Capítulo 8 - Uma Noite Em Sp

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Era um daqueles dias em que São Paulo estava calor como nunca, dias esses que eu odiava por sinal. Era inevitável que meu humor fosse de bom para ruim,  neste caso não estava nada agradável. Já fazia uma semana que tentava voltar a rotina normal, as coisas estavam bem, e somente no trabalho esquecia dos problemas.  Talvez para alguns seguir em frente era mais fácil do que para mim, as vezes eu deixava que a dor me consumisse e a melhor maneira de sair disto era distrair a cabeça,  talvez por isso passava a maior parte do tempo no trabalho agora, fugir para qualquer lugar que não fosse minha casa.

Como de praxe o final da noite chegou, não havia mais ninguém na produtora,  era maravilhoso saber que ela estava crescendo no mercado,  não por mérito meu,  e sim das meninas. A cidade a noite era linda, sempre amei a vista que minha sala tem da cidade,  destacando os prédios altos,  as construções antigas, e a correria do paulistano.

Peguei minha bolsa saindo de minha sala, se não a tivesse reconhecido teria me assustado. Os cabelos pretos,  hoje estavam em um  coque , ilustrando sua tatuagem no pescoço, uma pena se despedaçando.

– Também é viciada em trabalho Manu?
Chamei a morena,  que estava distraída como sempre com seus afazeres no computador.

– Oi! Eu não sabia que estava aí, a Carol mandou-me está foto para fazer uma edição , e eu estou maravilhada   de uma olhada.

Manu puxou uma cadeira   se afastando para que eu sentasse,  observei a imagem com calma. A fotografia era de um casal com um filho, o que mais chamava a atenção era que o casal feliz por sinal estavam em um por do sol , levantando a criança. Lembrei-me de que filhos era a última coisa que eu queria, apesar de Gustavo dizer que uma criança com os meus olhos séria a melhor coisa que ele teria.

– Nossa Heloisa você está chorando,  desculpa por isso.
Manu fechou a tela do computador, buscando meu olhar. Sequei as lágrimas respirando fundo, não gostava que me vissem chorar.

– Desculpa, é mesmo uma imagem linda!  Boa noite Manuela. – Levantei-me, respirando fundo para não desabar ali mesmo.
– Heloisa,  deixa que eu levo você , vou ficar preocupada deixando você ir para casa assim.

Bufei, não queria incomodá-la com meus problemas.

– Sabe eu odeio quando vocês fazem isso, céus eu não sou uma debilitada, eu sinto falta do meu marido, não é como se eu não estivesse tentando seguir em frente...

– Eu não disse isso, eu só...

– Quer ajudar,  exatamente todos querem ajudar,  mas eu estou de saco cheio,  as vezes eu só quero esquecer tudo isto.

Manuela respiro fundo,  conservando  aquela calma inacreditável que só ela tinha.

– Eu entendo!

Foi a minha vez de respirar fundo, droga ela não tem nada haver com isso.

– Me desculpe, falei sem pensar. – Desconcertada tentei fazer aquilo parece pior do que já estava.
Ficamos ali dentro por um momento, ela somente me olhava,  transbordando sua simpatia e compreensão.

– Tudo bem,  vejo você amanhã!
Ela ia saindo quando eu decidi quebrar meu orgulho e chamá-la para jantar.

– Se não for muita cara de pau da minha parte, você aceita jantar comigo Manuela?
Seu olhar era  de total confusão , no entanto ela assentiu confirmando.

Durante o trajeto o silêncio era o mais desconfortável possível. Manuela tem sido uma grande amiga, não posso negar  , achava engraçado o fato de que ela sempre estava ali quando tudo parecia desmoronar.

– Obrigado por ter aceitado o convite, tenho sido um saco ultimamente, minhas emoções estão a flor da pele.

A morena lançou um olhar suave , sorrindo gentilmente. A maneira como ela olhava era diferente, era uma ternura uma admiração presente em seu olhar .

– Era o máximo que eu esperava de uma aquariana.
Gargalhei alto, claro que não era verdade tudo o que diziam sobre os aquarianos, quase tudo.

