Santorini - Fugir ou Ficar?

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Duas jovens caminhavam inocentemente pela orla da praia, era rotina que elas faziam no último dia de aula, era como renovavam a energia para o ano que se iniciaria em poucas semanas. Ana Vitoria e Catarina se conheceram no dia em que aprenderam a escrever o próprio nome e como não podia ser diferente se tornaram amigas inseparáveis. Mas o destino dava presentes na mesma medida em que lhe tirava, e foi isso que ele fez com essas jovens. Em primeiro lugar ele deu uma ao outra para que se tonassem amigas, para que estivessem lado a lado quando a outra necessitava e agora estava prestes a separa-las definitivamente.

Ana Vitoria era uma menina alegre, feliz e simpática o estereótipo de garota perfeita, a romântica dos filmes e livros de romances, fruto de uma promessa, ela veio para salvar o casamento dos pais que estava em crise e já haviam desistido de ter filhos, pois parecia impossível, porem Ana Vitoria estava para comprovar que eram férteis, mas a menina também provava que um filho não conseguiria salvar um casamento em crise, já que 15 anos depois ele continuava a beira do abismo. Com um sonho de ser professora infantil, ela carrega o peso da promessa da mãe que se tivesse uma filha a tornaria uma freira e se fosse um filho o mesmo seria um padre. Como poderia a mesma fugir de uma promessa quando era a filha perfeita?

Catarina era totalmente oposto, tinha o espírito para comandar, todos obedeciam suas ordens, bonita, rica e extremamente confiante era uma combinação poderosa tanto para o bem quanto para o mal, com sua carinha de ingênua podia conquistar e manipular a todos ao seu redor. Filha de empresários da cidade, Catarina sabia que seu futuro estava garantido, e ela não queria muito do futuro apenas que o mundo girasse ao seu redor. Ela era praticamente a única pessoa que conseguia manter a doce Ana Vitoria longe do convento e no caminho do seu sonho.

No final daquela tarde quando as duas sentaram para apreciar o por do sol, tudo parecia extremamente normal e monótono.

- Adoro morar em cidade pequena, dois passos e estamos na praia, todos se conhecem, tudo parece se conectar. – comentou Ana Vitoria.

- Somos jovens, possuímos sonhos, cidades pequenas não servem para nos. – criticou Catarina.-Precisamos ir para um mundo, precisamos de oportunidade.

- Credo Catarina. Você não pensa em ter uma família? Criar raízes?

- Isso é coisa para você Ana Vitoria. - aconselho Catarina. – Você gosta desse mundinho de casar, ter filhos, uma linda casa branca de frente para a praia e um quintal enorme com uma piscina.

- E o que você quer fazer? – perguntou Ana Vitoria interessada. – Não acredito que você não queira ser mãe.

- Temos quinze anos, não precisamos resolver agora, você apenas não teve o instinto de mãe aflorado, mas quem sabe daqui alguns anos não mude de ideia?

- Não sou você, quero o mundo, quero liberdade, não posso ter nada que me prenda, quero voar longe e de preferência longe daqui.

- Vamos fazer uma aposta. – sugeriu Vitoria. – Em quinze anos Catarina vai ser mãe.

- Você é louca. E se eu não for o que eu ganho?

- O que você quiser, basta pedir.

- Mas se você for mãe quero que eu seja a madrinha.

- Combinando.

E assim o assunto se encerrou por algumas horas, ate que uma senhora de idade se aproximou do trio, vestia roupas coloridas e chamativas o que provava que ela certamente era uma recém chegada na minúscula cidade.

- Que belas jovens. – elogiou ela se aproximando. – Poderia ler suas mãos?

- O que quer dizer? - questionou Catarina desconfiada.

SANTORINI - Ficar ou Fugir?Onde histórias criam vida. Descubra agora