FREITAS O RECOMEÇO

PRÓLOGO

Hoje para variar um pouco dos últimos dias, cai em um sono profundo. Já era umas 16h quando me levantei. Minha tia veio com uma de que tirei o dia para hibernar, mas foi mais forte do que eu. Nessa última semana virei varias noites preparando tudo para gravar o novo vídeo do canal. Sem contar que tenho que acordar cedo para ir a escola e tudo mais... Acho que as vezes eu penso que sou feito de aço.

Estou tentando me adaptar com minha nova realidade. Ainda é meio difícil pensar que não tenho mais meu pai e minha mãe para me apoiar, principalmente agora que preciso me preparar para o acampamento MFP.

Eu estava sentando em frente ao meu computador segurando um porta retrato com uma foto nossa do dia em que recebi um prêmio pela rápida ascensão do meu vlog. Dia 27 de setembro, poucos anos atrás, mas tenho certeza que desse dia nunca irei esquecer. As lembranças sempre vem como bombas trazendo uma dor pulsante em meu peito. Eu podia ver o orgulho que meus pais tinham de mim estampado no brilho de seus olhos, e esse era o meu maior incentivo na minha busca de ser o melhor que eu poderia.

Entrar no acampamento MFP sempre foi um sonho nosso, mas as vezes penso que ele parece tão errado sem os dois ao meu lado. Desde a morte deles eu passei a morar com minha tia Emma, minha única tia por parte de mãe. Ela tem sido minha força em muitos momentos.

São muitas as situações em que me preocupo com ela. Ela tem sido forte para me ajudar a enfrentar essa barra e não consigo nem dizer que ela não precisava disso, já que ela que tem me ajudado a seguir em frente. Só que, por mais que eu seja mais novo e menor de idade eu não fui o único a perder aqueles que eu amava. Tia Emma também perdeu uma irmã, quando tudo aconteceu.

- Adriel, vem. Fiz sua comida preferida. E nem adianta dizer que não está com fome. - Ela batia na porta do meu quarto pensando que eu havia voltado a dormir.

Eu sabia disso porque, já tinha aprendido algumas de suas manias desde que vim morar aqui.

- Se não responder vou entrar e te jogar um balde de água. Chega de cama por hoje.

Me aproximei da porta e abri a fazendo levar um susto. Como desculpa e agradecimento por tudo, beijei sua testa.

- Obrigada Tia Emma, não precisava.

- Claro que precisava. Agora cuidamos um do outro, esqueceu?

- Não. Não esqueci. - A abracei de lado e fiz com que andássemos rumo a cozinha. - Vamos lá, você vai comer comigo.

- Mas eu já comi, diferente de certas pessoas eu almocei na hora certa. - Ela protestou se desvencilhando de mim e parando no corredor.

- Isso já faz muito tempo, vem. - Falou ela puxando meu braço e me levando para cozinha com ela. - Enquanto está protestando minha comida está esfriando.

Eu a seguir sem mais reclamar. Enquanto eu almoçava quase as cinco da tarde, minha tia fazia a contabilidade da casa.

- Eu queria tanto poder te ajudar...

- Você já faz isso. Não se preocupe.

- Ah tia, estudar não conta. Eu estou falando em ajudar de verdade.

- Você não precisa se preocupar com isso querido. Eu dou conta.

- Claro que preciso. É o mínimo que posso fazer pelo tanto que você faz por mim.

- Então vai lá no mercadinho e compra uma massa de lasanha pra mim, por favor - Ela sorri e me da o dinheiro.

Coloquei um casaco e saí. O tempo do lado de fora estava esfriando, aqui na minha cidade é como viver as quatro estações em um dia. A rua não estava muito movimentada, tão pouco estava deserta, escura, mas já estava acostumado com isso.

- Fala Freitas! - Levei um susto, mas ao olhar para atrás vi que era meu meu melhor amigo.

- E aí Lucas, tudo bem? - Fiz um sinal de positivo e ele me acompanhou.

- Tudo sim Freitas, está indo pra onde? - Ele andava ao meu lado sem se importar para onde eu estava indo.

- No mercadinho do trevo pra comprar uma massa de lasanha para minha tia Emma.

- Ah sim, quando vamos marcar aquele futebol, ou fazer alguma coisa com a galera? - Com essa correria de estudos e gravação de vídeos para vlog, quase não saio de casa.

- Verdade, né? Deixa só passar as provas que eu me comprometo em estar mais disponível. Aí podemos chamar também o Galileu.

- Sim, tudo o que aconteceu acabou afastando um pouco a galera, quase não vejo o Galileu. Ele está estudando para concurso. - Lucas ao falar faz um semblante sério. Fiquei curioso ao vê-lo assim. "O que o levaria a ficar desse jeito?"

Galileu era o nerd e o mais velho da galera, ele tinha 19 anos.

- Realmente não tem sido nada fácil pra ninguém, mas quando tudo passar vamos unir novamente o pessoal. Ainda há esperança para nosso grupo. Olha lá, já chegamos, conversamos tanto que nem percebemos.

Entramos no mercadinho, que estava quase vazia. Só haviam funcionários em plena dezessete e cinquenta e cinco da tarde. Luisa que trabalha no caixa, estava super ansiosa para ir embora. Pelo seu olhar eu via isso.

- Ué Freitas, não vai falar com comigo não? - Gritou Luisa lá da porta, com as sobrancelhas erguidas.

Fiquei super sem graça, olhei para atrás e fui até ela correndo.

- Mil desculpas Luisa, estou tão distraído que nem me liguei. - Eu dou um abraço nela e ela dá um sorriso de canto.

- Está perdoado, o que está fazendo aqui essa hora? Você sempre vem mais cedo. - Ela me olha com aquele seu olhar marcante.

- Sabe como é né Lu, imprevistos. Eu vim comprar uma massa de lasanha para tia Emma. - Eu estava rindo de nervoso, ela só me olhava sério. - Vou logo lá pegar o que preciso para ir pra casa. Minha tia está me esperando. - Dei uma piscada para ela e segui.

Fui andando em direção a área de massas e pelo caminho me deparei com Lucas tentando decidir qual biscoito levaria.

- E aí mano, quando vai chamar a jovem para o duelo em? - Ele fala enquanto pegava o biscoito do pacote maior.

- Lá vem você com essas perguntas. Ela é só minha amiga, cara. - Eu dou uma risada.

- Todos sabem que você é afim dela. Tem que partir logo para o ataque, se não ela vai passa a te ver só como um irmão.

- Para com isso cara, ela é só minha amiga. Vamos, que minha tia está me esperando.

- Ok mano, você é quem sabe. Não tá mais aqui quem falou.

Pego a lasanha e vamos seguindo em direção ao caixa.

- Vou querer um pedaço de lasanha depois em Freitas. - Luisa da uma risada e pisca para mim.

Pegamos as sacolas com o biscoito e a massa de lasanha e saímos do mercadinho. Olhei pra trás e lá estava ela olhando para mim.

Bonita ela é, e muito, mas ainda é cedo demais para eu pensar em romance ou relacionamentos. Ainda me dói lembrar que meus pais não estarão aqui para conhecer minha primeira namorada.

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Fala galera, esse é um trabalho conjunto, meu e da minha amiga Moreiranunes (Melina). Espero que gostem!

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