– Isso é sacanagem. Mas é sério,  você tem sido uma grande amiga, eu não esperava que você fosse essa garota incrível que tem sido!

A expressão dela mudou drasticamente, aparentava ter desanimado , o que não era normal para Manuela.

– Ótimo, é uma grande honra ser sua amiga.

– Tudo bem , eu disse alguma coisa que chateou você? – Perguntei estranhando seu repentino desanimo. 

Ela deu um sorriso fraco   desviando o olhar para qualquer lugar que não fosse a mim.

– Não é nada. – Manu respondeu cabisbaixa.

Olhei o cardápio e fiz meu pedido. Entretanto Manu olhou-me curiosa, e surpresa pelo visto.

– Não diga que você é vegetariana Heloisa.

– Eu não tenho culpa se não consigo comer sem imaginar que eles foram mortos !
Rebati começando a rir da cara de indignação dela.

– Caramba eu queria ter essa coragem de ficar sem carnes.  No entanto o meu mundo não gira sem fritura.

Franzi a testa, evitando olhar a quantidade absurda de carnes ali, ela era totalmente diferente de mim em todos os aspectos,  e isso não deixava de ser interessante.

– Eu preciso perguntar Manuela, como uma mulher que tem o corpo tão em forma, pode ter uma alimentação tão desregulada?
Manu colocou o dedo sobre a boca, pensando em algo.

– Não sei!  Eu não sou dessas pessoas que se preocupa com o corpo,  antes eu era, mas agora meti um fodasse e estou seguindo a minha dieta. Mas agora está explicado o porquê desse corpo saudável e forte.

Seu olhar se demorou sobre meu corpo, suas bochechas coraram, fiquei sem graça,  entretanto admito que gostei do elogio,  da forma como ela olhava.

Depois que pedimos a conta e saímos,  fiquei esperando por Manu que foi pegar o carro. Foi quando dois homens se aproximaram, fiquei quieta evitando contato,  mas não demoro muito para que eles  aproximarem  .

– Oi gata! Como vai, está sozinha,  se quiser podemos entrar e beber algo.

O mais alto chegou,  exalando um forte cheiro de álcool. Céus Manuela aparece logo.

– Deixa ela em paz , já estamos de saída.

Manu apareceu com fúria nos olhos,  segui em sua direção.  Queria sair dali o mais rápido possível.

– Vamos,  não precisa discutir com esse tipo de gente.

Comentei abrindo a porta do carro. Entretanto meu sangue ferveu com o famoso comentário machista.

– Não acredito que você levou um fora de uma sapatão .
O outro rapaz ria , deixando o amigo extremamente irritado. E eu ainda mais.

– Sim! Duas sapatonas , desculpa se ultimamente mulheres são mais atenciosas  carinhosas , e se elas fazem um oral de verdade.  Fora que as cantada são bem mais interessante do que as suas.

Manu rebateu piscando para ambos,  entrando no carro bufando exaltada.
Ela deu partida, saindo em alta velocidade. Respirei fundo buscando palavras que a acalmasse.

– Manuela será que da para diminuir a velocidade.
Meu coração já estava disparado, odeio dirigir em alta velocidade.

Ela entendeu o motivo de minha agonia, reduzindo a velocidade.

– Desculpa por aquilo, perdi a paciência e não me contive. – Manu murmurou.

– Eu entendo, odeio machismo, mas da próxima vez tenta não rebate ok!

Remexi no banco, passando a mão por meus cabelos. Manu apenas assentiu sem falar mais nada.

Ao chegarmos, notei que sua expressão ainda era de preocupação.

– Manu você está bem?

Indaguei buscando seu olhar.
– Sim! Desculpa por estragar a  noite.

Sorri ao notar o real motivo de sua preocupação.

– Você não estragou nada,  foi divertido, cheio de adrenalina. Já quero outra noite como esta.

Consegui arranca um meio sorriso da morena.


– Certo!  Até mais chefe.

Nos fitamos demoradamente.
Manu deposito um beijo demorado em meu rosto. Senti sua respiração ofegante , nossa que cheiro bom ela tem!
Quando ela saiu percebi que eu segurava a respiração.
Céus o que essa mulher está fazendo comigo.

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