No momento em que ele para de ler um dos prontuários que estavam em sua mão, ele me olha. Reparo no olhar de total desprezo antes mesmo de perceber que não era um dos médicos residentes, talvez pela sua roupa de cor vermelha vibrante, que por alguma razão me fazia pensar que era o atendente de cardiologia.
- Louise Felmann, 22 anos. Sofre de Síndrome de Marfan. - Ele pronuncia enquanto olha para a pasta em sua mão - Alguém sabe me dizer o que isso significa?
Levanto minha mão, não tão alto mas de uma maneira possível de ser vista pelo Doutor Evans, nome que li em seu avental.
- Doutora atrasada. - Ele afirma e então me encara aguardando pela resposta.
- Shepherd. - franzo o cenho e logo em seguida prossigo - Significa que a paciente possui uma doença genética que se caracteriza por anormalidades nos olhos, ossos e sistema cardiovascular.
- E qual seria o tratamento adequado, Dra Grey-Shepherd? - escuto a pergunta vagamente de uma residente que se aproximava.
- Não existe cura, mas há maneiras de retardar a mesma. - penso por um pequeno período de tempo e então complemento a resposta - A válvula mitrial encontra-se alterada, espessada, redundante e com prolapso no átrio direito que pode ser corrigido cirurgicamente. É o que explica o vazamento e o refluxo significativo da paciente.
- Ou até mesmo o fato dela estar aqui. - algum outro interno cochicha atrás de mim.
- A paciente é sua. - Dr Evans me entrega o prontuário e então sai andando.
XXX
Já estava na hora do almoço, e antes mesmo de colocar alguma comida em meu estômago eu já havia colocado um dos meus fones no meu ouvido. Sabia que era errado mas também entendia que se alguém me chamasse, aquele monitor em minha cintura iria vibrar além de só apitar e então não via problema algum nisso.
"First when there's nothing but a slow glowing dream
that your fear seems to hide deep inside your mind.
All alone I have cried silent tears full of pride
in a world made of steel, made of stone."Enquanto a música Flashdance tocava e eu comia, tentava imaginar como seria o hospital se todos ainda estivessem ali. Tentava imaginar o quão cheio de vida ele estaria.
"Now I hear the music, close my eyes, I am rhythm.
In a flash it takes hold of my heart.
What a feeling.
Bein's believin'.
I can have it all, now I'm dancing for my life."- Fones de ouvido?! - Escuto a voz da minha mãe, tiro os fones rapidamente e então a olho.
- Irene Cara, não consegui resistir. - inspiro e então aguardo até que ela me responda algo, o que de fato não acontece já que ela simplesmente sai andando após ter ficado um tempo paralisada observando o nada.
XX
Eram 3h35 da manhã e eu havia acabado de chegar em casa, e quanto a minha mãe? Bom, às 21h ela já estava guardando suas coisas no armário do hospital.
Com uma xícara de chá de Camomila na mão, fui direto para o escritório de meu pai. Eu costumava ir lá quando não sentia sono apenas para ficar sentada no canto esquerdo do pequeno sofá de couro preto que havia ao lado da porta mas por alguma razão, decidi me sentar do lado direito o que me resultou em um "achado".
Uma caixa de tamanho razoável com um "Lexie" intermediário feito por um marcador de tinta preta logo em cima da tal caixa.
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The new Ellis
FanfictionEssa é a história de uma garota que estava sentada em um balcão de bar, Joe's Bar, e de um homem que acabara de sair de seu trabalho que flerta com ela mas o que eles não sabiam era de que isso não seria por apenas uma noite. Mas essa história vocês...