Capitulo II - Solitarios Unidos

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Acordei com o feixe da luz solar em meus olhos, irritando minhas vistas. Felizmente recordei de cada detalhe da noite maravilhosa que tivemos ontem, mas, infelizmente, ela não estava aqui, já não sinto seu calor, seu cheiro e nem seu corpo em meus braços, o que é uma pena, já que até gostaria de conversar mais com ela, mas entendo que, apesar de tudo, o que tivemos foi uma noite casual, se bem que, quando esfreguei os olhos e me livrei da maior carga de sonolência, vi que havia um bilhete sobre minha cômoda, esse marcado por um beijo cor de vinho, o que logo me fez imaginar que seria dela. Ri ao ler "adorei nossa noite, quero fracassar mais vezes com você!", seguido de um número de telefone. É, acho que achei uma boa companheira de fracassos! Dias se passaram, atarefado com trabalho, poucas vezes falei com ela, poucas vezes a vi durante as férias, todas elas na mesma boate, onde conversávamos sobre nossos problemas, uma espécie de consulta psicológica mútua, e terminávamos a noite em minha cama, com ela desaparecendo na manhã seguinte, como um ciclo vicioso. Se eu disser que não fico incomodado com esses sumiços dela, estarei mentindo. É que quando estamos sozinhos e desamparados e ganhamos o carinho de alguém, provamos do calor de seus braços, mesmo que seja por poucas horas, é bem fácil se apegar, sentir falta... Estou seguro de que as melhores noites que vivi foram ao lado dela, uma série de fracassos que eu adorei cometer, queria que todos os outros fossem bons assim! O que foi? Esperava que depois da nossa primeira noite nós virássemos o casal mais feliz do ano? Não se iluda, ilusões machucam, mantenha os pés no chão e se agarre à realidade e, na realidade, as coisas não são fáceis como nos filmes de comédia romântica. A realidade assusta mais que qualquer filme de terror, principalmente porque não temos como dar pause na vida e temos que aguentar cena após cena, ato após ato, até que o filme acabe. Ao menos hoje eu acordei na hora, volto às aulas na faculdade, já pensando na próxima desculpa pra minha repetência ao fim do período, porque certamente isso ocorrerá, nada de novo sob o sol... Não, espera, tem um par de estrelas aqui!

— Hanabi? - pra minha surpresa, ela estava aqui, na mesma sala que ocupo há um ano e meio, sorrindo ao me ver e se aproximando pra me cumprimentar. - Não sabia que também estava no último período...

— A única coisa na qual eu não fracassei no semestre passado, foi por um décimo, mas consegui passar! - pelo menos ela tem sorte! O lado bom de ter uma amiga aqui é que conversamos o suficiente para nos mantermos acordados e conseguirmos ao menos ouvir melhor a aula. Ela me contou o quão terrível foi estar com o pai nos feriados de fim de ano, escutar mais uma vez que ele não a apoia, que até mesmo parece que ele torce por uma queda dela apenas para dizer que estava certo e que ela errou nas escolhas que fez, assim como eu lhe contei de que passei o feriado bêbado jogado em casa, o que fez ela rir imaginando o quão patética não foi a cena. Ainda ficamos juntos durante o intervalo, nos encontramos novamente na biblioteca... Pela primeira vez não me senti um pedaço de bosta gigante enquanto ando pelos corredores da faculdade, o dia até pareceu voar de tão rápido. - Foi bom ver você aqui, é ótimo ter um amigo! - eu digo o mesmo, se bem que me incomoda um pouco ouvi-la me chamar de amigo, sei, me apeguei fácil a alguém que basicamente só é uma parceira casual de sexo. Eu sei que é errado, que certamente ela só me vê como um bom amigo com quem transa às vezes, que a escuta, lhe dá o ombro amigo que ela não tem em ninguém, mas, sei lá, não é que eu esteja perdidamente apaixonado por ela, essas besteiras de filme, mas... Olha como ela é linda, ela me entende, apoia, ampara... Olha o quanto nos damos bem, como somos diferentes e semelhantes ao mesmo tempo... Eu não tô dizendo que somos almas gêmeas e nem nada disso, mas a gente combina! Saber que ela vai estar na faculdade é um bom motivo pra estar lá na hora, se bem que muitas vezes matamos aulas juntos só pra dormir na biblioteca, nos olhando sorridentes, de mãos dadas, como se fôssemos crianças travessas. Nos tornamos ainda mais próximos, amigos mesmo, às vezes ainda transamos, o que me faz me apegar ainda mais nela, até mesmo ando evitando me relacionar com outras apenas por medo de magoá-la, mesmo sem saber se ela retribui esse meu gostar. Eu não pergunto nada, apenas aproveito os momentos junto a ela, me contento em gostar dela em segredo, melhor do que assustá-la e perdê-la. Os dias passam, em um mês de proximidade, eu creio que estou cada vez mais fascinado por ela. - Você vai na Hopeless? - ouvi sua mensagem e respondi positivamente enquanto me arrumo da melhor forma possível, apenas para agradá-la, porque sei que ela estará lá, deslumbrante, sempre com seus lábios em tom de vinho e com um brilho nos olhos diferente, eles brilham mais a cada dia e me deixam louco! - Senti sua falta! - essas palavras me alegram... - Hinata, acho que ainda não te apresentei o meu amigo... - e essa palavra me incomoda mais a cada dia! Ela nos apresentou e então vi meu amigo desnaturado surgir, abraçando minha "cunhada" pela cintura, me olhando surpreso.

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