Histórias de Mirella (Completo)

PARTE 4/I - MEU FINAL FELIZ.

Um mês de namoro comemorado no sofá da minha sala. Meu pai mirava toda a sua atenção em mim e no Guto. Ele ia se espreguiçar meu pai gritava.

— Olha a mão boba.

Ele bocejou

— Olha a mão boba.

Ele piscou para mim

— Olha a mão boba.

Ele respirou

— Olha a mão boba.

Este último mês, foi tranquilo sem Michelles, Anauras. Apenas meu pai e sua crises de ciúmes.
Somente no colégio, eu tinha privacidade para namorar, mas tinha um porém, não era permitido namoros.

Paula e Renan, tentavam nos ajudar, como na semana passada que quase fomos pegos no flagra, e se tivesse acontecido... Papai teria uma séria crise de raiva, e decepção.

Como tudo o que é bom dura pouco. Michelle reaparece, ainda com o mesmo ego inflado de sempre.

— Você viu quem voltou?

Paula praticamente se debruça na mesa para cochichar.

— Vi. Michelle, a chata.

— Cuidado, ela pode aprontar, ainda. Essa não toma jeito.

— Eu sei lidar com a idiota da Michelle.

Mordo um pedaço do meu sanduíche, quando alguém me atira uma bola de papel amassado pelas costas. Pego o papel no chão.

"Milla Buscapé de perto tão feia de longe bem pior."

Ouço risadinhas vindas de uma mesa, exatamente  da solitária Michelle.

— Quer brigar retardadinha?

Ela debocha, e resolvo ignorar.

— Vai ou não, franga.

Ela começa a bater as asas e fazer có - có.

Alguns começam a rir, principalmente quando esta. Sobe na mesa rebolando a dança da franga maluca.

A diretora e a vice vem do corredor felizes, em um papo animado, quando flagram a cena ridícula.

— O que Milla, acovardou. Cade a coragem para me confrontar?

— Michelle Miclene Soluço cansado.

A vice diretora, que por acaso era a sua tia grita no meio da cantina.

— Que nome é esse?

Um dos alunos fala alto  em tom de deboche.

— Para detenção agora!

Ela a puxa pelo braço sob os olhares, curiosos e debochados da escola toda.

O nome da Michelle, virou a notícia da escola. Mas de onde saiu o Miclene não sei e não quero saber.

Na sala da diretoria Michelle ouviu calada as broncas da tia. Quando esta saiu da sala:

— Palmas para o soluço Cansado... Viva!!!

Sobrenome não devia ser sinônimo de deboche. Pois cada um tem o seu e é a marca da sua família.

— Chega de gracinha cada um para sua sala, agora.

A diretora fez questão de despachar a galera toda.

Michelle, de  garota insuportável que gostava de humilhar os outros, passou a provar do próprio veneno. Agora ela era chamada de Soluço cansado.

— A lei do retorno existe. Mas eles estão exagerando.

Guto repara a cena logo a nossa frente. Michelle se esconde, e  lancha dentro do quartinho de materiais de limpeza.

— Ela plantou, o que está colhendo. Mas tenho coração, e sinto pena.

— Ainda bem.

Guto pega na minha mão. E me aconchego em seu ombro. 

A confusão com a Michelle se encerra quando a sua tia chega e dispersa a multidão.

Ela sai do quarto chorando, e abraça a tia. Dava para ver claramente que ela não estava nada bem.

Michelle aos 17 anos, era alcoólatra, tinha problemas com os pais em casa, e o único apoio era a tia, que dizia que tudo o que a Michelle aprontava era uma forma da sobrinha fugir dos problemas.

Michelle por várias vezes deu em cima do Guto na minha frente. Como semana passada.

— Oi gato, perdido.

Ela se pendurou no pescoço de Guto de costas, bem na minha frente. O ápice foi o selinho na bochecha.

— Oi, prazer eu sou a namorada dele.

Digo entre os dentes.

— Grande coisa!

Ela me ignora.

Com muito trabalho, Guto se solta de Michelle.

— Vamos embora Milla. — Ele pega a minha mão. — Vamos evitar encrencas.

Não desejo mal algum a Michelle longe disto. Quero que ela fique bem. Mas não quer dizer que ficaríamos amigas.

Mas agora eu  poderia, finalmente ficar com o meu namorado livre de preocupações? Isso seria possível se meu irmão não se intrometesse, com a mania dele de ser... Um grande babaca.
Mas até ai tudo certo, Diogo parece que nasceu com complexo de idiotice lacrado na testa. Mas apesar de tudo eu o amo.