Capítulo 3 - Um Sonho De Consumo

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O cheiro de café era o mais forte do restaurante, pessoas conversando sobre variadas coisas, alegres e felizes, garçonetes ocupadas com seus afazeres, risadas e flertes . E eu tentando entender como aquela mulher conseguia ser sempre tão extrovertida.
Manuela sorria, contando suas ideias para o trabalho,  gesticulado com as mãos e bebericando o  café distraidamente.
Por um momento me distraí com o olhar expressivo dela , os olhos negros caím perfeitamente com o tom pálido de sua pele, sorri ao imaginar que finalmente lembrei da última vez que nos vimos, fazia apenas um ano , porém devido ao choque esqueci completamente de Manuela. Era ela a mulher que estava no quarto zelando por mim.

– Heloisa ? Está me ouvindo?

– Hum... Assim,  desculpe. Acho uma ótima ideia!
Concordei tentando disfarçar o fato de não ter escutado nada. Ela arqueou a sobrancelha desconfiada.
– Então você já se lembrou de mim não é? — Ela se aproximou, sussurrando. Como se temesse  tocar em uma ferida profunda.

– Sim! Desculpe,  aquela não foi uma noite na qual eu queira recordar. E eu não vi você no enterro então.

– É , odeio enterros.

– Eu também! — Concordei forçando um sorriso. Fazia tempo que não me distraia,  sua companhia era agradável.

– Então,  você e a Carol realmente não estão juntas?
Questionei curiosa, sabia muito bem do envolvimento de Carol com mulheres .

– Não! Bem ela ficou sabendo que eu precisava de trabalho e desde então trabalho com ela no estúdio. Eu só não sabia que ela estava cuidandoRafa hj do estúdio por você.

Pressionei o lábio incrédula com a Conhecidencia.

– Bem por essa eu não esperava. No entanto eu não apareço por lá a anos. Carol e Ana tem sido grandes amigas para mim.

Os olhos negros me olhavam detalhadamente, se eu não tivesse certeza da minha opção sexualidade poderia ficar balançada com seu olhar.

– Bem melhor irmos, nos vemos essa semana para o ensaio.
Concordei com um aceno. Casamentos eram desanimadores ,coisas simples ainda lembrava-me de Gustavo.  Ficar sozinha era um lembrete do que eu havia perdido,  talvez por isso isolei-me para jamais esquecê-lo.
A casa que tínhamos em São Paulo estava como eu havia deixado, minha mãe havia doado todas as roupas, porém as fotos ainda estavam ali. O silêncio, a solidão logo surgiram seguido de lembranças, por fim como sempre entreguei-me as lágrimas e o desespero que sempre tomava conta.  Sempre me perguntei como iria esquecer o amor da minha vida, entretanto cheguei a conclusão de que jamais superaria essa perda.
Quando o fim de semana finalmente chegou , já não aguentava mais as lembranças daquele lugar, meu humor estava escasso e começava a achar que a ideia de Carol era a pior possível.  Como você pede para uma viúva ir a um casamento,  claro que pensa nunca foi o forte das minhas amigas,  mas nessa elas se superaram.
Manuela parecia respeitar meu humor negro,  sempre ficava na dela sem puxa muito assunto. Ela é  o tipo de pessoa que agrada ter por perto,  acho que era isso que eu estava precisando, espaço. No final da tarde o noivo que por sinal era um grande amigo de Carol veio falar comigo,  enquanto Manu esperava para irmos embora.

– Heloisa, obrigado por aceitar ser nossa fotógrafa. Quer dizer você não mudou nada,  continua linda como sempre!
Meu rosto queimo com o elogio, era normal comentarem sobre isso,  no entanto ele estava com a futura esposa, pensei que deveria ter mais respeito.

– Certo, bom nos vemos no casamento,  até lá.

– Espera, por que não marcamos de tomar algo, seria legal nos conhecermos melhor...

– Por que você vai casar, e eu me valorizo querido.

Sai pisando firme, tentando não voltar lá e falar mais um monte para ele. Manuela notou meu estado e entrou no carro preocupada.

– O que ele te falou?
– Nada, eu quero ir embora,  você pode por favor sair do carro.

Manuela fitou-me como se não fosse fazer o que pedi.

– Eu levo você,  depois volto para buscar meu carro.
– Não precisa! — Falei mais alto para que a assustasse, porém ela continuou encarando-me com seriedade.

– Fica calma Heloisa. Só respira fundo e depois prometo que deixo você ir.

Nos fitamos, ela manteve a calma e permaneceu ali, sem falar nada. Depois de um longo tempo desabafei.

– Ele deu em cima de mim, canalha, a noiva dele está lá e ele nem sequer ligou para isso.

Bufei impaciente. Manuela abaixo a cabeça contendo o visível comentário.

– Diz logo o que você está pensando Manuela? — Ela se remexeu no banco.

– Você é uma mulher linda,  tipo olha para você,  quase loira , olhos claros voz sexy e corpo perfeito.  Claro que não justifica o que ele fez , mas já era de se esperar que alguém fosse da em cima de você um dia.

Por fim suspirei vencida, ela tinha razão quanto a isso.

– Você disse que ia embora depois que eu me acalmasse. – Ok gata você que manda.

Para piorar o dia ainda consegui ser grossa com quem só quis ajudar. Mesmo assim Manuela apresentou sua calma implacável respeitando minha grosseira.

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