PARTE 1/I - QUASE FÉRIAS

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Família, uma das melhores coisas do mundo. Você até reclamar dela, mas sente saudades quando está longe. Eu sou um exemplo dessa teoria.
Me chamo Mirella, moro em uma pequena cidade perto do litoral, tenho 16 anos. Não sou uma top model, mas não me acho feia. Tenho cabelo e olhos castanhos igual o da minha mãe, Eliete  e a firmeza e a persistência do meu pai Harold, e dizem que sua sombrancelha também. Sou bem resolvida com minha aparência. Sofro bulliyng na escola, principalmente de uma garota chamada Michelle, que se achava o centro do universo, Ela me chama de Milla buscapé e outras coisas. Tudo culpa de quem: papai e sua kombi azul. Não! nunca foi culpa dele, querer ter sempre a família por perto. Isso não é crime. E um gesto de amor e dedicação, que pessoas como a Michelle nunca iam entender.

A história que quero contar, se passa em 26 de dezembro, e no ano novo seguinte, tudo depois do natal. Acontecia na cozinha a nossa já batizada "queima de arquivos das sobras de natal." Tudo tinha solução aqui em casa. Menos a farofa com uva passa, porque esse prato era difícil de reinventar. Uma vez minha mãe até tentou fazer um bolinho, mas nem o cachorro comeu.

— Querida, vai na mercearia comprar manteiga. Acabou.

Dona Eliete minha mãe grita.

— Pede para tia Susete. — Eu Grito do sofá da sala.

— Vai logo Mirella, anda volta rápido.

Minha mãe praticamente me puxa para fora do sofá.

— Cadê a tia Susete?

— Fazendo yoga no jardim. Vai toma o dinheiro.

Minha mãe tinha uma mania de empurrar a gente para fora de casa quando pedia para comprar algo, e foi isso que ela fez.
No jardim encontro a tia Susete com a bunda para cima de collant rosa, apertadinho. Isso era yoga ou era espetáculo de comédia para os filhos do vizinho que da janela, morriam de rir. deve ser pelo estilo anos 80 da roupa, ou pelo fato da minha tia imitar os movimentos de maneira torta.  Olhei para cima, eles fecham a janela.

— Traz manteiga Diet.

Minha tia gritou, quando saía pelo portão.

Do lado de fora meu pai consertava a nossa velha conhecida kombi azul, para nossa tradicional viagem de janeiro. Ele planejava o ano todo, nossas férias, virou tradição, viajar na charanga azul, alugar a mesma casa simplória, velha, mas aconchegante perto da praia.

— Onde a senhorita vai? — Meu pai pergunta.

— Na mercearia do lado comprar manteiga.

— Minha filha não vai comprar nada na concorrência. Pega na nossa mercearia. – Meu pai intimou.

— Pai foi a mamãe...

— O que as pessoas vão pensar: os produtos da mercearia do pai dela são ruins, por isso ela compra no concorrente.

Papai é dramático vocês perceberam. Discutir com ele não dava certo, era melhor acatar.  Fui na mercearia que papai, tinha a vinte anos comprar a manteiga, quer dizer pegar a manteiga, pelo que sei não se compra algo que já é seu praticamente.

Minha mãe que tinha uma politica estranha de ajuda aos concorrentes.

A um mês o cara da rua ao lado abriu uma mercearia para competir com a do meu pai. Chegou a distribuir algodão doce grátis uma semana para pegar os clientes do meu pai. Deu certo? deu... Até ele perceber que as pessoas comiam o algodão doce e não compravam nada, ele resolveu  discutir com todo mundo, e pedir os algodões de volta. Para completar alguém  comeu uma coxinha estragada na padaria da mercearia, e o está processando. Mesmo assim ele continua na atividade comercial.

 Histórias de Mirella (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora