08. i have questions

143 24 41
                                    

"Como você está hoje?"

Mal.

"Bem."

Sorriso.

"Você está mentindo?"

Sim.

"Eu não s-sei, sei."

Sorriso, fraco, falhado.

"Está ouvindo as mesmas vozes? Ou tendo as lembranças?"

Suspirei, encantando meu psiquiatra, Louis. Ally havia dito que eu deveria procurar um psiquiatra e me recomendou um amigo seu. Eu tinha que tomar alguns remédios agora, mas eu me recusava fazia quase duas semanas.

Louis sabia das vozes. De como elas estavam sempre me incriminando, me julgando. Sabia das memórias que surgiam do nada me tirando do ar. Sabia dos surtos. Sabia de tudo.

Ele disse que os remédios ajudariam, mas que eu não deveria parar de tomar.

Nunca.

"Depressão é um doença crônica, Camila," Ele explicou. "Seu corpo não produz mais certos hormônios. Você vai ter que tomar certos remédios, pelo resto da sua vida." Ele respirou fundo quando me olhou. "Para que fique bem. E não deve parar de toma por conta própria, se não, algo muito ruim pode acontecer."

Não tomei os remédios.

Não fiz as atividades recomendadas por Ally ou por ele.

Eu não conseguia.

Não conseguia nem sair do lugar. Da cama. Do quarto.

Mas eu saía, em parte porque não tinha outra opção, em parte porque eu sentia que devia.

"Como posso te ajudar se não consegue aceitar minha ajuda, Camila?" O tom de Louis não foi rude, por outro lado, era calmo e doce. Um pequeno sorriso em seus lábios, no canto, e ele se inclinou na minha direção e segurou minha mão. "Tudo isso que está acontecendo na sua cabeça, isso não é sua culpa. Não é frescura. Não é bobagem. É algo grave, e sério. E você precisa tratar como tal, cuidar de si mesma, amar a si mesma, perdoar a si mesma, para que possa fazer isso com outras pessoas." Fechei os olhos com força. "Não é sua culpa."

Sua voz doce soou no meu cérebro.

"Eu sei." Respondi.

Era minha culpa.

"É sua culpa." Lauren respondeu, o ponto final que ela usava em suas mensagens de forma rude aparecendo até mesmo na sua voz. A encarei, meu lábio inferior tremendo. "Por que faz isso?"

"Eu não fiz nada!"

"A Dinah veio falar comigo de novo," Revirou os olhos. "Se não tivesse feito algo, aquela idiota não viria atrás de mim para dar conta do NOSSO relacionamento. Por que fica contando nossas coisas para ela? Você tem algum problema."

"Ela é minha melhor amiga, Lauren!"

"Nossos problemas são NOSSOS!" Ela alterou a voz no final e eu suspirei, já desistindo de discutir. Aquela discussão sempre acontecia. Sempre. Por causa de Dinah em sua grande maioria. Minha amiga tinha mania de falar com minha namorada quando algo acontecia que me fazia mal ou coisa parecida, elas acabavam discutindo porque elas não se suportam e odeiam uma a outra. Então, Lauren vinha falar comigo. "Você não pode meter as pessoas no meio disso, pare de agir como uma criança! Dinah não vai resolver nada, na verdade, está piorando tudo."

"Desculpa."

"Não, não, Camila." Ela respirou fundo. "Você conversa sobre nossos problemas comigo."

blood and tears.Onde histórias criam vida. Descubra agora