Capitulo I - Primeiras Vezes em Anos

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As luzes iluminam a rua, a balada, mas minhas vistas estão escuras, o mundo é preto e branco, ou será que são as cores que estão me enjoando? Só sei que corri pro banheiro e vomitei toda a bebida que ingeri e agora meu corpo rejeita, o mais claro sinal de que nem meu organismo suporta a minha vida, mas o que eu posso fazer? Nada além de beber mais, tentando suprir meus vazios com álcool, sorrir bem animado em mais uma das mesmas festas que só servem pra nos animar por horas, nos embebedarmos e acordar no dia seguinte ao lado de alguém que nunca havíamos visto antes, sentindo que falta um pedaço ainda maior de nós, um pedaço da alma que nunca mais gruda. Suspirei pesado, outro sol, outra cama, eu nem sei quem é essa mulher, não sei nem onde eu tô, só sei que não quero mais ficar aqui, vesti minha roupa, lavei o rosto na pia do banheiro e fui embora pra minha casa. Mergulhei na banheira, fiquei nela tempo o suficiente pra me sentir limpo, pra sentir menos nojo de mim mesmo. Deitei na cama, olhei pro teto, peguei uma bolinha e fiquei jogando pro alto, no mais profundo tédio! Daqui a pouco minha mãe liga, perguntando porque sumi ontem a noite, porque não quero ir passar as férias com ela... A verdade é que eu não quero que dona Kurenai veja o fracasso que me tornei, não quero ouvir os lamentos dela por estar repetindo mais uma vez o último período da faculdade de psicologia – eu não consigo lidar bem nem com meus problemas, quem dirá com os dos outros –, nem as reclamações de eu ter virado um fumante igual o meu pai. Eu só sinto falta da minha irmãzinha, mas não vale tanto a pena ir, ainda mais sabendo que minha mãe espera que eu apresente a ela alguma namorada e eu não quero ter que ouvir essas coisas quando a minha vida amorosa é um lixo! Nunca estive tão só quanto agora, sequer lembro qual foi a última namorada que tive, na verdade, não lembro da última mulher que fiquei por mais de um dia! É, eu sou um fracasso! Suspirei pesado, não tive muito o que fazer na faculdade hoje, já que perdi a primeira e mais importante aula do dia, o trabalho também não foi tão pesado assim, o dia passou rápido, hora de me arrumar pra mais uma festa! Dessa vez organizada pelo Naruto, que é o único amigo que eu tenho aqui, já que o Udon, além de não morar mais aqui, roubou a última namorada que eu consigo lembrar, se bem que eu não o culpo, não culpo a Moegi também, afinal, quem iria gostar de ficar ao lado de alguém com tão baixo astral? Alguém tão sem rumo, sem metas de vida? Eu te digo: ninguém! Ninguém quer estar com você no fracasso, as pessoas sugam até a última gota do seu sucesso e depois que você cai você não serve mais, já pode ser jogado no lixo. Enquanto mulheres se maquiam com pó e batom, eu me maquio com um sorriso, dizem que eu fico mais bonito assim, mesmo que eu esteja um caco por dentro, mas também é o que dizem: "não custa nada sorrir, vai te atrair coisas boas!". Só queria que fosse tão fácil assim! Respirei fundo, ajeitei meu cabelo castanho e a gola da camisa, peguei as chaves do carro e tranquei a porta de casa, deixando a solidão um pouco, eu sei que ela vai estar me esperando ansiosa pra me arrasar quando eu voltar. Cheguei na tal boate, Hopeless, ótimo nome pra um lugar que reúne, em grande maioria, gente sem esperança e fracassada como eu.

— Konohamaru! - saudou o Naruto, a positividade em pessoa! Raramente o vi triste e, nessas pouquíssimas vezes, ele sempre se reergueu segundos depois. Queria ser assim! - Pode liberar a entrada dele! - bem, melhor que enfrentar essa fila. Música alta, muita bebida, muita gente, muita animação... Sabe o quanto é ruim ver todos tão felizes, com suas vidas tão bem encaminhadas e notar que só você fica pra trás? Só você está pra baixo? É uma sensação horrível, é como se você destoasse de todo o ambiente ao seu redor e ainda assim insistisse em se encaixar nesse quebra cabeça, tendo que se mutilar espiritualmente pra isso e ainda assim, após se machucar e sangrar, perceber que nunca vai dar certo, pois, não importa o que você faça, você nunca será parte desse ambiente. Mesmo sabendo disso, eu ainda me torturo e tento me encaixar! - Ainda bem que você veio, me parece bem mais feliz! - pois é, pareço... Ele é uma ótima companhia, dá até pra entender porque ele é um dos veteranos mais amados da faculdade, onde ele faz engenharia civil, mas bastou uma morena passar pela gente que ele perdeu todo o compasso.

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