Cap. 1 Pura sorte

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Era uma noite de terça-feira, ainda estávamos na estrada. Nós não podíamos parar, era arriscado demais. Mas era disso que estávamos precisando: uma pausa, um pequeno intervalo de tudo.

- Vamos parar aqui. - disse Jonathan, que já havia estacionado o carro em frente á um bar na estrada, onde um letreiro piscava no teto.

- Jonathan nós não podemos parar, é perigoso demais, alguém pode nos reconhecer!

- Precisamos, só por um instante. Eu estou dirigindo há horas, e quase fomos mortos hoje.

- Tudo bem, vamos parar. Mas é só por alguns minutos!

Eu desci do carro e logo em seguida minha irmã também. Ainda do lado de fora, nós ouvíamos ao longe um fundo sonoro muitíssimo bom. Caminhei com Trice em direção a porta e adentramos o local. Tocava Lucille do incrível John the Conquer, lá dentro a música estava um pouco mais alta, me fazendo relaxar.

Observei a parede descascando a tinta marrom já desbotada, as mesas quadradas de madeira estavam com rachaduras, provavelmente eram marcas de brigas, e o teto com um pouco de teia de aranha. O chão não parecia estar limpo devido ao fato do entra e sai frequente de motoristas. Havia uma sinuca em um canto do bar, que no momento não tinha ninguém usando. Pude enxergar algumas manchas vermelhas no forro, parecia ser ketchup. O lugar estava realmente imundo.

Beatrice se sentou em um lugar mais distante das pessoas, era preciso evitar olhares. Mas acho que isso só os trouxe para nós. A mulher atrás do balcão, provavelmente a dona do lugar, encarou minha irmã como se a conhecesse, o que para a minha não surpresa, me preocupou e voltei a ficar tenso de novo.

- Não repare e nem olhe nos olhos de ninguém! - cochichou Jonathan para a sua irmã após se sentar.

- Ok.

A jovem moça pegou um cardápio velho e amassado que estava em cima da mesa e começou a lê-lo. Sorriu para Jonathan que estava de frente para ela.

- O que vamos pedir? - perguntou ele quando viu o seu sorriso.

- Eu com certeza não quero nada de que seja de comer. - disse após dar uma breve olhada na chapa de preparar hambúrgueres que estava a poucos metros de nós.

- Bom, nem eu.

- O que vocês vão querer? - aproximou-se de nós a mulher que a minutos atrás estava atrás do balcão.

Não tinha reparado antes mas ela tinha uma nojenta verruga no meio das sobrancelhas o que me deixou um pouco enjoado. Após olhá-la rapidamente, pedi apenas uma limonada para mim e minha irmã. A mulher se virou e foi buscar o que pedimos.

Eu havia me sentado de costas para a entrada, mas pelo reflexo de uma janela pude ver dois caras de preto passando pela porta. Foi só aí que percebi que a vadia da dona do bar tinha ligado para a polícia assim que chegamos. Ela com certeza decorou o número da placa e o da recompensa. Respirei fundo e olhei para Beatrice.

- Você estava correta sobre pararmos. Agora, no banheiro tem uma janelinha perto do terceiro sanitário. Você vai subir em cima do vazo, passar por ela, ir até o nosso carro e disparar o alarme. Depois você vai roubar outro veículo e me esperar bem embaixo dessa janela onde estamos sentados e, se eu demorar, você some daqui. Agora se levante, ria de alguma coisa que eu disse e faz o que eu te falei. - falou baixo de modo que ninguém além dela o escutasse.

A menina um pouco nervosa, fez o que o irmão ordenou. Sorriu e caminhou até o banheiro, escalou a estreita janelinha e caiu do lado de fora. Correu até o carro que eles estavam usando e quebrou a janela, fazendo então que o alarme soasse por todo o lugar.

Alguém como euOnde histórias criam vida. Descubra agora