Capítulo 6 - Nada Será Como Antes

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Dentre todas as coisas para se preocupar, no momento o motivo de minha inquietação são as constante ligações de minha mãe para saber como estou. Depois que ela descobriu que voltei para São Paulo ,dona Eleonor tem estado aflita tentando descobrir o motivo de eu não ter ido vê-la, é difícil ser filha única nessas horas,  o cuidado é redobrado .
A casa de meus pais não ficava longe da minha, talvez por isso eu tenha ido embora , sempre gostei da. solidão e  de tirar um momento para mim mesma. Chegar naquela casa depois de tanto tempo era reconfortante , minha vida inteira morei ali, Ana era minha vizinha, mas somente depois da escola nos aproximamos.

O muro era pintado de verde escuro,  realçando as plantas que cresciam , o portão de grades baixa davam vista para a porta de entrada.  Adentrei deliciando-me  com cada lembrança que vinha a mente. Minha mãe apareceu sorrindo alegremente ao me ver. Ela não morava mais com meu pai,  ele havia ido embora a três anos sem nunca mais dar notícias,  fazendo com que eu tomasse conta da produtora desde então.

– Você precisa voltar para a produtora Heloisa,  não confio muito naquela sapatona.
Beberiquei o chá tentando não ter uma discussão sobre tempos modernos com Eleonor. Ela é uma mulher conservadora , o que torna tudo mais difícil,  minha mãe sempre foi contra qualquer coisa ligada a modernidade, igreja ,família tradicional,  e todas essas coisas são sempre bem-vindos para ela.

– A produtora está indo muito bem, não tem com o que se preocupar. No entanto, voltarei hoje para ver como estão as coisas.

Minha mãe olhou-me desconfiada, entretanto orgulhosa pela minha decisão,  isso estava estampado em seu olhar.

– Você vai ficar naquela casa sozinha, tem certeza que não quer ficar aqui por um tempo?
Seu questionamento sobre minha decisão era sempre presente, ela não entende o por que de eu ser tão distante.

Olhei no relógio, aliviada por ter dado a hora de ir.

– Absolutamente, mãe preciso ir,  beijos.

Dei-lhe um beijo em seu testa, saindo antes que mais coisas fossem ditas.
Pela primeira vez durante esses anos, senti uma ansiedade tomar conta, voltar ao trabalho depois de tanto tempo seria um novo começo.
Volta ali depois de tanto tempo era diferente em vários aspectos,  eu não sabia o que me esperava, contudo sabia que minha presença não era mais significativa.

  A produtora de fotografia e audiovisual   ficava no centro de São Paulo, levava o nome do meu pai, desde seu falecimento estou a frente dela . Depois da morte de Gustavo, deixei tudo para trás,  fora Carol e Ana que cuidarão de tudo até esse momento.

A agência estava movimentada, Carol estava ao telefone quando cheguei.

– Ok, quando vocês se decidirem ficarei a disposição para ceder nossos profissionais.

Seus olhos encontraram os meus, a morena não conteve o gritos ao me ver.

– Eu não acredito que você está aqui, minha nossa Ana olha quem está aqui!
Ana saiu da sala acompanhada de Manu, ambas olhavam surpresa.

– Pensamos que você tivesse ido embora, voltou para ficar certo?
Ana questiona animada. Sorri ao vê-las feliz.

– Claro, desta vez é para valer!
Olhei de relance para Manuela, era sempre revigorante vê-la, seu sorriso era otimista, entretanto ela foi a única a não se pronuncia.

– Isso merece uma comemoração, que tal uma noite de garotas, Manuela conhece os melhores bares!

Carol junto as mãos, batendo uma na outra animadamente. Acho que não seria uma ideia ruim passar um tempo com aquelas que tanto lutaram para me reerguer.

– Certo , mas me contem como anda as coisas por aqui?
Passamos a tarde, conversando sobre as novidades da agência fotografia , graça a Carol tudo corria bem. Segundo ela Manuela estava trabalhando lá a  um ano, na verdade ambas eram só elogios quando se refere a Manuela.

Carol e Ana precisarão se retirar para resolver um problema, fiquei sozinha admirando minha ex sala ,nada havia mudado, a pintura vermelha e branca destacavam o ambiente, minha foto do casamento com Gustavo ainda estava em minha mesa,  senti um aperto no peito ao lembrar dele.

– Que bom que voltou, pensei que nunca mais fosse te ver!
Manuela estava parada na porta me observando sorrateiramente. Sorri ao vê-la.

– Bom agora serei sua chefe,  você vai cansar de me ver querida.

Cruzei os braços lançando-lhe um olhar ameaçador .

– Acho que eu posso aguentar uma chefe mal humorada.
Manuela deu uma piscada , esboçando seu sorriso jovial.

– Mais que menina ousada.
Gargalhamos juntas. Manu estava se tornando uma grande amiga , adorava seu humor seu jeito calmo de lidar comigo. Ela era a única que não me tratava diferente.

– Te vejo hoje a noite Heloisa?

– Sim, nos vamos hoje Manuela!
Sustentei o olhar sobre a morena, seu jeito de olhar-me era diferente, seus olhos ganhavam um brilho ,desvie o olhar para qualquer lugar que não fosse seus olhos. A morena saiu deixando-me sozinha.

Hoje a noite promete!
   

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