Capítulo 1- Dias Longos

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Dizem que a melhor forma de superar uma perda é viver um dia de cada vez,  com calma pois tudo sempre pode piorar. Pergunto-me se o idiota que inventou essa frase realmente perdeu alguém.

Havia se passado um ano desde que tudo aconteceu, mas quando acordo ainda sinto que o encontrarei ao meu lado.

A melhor forma que encontrei de seguir foi viajar para minha casa na praia em são Paulo,  o isolamento acalma minha alma e principalmente evita a piedade dos familiares. Entretanto minhas amigas não concordam com isso. Carol é minha amiga desde a escola, com seu jeito meigo conseguiu inventa uma desculpa para me visitar e eu sei bem aonde isso vai dar...
A casa ficava de frente para o mar , na varanda havia uma rede na qual adorava passar horas escrevendo alguma história passageira, sempre ao som de uma música calma e um bom café. Agora as ideias para as histórias me fugiam a mente, e a casa era grande demais para mim. O barulho da campainha tirou-me das memórias dolorosas.  Suspiro incomodada com a situação que viria a seguir.

Abri a porta forçando um sorriso,  entretanto me surpreende com a figura parada a minha frente . A moça de olhos castanhos e cabelos negros encaracolado, desajeitadamente tentava segura o vaso que deixou cair.

– Oi ! Desculpa eu não quis quebrar.

Cabisbaixa a moça passou a mão sobre a roupa, continuei fitando aquele mar de ébano sem Reação alguma.  Não conseguia lembrar dela porém já havia visto antes.

– Onde está a Carol? Desculpa não estava esperando que ela trouxesse alguém.

Continuei encarando a moça,  que ficou visivelmente intimidada.

– Ela está no carro pegando algumas coisas que trouxe para você.  Eu me chamo Manuela, você não deve se lembrar de mim. Quer saber deixa para lá .
– Olha só como você está linda Heloisa, meu Deus nem parece que virou índio.

Carol apareceu quebrando o clima pesado que sem querer deixei. Sorri de seu costumeiro bom humor.  Abracei fortemente minha amiga,  realmente sentia sua falta.

– Entrem, por favor.

Tentei ser gentil,  mas era difícil já que estava contando os minutos para ambas irem embora.

– Então Carol, você não me apresentou sua namorada. Manuela certo?
Ambas se entreolharam, foi Manuela quem ruborizou. Ela era uma mulher muito atraente, o corpo magro e em forma destacava as perfeita curvas que se escondiam sobre suas roupas larga. Os olhos castanhos ganhavam uma cor mais clara com a luz do local. Era demasiadamente linda, e expressiva .

– Que isso mulher você não lembra da Manu, ela estudo com a gente na faculdade aquela que te acertou com uma bola lembra?
Carol caiu na gargalhada sentado no sofá segurando a barriga de tanto rir. Manuela arqueou a sobrancelha desconcertada. Eu lembrava dela, somente não reconheci a divina mulher a minha frente.

A morena havia deixado os cabelos soltos caído até metade das costas, trocou os óculos grossos por lentes provavelmente. Porém a timidez ainda era presente.

– Claro que lembro, você quase me fez perder um dente sabia. Pois é,  você até me levou para o hospital, como não lembrar.

Sentei no outro sofá, balançando a cabeça e rindo.  A morena permaneceu em pé,  entortando a boca em um sorriso reservado.

– Senta Manu. Não nós não namoramos dona Heloisa, você não perdeu o costume de deixar qualquer um envergonhado. Enfim diga-me,  como você está? Pronta para volta a ativa?

Semicerrei os olhos , passando a mão em meus cabelos. La vem.
– Eu não vou voltar Carol estou bem aqui e...
– Pois eu tenho uma proposta de trabalho para você. Um grande amigo meu irá se casar mês que vem,  e precisará de uma fotógrafa, indiquei você claro.

Carol bateu na perna,  mordendo os lábios,  falava como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Fitei Manuela, que retribuiu o olhar,  não queria discutir aquilo na frente de estranhos . No entanto Carol sabia que a presença de outra pessoa iria me intimidar.

– Carol eu não sei no que você acha que isso irá ajudar, mas obrigado por tentar. Eu não tenho interesse.

– Não faz isso Helo, por favor,  é só fotógrafa, e outra você não pode ficar aqui para sempre certo? Outra você não irá trabalha sozinha,  Manuela irá te auxiliar.

– O que?
Nos pronunciamos  juntas ,nossa surpresa com a notícia era visível . O olhar de surpresa e indignação era notável nos olhos de Manu , com certeza Carol decidiu aquilo de repente.
– Gente ele é um grande amigo, confio em vocês.  Por favor Manu e Helo, será coisa rápida !
Manu estava de boca aberta, tive vontade de rir com sua expressão de indignação, suas expressões faciais entregava tudo.

– Certo Carol, se eu for você promete dizer a todos que estou bem?
Carol pressionou os lábios, nossa cumplicidade jamais havia mudado. Conhecendo minha amiga como conheço ela faria qualquer coisa somente para me ver longe daquele lugar isolado.

– Prometo que se você melhorar, te deixo em paz!
Lancei um sorriso amigável, tentando disfarçar meu desanimo com tudo.

– Já ia me esquecendo.  Trouxe doces!
Carol correu para cozinha,  deixa-nos a  sós.  A morena ainda estava sem palavras.

– Bom parece que teremos tempo suficiente para nos conhecermos melhor não é mesmo heloisa.
– Sim, espero que não demore muito.

Deixei-a sozinha na sala, não sabia explicar exatamente o porquê de não querer proximidade com ela.
Querendo ou não agora não teria escolha.

Uma preciosa história de amor Onde histórias criam vida. Descubra agora