15. one last time

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ei amoras, não sei se alguém ainda está aqui, mas terminar essa história era algo que eu precisava e fico feliz que eu tenha conhecido. o final não é sobre romance e sim sobre cura, o que eu queria que tivesse acontecido comigo. eu só queria acabar, por um ponto final e não definitivo na história da camila, mostrar como ela está, como ela ficou e como demorou para que ela ficasse okay de verdade. durante o capítulo acontece várias passagens de tempo e ele de fato termina 2 anos depois que tudo aconteceu.

espero que, quem quer que tenha continuado, goste do final.

por uma penúltima vez, enjoy it ;)

Não era tudo branco quando abri os olhos, por mais que eles estivessem doendo mais que tudo, era tudo escuro. Senti meus dedos formigando e minha garganta parecia estar fechada com um enorme bolo que além de tudo também a deixava seca.

Ainda era tudo escuro.

Ah, minha cabeça doía.

Meu estômago fez alguns barulhos estranhos.

Onde eu estava? Qual foi a última coisa que fiz? Eu não estava no meu quarto com...

Oh.

Estou morta?

Suponho que isso não seja o céu, porque mamãe sempre me ensinou que tirar sua própria vida não é algo aprovado divinamente. Talvez o inferno? Talvez eu tenha sido condenada a ficar vagando por algumas eternidades na Terra em castigo de todo o mal que possivelmente causei a todos que amo?

Como será que mamãe ficou? Sofia? Dinah? Eu prometi a Dinah que não me mataria. Eu pedi a Ariana para não morrer, que hipócrita de mim.

Sinto meus músculos doendo. Tudo dói. É como se cada fibra de meu corpo gritasse em agonia, chegando a estremecer até os fios do meu cabelo. Fantasmas sentem dor?

Será que a notícia da minha morte chegaria a Lauren? Ela se sentiria triste? Por que sequer isso importa, de toda forma? Ela não se importava tanto nem quando eu estava viva.

Tudo dói ainda. Alguns pontos brancos começam a surgir na minha visão, junto de outros amarelos. Ao fundo escuto um baixo bip e eu acho que alguém roncando. Soa como o chiado do peito asmático de minha mãe ou talvez apenas Dinah dormindo.

Estou viva?

Tento mover meus lápis, a procura de algum som no fundo da minha garganta. Se estou viva, devo conseguir falar? Por que tudo dói? É como se todo o mundo voltasse a acontecer ao meu redor de uma vez só. Sinto a agulha no meu braço, a dor nos meus músculos, minha garganta seca, o ronco de Dinah, passarinhos piando, o vento...

Estou viva. Eu não sei o que devo dizer sobre isso. Não sei o que devo sentir. Tudo ainda está vazio demais. Sensível demais. Doloroso demais.

Ainda não quero estar viva. Não quero estar viva. Não quero estar viva. Não quero que as vozes voltem, não quero me voltar a me sentir como algo inútil ou um peso morto, não quero viver como algo oco, não quero que tudo doa novamente. Não quero ser vazio, não quero que a dor continue a me assombrar pelo resto de minha vida. Estou tão cansada.

No meio de todo meu desespero, um som sai de minha boca, como um grunhido, e logo escuto passos acelerados pelo quarto. Em cima de mim vejo os olhos vermelhos de choro de minha mãe, tenho vontade de me desculpar, não queria a fazer chorar, não queria muitas coisas.

"Camila?" Ela pergunta, a voz embargada, o som que saiu soando desesperado. "Filha, oi, consegue me ouvir? Sou eu, a mamãe. Como se sente?"

Pisquei mais algumas vezes e a olhei fixamente, a boca ainda meio aberta logo foi fechada. Engoli em seco e pisquei de novo.

blood and tears.Onde histórias criam vida. Descubra agora