Sai da cozinha com um copo d'água em mãos e me aproximei dele, que estava sentado em um dos bancos, no balcão que separava a sala da cozinha.Ele olhava para um ponto fixo e quase não piscava, seus cotovelos estavam apoiados no balcão dando apoio para sua cabeça e mesmo não conseguindo ler seus pensamentos eu sabia que um turbilhão de coisas passavam pela sua mente naquele momento.
Me aproximei com cautela e sentei em um dos bancos do seu lado colocando o copo em sua frente. Minha presença pareceu acorda-lo já que ele piscou três vezes seguidas, olhou para o copo e em seguida virou o rosto para me olhar.
— Não sei se você já está mais calmo. — disse baixo olhando para as minhas mãos. — Então por via das dúvidas eu resolvi trazer essa água para você. — dei os ombros. — As vezes beber água me ajuda a ficar calma, sei lá. — disse sem graça e ele apenas continuou me olhando profundamente sem dizer absolutamente nada.
— Por que faz isso? — perguntou, comigo franzindo o cenho. — Por que finge que se importa? — levei a cabeça o encarando.
— Eu não finjo que me importo. — disse ofendida. — Por que faria isso?
— Você me odeia Amber. — arqueei as sobrancelhas.
— Já disse que não te odeio Justin. — disse tranquila. — Eu faço isso porque me preocupo, porque me importo. — ele abaixou a cabeça negando e voltando a olhar para um ponto fixo parecendo indignado.
Eu de fato me preocupava com ele, não por ter uma atração física ou algo do tipo, mas sim porque ele era um ser humano que havia sofrido muito e que tinha diversas cicatrizes que a vida havia feito, assim como eu.
Eu me preocupava porque eu sabia o quão bom era ter alguém do seu lado te dando apoio e suporte, coisa que ele não teve por muitos anos.
— Eu não preciso da sua preocupação.— disse serio e eu arqueei as sobrancelhas. — Eu sou uma pessoa sem coração, eu não ligo pra nada, eu sou uma merda de ser humano Amber, como consegue se importar?
— Você não é uma merda Justin. — disse sincera e ele virou o rosto novamente para me olhar. — Tudo bem que você é bem babaca as vezes. — brinquei na intenção de diminuir o clima pesado entre nós dois mas ele continuava com a mesma expressão seria no rosto. — mas eu sei que no fundo no fundo você é uma pessoa boa, que tem sentimentos e que se importa com os outros. — ele abaixou a cabeça e negou novamente como se eu estivesse falando um absurdo.
— Você não me conhece Amber, deixa de ser ingênua. — Parece que todo mundo tirou o dia para me chamar de ingênua, não é possível. — Eu sou uma pessoa repugnante, eu sou mau de verdade, eu mato as pessoas por matar, não me importo com ninguém, não amo ninguém, não sei como você sequer consegue ficar perto de mim.
— Eu não sou tão diferente de você Justin.
De fato não era. Eu também me considerava uma pessoa repugnante, também havia matado pessoas que não mereciam morrer, não me orgulhava disso mas eu tinha que aceitar que aquela era a realidade.
— Pelo amor de Deus Amber. — revirou os olhos deixando a irritação nítida no seu tom de voz. — Você não se parece nem um pouco comigo, eu só fodo com a vida das pessoas na minha volta, você... você... — ele parou de falar subitamente como se estivesse desistido de falar o que havia pensado.
— Eu..? — O encorajei a continuar mas já era tarde demais, ele não ia falar.
— Esquece. — disse irritado e se levantou me deixando sozinha ali.
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The Payback
Fanfiction" A vingança é o mais paradoxal dos atos: um sentimento inteligente em mãos burras e desgovernadas; uma pressa que exige longa paciência e dissimulação. Requer as mais contraditórias atitudes: sangue frio de alguém com sangue quente; calar-se apesar...