De forma alguma pensei um dia compreende-la,
De jeito nenhum acreditei que aceitaria o sorriso em suas lágrimas,
Não havia verdade em estar morrendo, nem motivo para se sorrir;
Não havia melodia, em estar cantarolando a última música que lhe apresentei,
Eu só enxergava loucura, e dor através das minhas próprias lágrimas, todas vãs.
A forma com que seus lábios entre abriam, para falar algo, para mudar uma circunstância,
Mas em seguida se fechavam, para apenas o murmúrio daquela antiga música de ninar;
Hoje, porém compreendo, vejo as mesmas imagens, mas da minha forma vividas
Lembro-me de mamãe cantando, me ensinando, mas também morrendo;
Me pego murmurando a música que ouvi ontem no rádio,
Não sinto dor, só amor, só cor, só primor, de ter vivido tantas coisas,
Não sou eu quem invoca estas lembranças neste leito, é a vida,
Ela quem passa ante meus olhos, como forma de despedida,
Trazendo-me de volta a realidade,
Mostrando-me que estou morrendo na verdade,
O badalar do meu coração, parando a cada refrão,
Minha alma está se esvaindo,
O desespero me atingindo,
Pronto, tudo acabou,
Só sobraram lembranças, foi tudo o que ficou.
Camila J.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Devaneios
PoetrySão textos novos&antigos, super aleatórios, que eu geralmente escrevo após ler, ver ou sentir algo. São minhas respostas a questões apenas jogadas no ar, mas nunca pronunciadas. Vamos chamar de diário então!