II - VOLTA ÀS AULAS

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Depois da briga Michelle, ainda teve a coragem de continuar a me ofender. Como ela não tinha nada de bom para fazer, ela se divertia apontando possíveis defeitos, que na opinião dela as pessoas tinham.

Eu e Guto nos aproximamos muito de um tempo para cá. Isso incomodava Michelle? Sim. Ela era do tipo que achava que só ela poderia se dar bem.

♪ Milla Buscapé, Milla Buscapé, sua família não lava o pé, ainda por cima tem chulé. ♪

Michelle passou a aula toda cantando isso. Me deu um banho de suco de laranja no intervalo, me deu um bolada na cara, na educação física​ e disse que foi sem querer. E agora na aula de biologia canta essa música desafinada, para me irritar. Prometi para minha mãe ficar longe de brigas, mas se fosse necessário teria que descumprir minha promessa, sinto muito mãe.

A festa da Camila, se aproximava ela convidou a todos, menos a Michelle.

Esqueça aquele cenário de filmes onde a patricinha loira, e cercada de amigas de mente vazia que a ajudam a humilhar os outros que  acham inferior. Aqui existe a patricinha, mas ela é solitária, sem amigos. E faz questão de afastar a todos com seu temperamento destrutivo. Olhando a Michelle sentada na praça, após as aulas comendo seu sanduiche, com lágrimas. Me deu pena. Sei que não deveria ter, mas tive.

Camila era oposto da Michelle, legal, amiga. Odiava injustiça e pessoas como a Michelle.

Até o Guto, que era novo na escola tinha convite, menos a Michelle. Mas não podia fazer nada, ela colheu o que plantou. Agora coma os frutos.

Mais mudando de assunto, mais ainda um pouco nele. Estava muito ansiosa para a festa. Nada no guarda roupa estava bom, queria estar linda. Pela primeira vez comecei a me importar com roupas. Antes eu colocava algo mais elaborado, uma maquiagem leve, e saía. Hoje não, e tem um motivo: ele se chama Guto.

Esse não.

Esse muito listrado.

Muito brilhante

E finalmente...

Este está perfeito.

UFA!! Pensei que nunca ia conseguir me arrumar.

Desci e fiquei em frente ao portão de casa. Meu pai me liberou para ir a festa com as seguintes condições.

• Não beba nada alcoólico, você é de menor.

• Não chegue tarde. E sim antes das 23:00, se não... Vou te buscar.

O Guto finalmente aparece, e me oferece o braço, aceito, e entro no carro do pai dele. Não era aquela van vermelha. Era um modelo esportivo, e era bem estiloso, combinava com o Ângelo pai do Guto.

— Estão entregues. Curtam a festa com responsabilidade, e Juízo.

Ângelo deu o seu recado, antes de ir  embora.

Eu e o Guto entramos na festa. E acredite se quiser já tinha pessoas bêbadas. A Camilla não permitiu bebidas na festa, então alguns trouxeram de fora. A música estava alta, meus ouvidos se incomodavam. Guto me puxava pela mão e analisava a festa.

— Essa festa... Esta um caos. Cadê a Camilla?

— Talvez ainda não desceu.

— Desceu, e já saiu... Mal educada não é.

Alguém disse isso por trás de mim. E tinha uma voz familiar.

— Michelle?

— Michelle, quanto você bebeu?

O Guto tentou tirar um litro de cerveja da sua mão.

— Me larga seu cretino... Não finja que liga para mim... Vai namorar a Milla buscapé.

Michelle saiu cambaleando, caiu e quebrou o salto. Estava tão bêbada que não parava de rir.

— Vamos embora. A aniversariante caiu fora, e não somos nós que vamos ficar.

— Mas não vamos dar parabéns a Camila?

— Milla essa festa vai dar encrenca.

Ele me olhou nos olhos sério, e eu me calei. Percebi que ele tinha razão.

Guto me puxa pela mão, e me leva para fora. Senti um certo alívio aquela música eletrônica alta era horrível.

— Vamos ficar aqui?

— Sim, Milla. Por enquanto. Vou ligar para meu pai vir nos buscar.

Eu me sento no gramado e espero Guto completar a ligação. Ele desliga o  celular e se senta do meu lado.

— Onde estão o Renan e a Paula?

— Devem ter ido embora. Igual nós estamos pensando em fazer agora.

— Vamos sair daqui. Sinto que vai acontecer algo em breve.

Eu me levantei, e Guto também. Ele havia combinado de se encontrar com o pai em frente a uma casa verde que havia por perto. Nunca tive hábito de usar salto alto, mas logo hoje fui colocar um. Que sorte... Hein.

— Chegamos. Por que você colocou salto?

Guto me olhou, e eu hesitei em responder.

—  Para ficar bonita.

— Você já é bonita, Milla. Não precisa de nada.

Eu dou um sorriso, esse elogio confesso me surpreendeu.

— Você é linda do jeito que você é.

Ela afaga meu rosto gentilmente, e sinto meu coração bater forte. Nossos olhos se cruzam, e quando íamos nos beijar

🚑🚑🚑🚑

Apareceu uma ambulância barulhenta, que atrapalhou tudo.

Mas que... Porcaria.

Me controlei para não dizer um palavrão.

Alguns dos convidados da festa apareceram, e Guto parou um deles.

— O que aconteceu?

— A Michelle caiu na festa, desmaiou, quer dizer... De tanto beber. Chamaram a ambulância, mas, vai dar encrenca.

Eu e Guto nos olhamos espantados. Comecei a rezar para o pai do Guto chegar logo, ou a gente poderia se ferrar também. Talvez, vai saber. Melhor não arriscar.

O pai do Guto chegou. Senti um alívio enorme. Entrei no carro junto com ele e voltei para casa.

A Michelle exagerou tanto na bebida que ficou horas, quase um dia desacordada. Os pais dela depois deste incidente, resolveram cuidar melhor da filha, e prestar mais a atenção nos seus passos.

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Próximo conto: a senhora por aqui?

Boa leitura!!

 Histórias de Mirella (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora