Capítulo 14 - Nada será como antes

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Ela dirigia sem pronunciar uma palavra, enquanto eu não consegui conter as lágrimas e a raiva. Tudo parecia um maldito pesadelo, coloquei a mão sobre o peito sentindo uma terrível falta de ar. Manu olhou-me porém continuou quieta, aquela sensação de pânico voltou, assim como minha necessidade de tentar ver o que fiz de errado. Como deixei isso passa?

Quando chegamos em minha casa , desci do carro sem nem sequer espera-la, no entanto ela veio atrás de mim,  entrando um pouco sem jeito.

Andei de um lado para o outro, pensando em tudo e não chegando a conclusão nenhuma. Manuela estava observando tudo silenciosamente.
– O que foi Heloisa, para de andar de um lado para o outro,  fala alguma coisa.

Parei encarando-a , tirei o celular do bolso, mostrando o que havia visto . Por fim ela sento, mexendo e olhando tudo com calma.

–  Olha a data Heloisa, isso faz anos,  e pelos comentários, essa moça não passa de uma ex-namorada inconformada, olha.

Ela se levantou, esticando o celular para que eu olhasse com atenção. Realmente não havia mais indícios de que eles estavam juntos. Abracei Manuela , que ficou sem jeito pelo ato.

– Será verdade Manu? – Apertei seu corpo contra o meu, sentido sua respiração ficar descompensada.
A morena afastou-se gentilmente, voltando a se sentar.

– Bom nunca saberemos, somente vamos acreditar que ele não fez, não acho que ele seria capaz disso, não com uma mulher maravilhosa como você.

Manu corou, sorrindo sem graça. Confesso que gostava quando ela falava isso.

Droga aquela atração novamente, como evitar sentir isso, como olhar para ela e não me perder naquela imensidão negra que era seus olhos.

– Dorme aqui hoje? — Indaguei me arrependendo logo em seguida, não posso negar que a queria por perto essa noite.

Seu olhar era confuso, no entanto ela sacudiu a cabeça positivamente.

– Eu vou tomar um banho, e pegar toalha para você, se não estiver muito cansada podemos ver um filme.

Tentei quebrar o clima estranho que ficou no ar, éramos amigas que mal haveria nisso ?

Por mais que eu tentasse esquecer, não conseguia tirar da cabeça a ideia de que Gustavo poderia ter me traído, mas como acreditar nisso depois de tudo o que vivemos juntos, uma traição para uma mulher igual a mim não passaria despercebido. Entretanto eu jamais teria resposta sobre isso.

Voltei para sala, encontrando Manu cochilando no sofá, aproximei-me tirando uma mecha de sei rosto. Ela parecia tão frágil ,tão delicada e insegura. Ela acordou assustada com meu toque, o olhar confuso vagava tentando compreender algo.

– Desculpa, acabei dormindo nossa, estou tão cansada Heloisa. – Manu se sentou, fitando-me sem graça.

Não resisti ao impulso de acariciar seu rosto, não desviei o olhar dela, deixando-a corada. Umedeci meu lábio, Manu ficou imóvel sua respiração era pesada, voltei para a realidade, entregando a toalha para ela.

– Aqui ,toma o banheiro fica no final do corredor.

Caminhei até a cozinha, abrindo a janela para entrar ar, meu corpo estava em chamas, minhas mãos suadas. E minha mente imaginando como seria o sabor dos lábios dela.

Estou começando a pensar que foi uma péssima ideia chamá-la para dormir aqui.

Depois de alguns minutos ela saiu do banheiro ,reparei que ela usava a mesma roupa. Como sou esperta  vou deixar a menina dormir com a mesma roupa.

– Nossa Manu estou com a cabeça longe, vou pegar uma roupa para você, vem.

Puxei sua mão, em direção ao quarto. Ela parou na porta, observando tudo com atenção.

– Você dorme como, sei lá o que você usa?

– Pode ser uma blusa, gosto de dormir de calcinha, mas se tiver um short tudo bem! – Manu sorriu timidamente.

Meu rosto devia estar vermelho, pois sentia ele queimar. Meu corpo ardeu ao imaginá-la de calcinha ,já havia visto ela de biquíni e não foi fácil tirar esta imagem da cabeça. Balancei a cabeça tentando afastar esse pensamento.

– Não!  Nada de calcinhas, sem calcinhas. Quer dizer com calcinha, ai eu nem sei mais o que te responder.

Manu lançou um sorriso cínico, mordendo os lábios.

– Se  você preferir que eu fique sem calcinha , melhor ainda.

Pronto, agora com certeza eu estava vermelha, joguei a roupa sobre ela e sai dali o mais rápido possível. Preciso de ar, e Manu tira todo o oxigênio do ambiente.

Segui para a sala, acendendo o cigarro e me apoiando na sacada da janela, o calor que sentia não era normal, eu estava excitada, louca de tesão, e para piorar o motivo de sentir-me assim estava ali.

– Aqui fica muito bonito a noite,  daria ótimas fotos!

Concordei, soprando o cigarro, seria grosseira da minha parte ir dormir depois de convida-la para ficar.

– Obrigado por  convidar-me Helo, confesso que não queria voltar para casa hoje. – Seu olhar vagava pela imensidão do céu, distante como nunca antes.

– Problemas em casa? – Questionei por fim, claro que era perceptível sua agonia,  mas quem era eu para merecer sua confiança. Ela havia se declarado para mim,  e eu fingi que nada aconteceu. 

– Sempre, só que agora não tenho um minuto de paz. Te contei que Carol me convidou para morar com ela?
Mirei os olhos nela, a surpresa era tanta que não sabia o que dizer.

– Hum ,legal !

Traguei o cigarro mais uma vez, sinceramente não me agrada saber que ela ficará mais perto da Carol, sei que elas dizem que nunca rolo nada, mas só de imaginar já me irrito.
– Estou pensando sobre o assunto, e começando a achar que só assim terei paz.
Por mais que ela estivesse falando comigo,  suas palavras soava como se ela estivesse tentando convencer a si própria.

– Espero que se decida!
Foi só o que consegui responder, aquele assunto deixou-me irritada. Só que eu sabia que era besteira, não era a primeira vez que me sentia assim em relação a Manu.

– Você está linda Heloisa! – Manu interrompeu meus pensamentos. O timbre doce de sua voz me fez esquecer por completo do que eu pensava.

Ela afastou meu cabelo, sorrindo com sensualidade , e que sorriso meu deus, que olhar penetrante. Meu corpo se arrepio com a força de seu olhar, a quanto tempo não me permitia fica mexida por um toque, um olhar. Entretanto era a primeira vez que uma mulher me desestruturava daquela maneira. Observei seu lábios, entreaberto se aproximando, minha respiração agora era um misto de descompensado com lento, fechei os olhos por um momento,  desejando saber logo como aquilo ia ser, eu só queria para de deseje-la tanto.

O toque estranho de seu celular nos tirou daquele momento, abri os olhos confusa, recuperando o ar que faltava.

Sua feição tomou um ar totalmente sombrio, parecia ter se tornado outra pessoa, alguém completamente assustador. 

– Miguel ? O- o que  você está fazendo com o celular dele? ... Certo, estou indo ai.

Pressionei o lábio superior, buscando algum sinal da minha Manu em seu olhar, no entanto algo de muito ruim parecia ter acontecido.

– Manuela você está me assustando, o que houve?
Ela fechou os olhos,  respirando fundo.

–  Me faz um favor, não conte nada disso para a Carol, preciso ir.

Seu olhar era sério,  e seu tom de voz era ríspido e frio. Segurei seu braço impedindo-a que saísse.

– Mas nunca que eu vou deixar você sair assim,  eu vou com você,  seja lá onde você estiver indo. E nem tente me impedir.

Apontei o dedo em sua direção, saindo para o quarto me trocando.

Ela entrou logo em seguida, colocando a roupa e voltando para a sala.

Antes de sairmos,  peguei a bolsa, porém seu olhar de reprovação fez com que eu a olhasse assustada.

– Deixe qualquer coisa de valor aqui, não leve nada ok. Não vamos precisar de carro,  iremos a pé,  e se quiser mudar de ideia agora é a hora.  Troque de roupa,  coloque um moletom e roupas largas.

Fiquei estática, o pavor tomava conta, no entanto se aquilo era tão perigoso quanto parecia, realmente não era uma boa ideia deixá-la ir sozinha.
O que havia acontecido afinal de contas, para onde estamos indo?
  

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