II - A SENHORA POR AQUI?

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Passado uma semana a senhora esnobe voltaria a atacar. Com aquele nariz em pé e ar de superior. Ela voltou várias vezes a mercearia do meu pai.

Ao certo duas vezes por semana, ela dava o ar da graça.

Meu pai estava todo feliz limpando o balcão, quando da porta já avistou a dona encrenca.

— Dois cachorros quentes, rapazinho.

Ela diz com toda a cara de pau.

— O que a senhora quer no seu cachorro quente?

Jorge um simpático rapaz que trabalha a dois anos com o meu pai responde.

— Tudo o que eu tenho direito.

Neste momento papai teve uma idéia.

Não que eu condene a vingança, não que eu seja a voz da razão. Mas vingança as vezes pode ser perigosa. No caso do meu  pai a vingança feito em formato de um vidro de pimenta extra, extra forte. Ele despejou aquilo sem dó no cachorro quente, da dona Mala. E de brinde ainda, ele mesmo a serviu.

— Bom lanche senhora.

Anaura nem respondeu, apenas pegou o sanduíche, pegou mais algumas coisas, pagou e saiu da mercearia. Em frente a farmácia deu uma mordida com vontade no lanche, e depois de alguns segundos, começou a pegar fogo. As pessoas não entendiam nada. Ela corria de um lado para o outro e meu pai ria.

– Senhor Harold. Esse cheque não tem fundo.

Jorge disse com todas as letras o sorriso do meu pai se foi.

— Chame a polícia agora. Bem que minha intuição dizia que não devia aceitar cheques.

A senhora sumiu da frente da farmácia parece que percebeu que o caldo ia virar em cima dela.

Ela voltou para sua casa, na cidade arrumou as malas, e fugiu, saltando o muro da casa do vizinho.

Mesmo pegando fogo ainda, devido ao lanche batizado com pimenta extra forte, a Anaura danada, teve forças e imaginação para fugir. Se meu pai não tivesse a mania de gritar cada palavra que dizia quando estava surpreso, ou irritado ela não teria fugido.

Arrastando aquela mala de rodinha, pesada pela ladeira, vinha Anaura, que tropeçou em um buraco e saiu rolando, junto com a mala. O espetáculo das roupas, saindo da mala e a dona dela mais a frente dando piruetas sem querer parou a rua.
Finalmente ela parou.

— Por que eu vim parar neste buraco de cidade. Gente sem classe, tudo precário até as ruas.

— Minha senhora, tudo bem?

– Tudo bem uma... Não te interessa. Me ajude a me levantar seu molenga.

— Eu não, a senhora e muito mal educada. Passar bem aí no chão.

— Espera seu retardado. Mal educado. Farofeiro!!!

Anaura começa a berrar, e chamar a atenção de todos.

O moço saiu irritado, e deixou a chata se virar sozinha.

— É ela seu policial, que me pagou com cheque sem fundo.

Grita um senhora mais abaixo.

— Senhora volta aqui!

Anaura se levanta e corre, para bem longe mesmo toda suja, sentindo dor. O policial corre atrás, ela se joga no mato e que cai no buraco, e ele a puxa para fora  e a algema.

— Bando de pobre, vão procurar sua turma.

Grita a senhora esnobe descabelada suja, e machucada. Mesmo assim não perdendo a pose.

Na delegacia, dona Mirna reaparece. Mas se você pensa que é para tirar a sobrinha da cadeia, se engana. Ela foi prestar queixa da tentativa de golpe que sofreu da própria, e ainda deu uns tapas na dita cuja dentro da delegacia. O delegado teve que conter a senhora  irritada.

Dona Mirna mais tarde procurou o meu pai para pedir desculpas, por tudo.  Meu pai disse que a culpa não era dela, e tudo ficou bem. Ao ir embora ela convidou meu pai e família, a continuarem a alugar sua casa perto da praia nas férias.  Meu pai ficou de pensar, fez um drama e no fim... disse um sim. Mas na próxima férias não íamos ter a kombi azul.

A Anaura, agora esta vendo o sol nascer quadrado com direito a eclipse. Quem diria com aquela pose de rica, classuda. Era apenas uma pé de chinelo metida a besta, e mal educada ainda por cima.

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Na próxima semana teremos o último conto das historias de Mirella: Meu final Feliz

 Histórias de Mirella (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora