - Todas falam em uníssono.
Ao ouvir essas palavras Bug se vê em uma situação misteriosa mas nunca teve medo de enfrentar o desconhecido. " Já estou aqui mesmo." Logo, dá as mãos para as crianças, completando o círculo. E percebe que as mãos das crianças são lívidas quase roxas, e geladas como uma pedra de gelo.
- Você deve se entregar a ele... - Começam a falar novamente.
- Servi-lo...
- E principalmente, agrada-lo...
- Caso contrário, você será punida...
- E pagará com a sua alma!
- Deve adora-lo como ser supremo...
- Agora, ele é o seu Deus...!
- Ele é o seu Deus! Ele é o seu Deus! Ele é o seu Deus! Ele é o seu Deus! Ele é o seu Deus! Ele é o seu Deus!
Todas começam a gritar simultaneamente, o que faz com que Bug se veja em uma situação pertubadora; tenta a todo custo tampar os seus ouvidos mas não consegue pois as suas mãos estão sendo seguradas fortemente pelas crianças. Sente que os próprios tímpanos irão estourar a qualquer momento e a última coisa que vê antes de apagar completamente, é Slenderman.Tudo o que se passa em sua mente, ao acordar, são os olhos mórbidos das crianças. Percebe que está deitada em uma superfície úmida e áspera. Se encontra agora em uma espécie de caverna áspera, na tentativa de sair acaba escorregando e ganhando grandes arranhões na perna. "Porra, cara!" Mas mesmo assim consegue sair deixando seu vestido com pequenas manchas de sangue. Um garoto aparece na sua frente, sem saber de onde saiu Bug fica confusa e ainda um pouco tonta.
- Por que eu estou aqui? Por que ele me trouxe aqui? - Pergunta.
A criança a encara profundamente e lhe estende a mão para ajuda-la a estabilizar-se. Começam uma caminhada lenta em uma direção não comentada. Bug a todo o instante sente a mão gélida do garoto.
- O Slenderman, nos captura por que somos a essência de seu ser. Ele nos tem como fonte de alimentação e para isso nos cultiva. - O menino fala sem expressar uma emoção sequer. E continua
- Você está aqui por que se mostrou útil para ele.
- Onde é "aqui", exatamente?- Pergunta novamente, esperando por uma resposta plausível.
- Esse lugar não tem um nome. Mas há algumas opções como: Dimensão Fantasma. Dimensão de Slenderman. Mundo Paralelo. Dimensão Paralela. A questão é que não estamos no mundo dos humanos e nem em qualquer outro mundo, estamos em uma dimensão entre a vida e a morte. O real e o surreal. A realidade e a ficção. Estamos entre a maior loucura que qualquer um nem sequer sonharia imaginar. Nós praticamente não existimos, a partir daqui nos tornamos lendas...Bug ainda sente-se muito confusa. E desejando arduamente, um café. Reune toda a paciência que pode, reorganiza seus pensamentos e tenta, com muito esforço, fazer uma pergunta de cada vez.
- Do que esse verme se alimenta?
O garoto a encara assustado.
- Shhhh! - Leva o indicador até os lábios rapidamente. - Não deve faltar com o respeito quando for se referir a Ele! - Fala quase sussurrando. - Ele ouve tudo e vê tudo!
- Vocês são muito medrosos. E... - Começa a gargalhar freneticamente.
- Do que você está rindo?- O garoto pergunta curioso.
- Você não aprende mesmo, não é? - E começa a rir novamente - Pow, como é que ele "vê tudo"?? Enfim, não foi essa curiosidade que te matou? - Fala apontando em seu rosto, e logo começa a rir novamente com a expressão de quase assustado do garoto.
- Eu não contei isso a você.
- Não contou. Mas eu venho lendo você desde que nos encontramos, e voilá!
- Ele falou que você tem talentos...
- Ele falou é? Então, eu estava rindo do que você falou: "ele 'vê' tudo e 'ouve' tudo." Logo, na minha cabeça veio o fato dele não ter olhos e nem ouvido! - Ao terminar de falar, Bug até tenta, mas não consegue segurar uma risada escandalosa.
- Sinceramente, o que me espanta é o fato de você ainda estar viva! - o garoto comenta.
Bug finalmente dá fim a sua crise de risos e continua
- Enfim, responda logo a primeira pergunta!
O menino respira profundamente e continua
- De emoções. Ele se alimenta de emoções.
- Explique.
- Tanto positivas, sendo essas: alegria, felicidade, ansiedade, coragem. Quanto negativas como: tristeza, raiva, ciúmes, ódio. Ele pode sobreviver com ambos os gêneros mas Ele prefere as emoções negativas.
- Por que?
- Porque são mais fáceis de manipular. Sem contar, que quando são alimentadas e aprofundadas, se tornam irreversíveis. Você é uma prova disso. Conhecemos você, sabemos que um dia alimentou tanto ódio que matou a única pessoa que amava e que realmente se importava, e agora está aqui conosco.
Bug sentiu uma certa invasão na sua privacidade mas decidiu ignorar o máximo possível. E fingir não se importar.
- Isso não vem ao caso... O que aconteceu com elas? - aponta para as crianças que estão flutuando. O garoto olha para o horizonte, como se estivesse recordando-se de algo.
- Há várias histórias. Uma para cada criança. Algumas cometeram suicídio mas foram encontradas por Slender antes de morrerem. Outras, o invocaram e não tiveram sorte...
"O que diabos essas crianças tem na cabeça, hein?! É droga, é?" Pensa Bug, quase rindo consigo mesma.
- E algumas, simplesmente foram escolhidas por Ele, por que estava com fome.
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Uma Nova Creepypasta (PAUSADO)
ParanormalUma nova creepypasta... Uma nova História... ("NOS VEMOS NO INFERNO, PRINCESA!")