Acidente

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      Era minha noite de plantão, e eu estava devidamente descansada. Eu sempre fui mais ativa no período da noite, o que de fato deixava minha família louca pois tudo o que eles queriam fazer quando chegassem em casa era poder descansar de suas longas horas nas salas cirúrgicas porém tinham que cuidar de mim. Eles revezavam e contudo, eu morava em diversas casas. Pelo menos, era isso o que meu pai costumava me contar.

   Eu já estava no hospital e havia realizado as atividades passadas por mim até que o meu pager começou a vibrar em minha cintura, o pego e nele está escrito ''emergência'' e rapidamente vou até lá. 

- Dra Shepherd, maca 12! - escuto o doce som da voz de minha tia, Dra Amelia Shepherd, e vou seguindo seus comandos. 

    Eu ainda não sabia qual área gostaria de seguir, afinal eu acabara de iniciar meu internato mas o que eu sabia era de que eu gostava muito de Neurologia mas não sabia se isso era pelo meu pai e minha tia ou se era por mim mesma, isso era algo que eu teria que descobrir. 

    Na TV da sala de espera passava notícia do acidente que causou essa grande confusão no hospital, um acidente que envolvia um caminhão e um ônibus escolar. E eu já estava com os resultados dos exames do paciente na mão, o mesmo indicava um tumor, o que poderia ter causado o acidente.

                                                                                           XXX

    

- Sei que você já teve tempo suficiente com cada especialidade, já deu tempo de se identificar com alguma? - Estávamos na sala de cirurgia quando minha tia me fez a pergunta que tenho tentado evitar de minha mãe por semanas. 

- Não cheguei a entrar em nenhuma sala de operação em uma cardíaca. Ele deve ter algo contra mim... - franzo o cenho - Acho que não aguentaria a pediatria. Quer dizer, é gratificante ver tamanha inocência e ver como sempre estão felizes apesar de tudo, mas a perda deve ser uma das piores. - suspiro - Gosto de trauma por ser uma aventura, e bom, neuro. - dou um breve sorriso - Mas não sei se o que tenho com neuro, é na verdade, saudades. 

    O monitor começa a apitar, todos agem com cautela porém rapidamente e faz com que o paciente se estabilize. O paciente se chamava John, tinha 37 anos, era o motorista do ônibus escolar e estávamos tirando um tumor benigno do mesmo e torcendo para que o tumor não voltasse tão cedo. Nosso testemunho como médicos, poderia equalizar a quantidade de processos que John ganharia após sair do hospital vindo de pais furiosos e preocupados que infelizmente tiveram que sair de seus trabalhos para se dirigir até o hospital por conta de um acidente que seus filhos sofreram. 

- Talvez você queira neuro por simplesmente ser uma de nós, os Shepherd's. - minha tia completa após tudo ser se estabilizado e da um breve sorriso antes de completar - Eu sei que ainda é cedo para você saber e que tem alguns anos pela frente mas sabe como funciona a curiosidade uma tia... 

- Na verdade, eu não sei. Mas pode ser compreensível. 

Ela sorri e sai da sala, ela já havia terminado com o paciente e eu sabia que dali em diante seria eu quem assumiria. 

                                                                                          XXX

   - Dra Atrasadinha! - Estava caminhando pelo corredor em direção ao quarto dos plantonistas quando escuto a voz do Dr Evans, viro os olhos e então me viro para atendê-lo. -  Eu descobri seu nome. 

- Então é sinal de que descobriu a maneira correta de me chamar?! - falo um pouco irônica enquanto arqueio a sobrancelha. 

    Ele fica sério. Não podia negar de que ele era muito atraente mas que também não passava de um babaca. Dr Evans era um pouco alto, tinha olhos verdes, cabelos escuros, e infelizmente, um sorriso encantador. 

The new EllisOnde histórias criam vida. Descubra agora