Half a Heart • ABO [EM REVISÃO]

× VII ×

Louis não queria acreditar no que estava acontecendo. Mas, revendo os fatos, ele sabia que tinha uma enorme chance daquilo ser real. Ele sabia que para ter a certeza que Styles era “Alma Gêmea” ele poderia muito bem fazer alguns exames.

O Parceiro Destinado é algo tanto romântico quanto científico. Algo como a ínsula e o estriado, que são partes do cérebro, ou algo assim, eram responsáveis pelo “amor” e “desejo sexual”. Haviam apenas duas pessoas no mundo com a mesma combinação, por isso o nome: Par Destinado.

Louis queria ter 100% de certeza que Harry era o seu par, mas ele estava com medo. E se não desse certo?

O pensamento de ter que voltar pra casa, ver novamente o seu pai, esses terríveis sentimentos estavam deixando Tomlinson louco.

Harry entendeu o silêncio de Louis, mas não ter nenhuma palavra dita pelo menor estava acabando com ele. Styles sabia o que Louis estava pensando, ele aceitaria fazer qualquer coisa para, também, tirar aquela dúvida esmagadora de seus ombros.

E se não fosse o Louis?

E se não fosse o Harry?

Um alpha que estava se submetendo à aquele sentimento novo, estava dando indícios que estava ficando fraco. E um alpha fraco, não é ninguém. Harry sabia que a vida, naquele momento, lhe daria duas opções.

A primeira consta em: Louis é realmente seu parceiro destinado, sendo assim, nem Louis e muito menos Harry, podem escapar da marca. Levando Harry a finalmente erguer sua família e ter filhos.

A segunda consta em: Louis não ser mais que um caso do destino em sua vida, não ser nada do que ele esperava que fosse, e ainda por cima, a alternativa do ômega sumir, para sempre, de sua vida.

E as mesmas opções serviam para o ômega que ainda estava embasbacado com todos aqueles pensamentos e sentimentos.

Eles precisavam agir. E rápido.

- Então, Louis, o que você sugere? – Styles estava tão nervoso que sua voz estava onze vezes mais baixa.

- Exames... – Tomlinson estava tão fora de si, aquele turbilhão de coisas que se passavam em sua mente, estavam o martirizando.

- Eu sabia que iria sugerir isso. – Styles comentou. – Amanhã podemos ir fazer esses exames. – Louis concordou. – Sei que está sendo difícil digerir tudo isso. Mas ainda tem a opção de estarmos errados.

- Eu sei. Mas ainda assim é assustador. E eu nem tenho pra onde ir se der o resultado negativo.

- Não tem pra onde ir...? – Harry se lembrou que eles ainda não haviam conversado sobre aquilo. O motivo do menor ter sido encontrado quase a beira da morte na noite anterior. Louis confirmou de leve com a cabeça. – Tem certeza que não quer conversar sobre isso?

- Eu tenho medo. – Sua voz saiu baixa, parecia até que seus lábios estavam tremendo. – Estou com tanto, tanto medo.

- Me diga, por que você estava daquela forma quando lhe encontrei ontem de noite?

Tomlinson suspirou, ele estava se negando a contar sua história a Styles e se o maior sentisse nojo de si? E se ele o odiasse e o colocasse para fora daquela casa? Para onde ele iria?

Nem ao menos reparou no olhar angustiado que o maior estava lhe lançando. Nem ao menos reparou que seus olhos já estavam cheios de lágrimas e que essas mesmas desciam por suas bochechas gordinhas, nem conseguiu ouvir seus próprios soluços... Droga!

Droga de vida, droga de fragilidade ômega!

Ele odiava se fazer de coitado, mas olha só, ele estava chorando na frente de um homem que poderia ser seu parceiro para o resto da vida e, mesmo assim, que conhecia havia apenas um dia.

Em 24hrs a vida de Louis William Tomlinson havia mudado drasticamente.

- Conte-me Louis, independente do que houve, não vou lhe expulsar daqui e nem desprezar você. – Era como se ele pudesse ler os pensamento de menor.

Respirou fundo... 3, 2, 1

- Já fazem dois anos que minha irmã mais velha morreu em um acidente, desde então eu vivo com meu pai, que é divorciado da minha mãe, desde o dia que minha irmã morreu, meu pai tem problemas com álcool e... – Parou, Harry estranhou o silêncio, aquele garoto estava sofrendo tanto e ele só estava sabendo o motivo naquela hora, mesmo assim, parecia que ele fazia parte da vida do pequeno. – E desde então, ele veio me batendo e me... Tocando.

Harry ouviu tudo em silêncio, ele realmente estava com raiva, não sabia quem era o pai dele, mas tinha certeza que algum dia iria quebrar todos os ossos dele.

- Você está com nojo, não é? Eu sou um garoto imundo. Uma pessoa que niguém deseja por perto... Viver e não viver seria a mesm–

- NÃO TERMINE ESSA FRASE! – Styles gritou usando sua voz de alpha.

- AHHHH – Louis se encolheu, seus ouvidos estavam doendo muito e seu rosto estava vermelho por começar a chorar de novo.

- SR. STYLES! – Em frações de segundos, Mike entrou na sala, o tempo todo estivera atrás da porta, pronto para entrar e censurar qualquer ataque feito por seu chefe.

Pegou Harry pelos ombros, o maior estava exaltado, se debatia e gritava coisas sem sentido. Clifford conseguiu sondar Styles depois de uns minutos. O ômega também já estava mais calmo.

Alfred chegou na sala do escritório minutos mais tardes, já se passavam das dez da noite quando todos se acalmaram, e também quando Mike e Alfred haviam deixado a sala. Clifford ainda relutando, mas dessa vez, deixaria o dois a sós, de verdade.

Harry viu Louis com um olhar vazio, seu corpo tremia mas parecia que sua mente não estava mais lá.

- Louis...? – Harry chamou com cuidado, sabia que qualquer exaltação seria o suficiente para deixar o ômega ainda mais desnorteado.

- Você me odeia, não é? Sente nojo de mim, verdade? – Mesmo sem expressar nada, o terceiro choro daquela noite veio.

- Não, não é isso. – Passou as mãos nos cabelos. – Desculpe por ter gritado, de verdade, me perdoe. É só que eu não conseguia mais ouvir você se diminuindo. Você é incrível, Louis. – O maior sorriu largo, mostrando suas covinhas.

Thum Thum...

Ah? Elas sempre estiveram lá? Como Louis não havia as visto ainda? Eram tão lindas. Deixavam Harry com o rosto, ainda mais, angelical.

- E quero que saiba... – Styles continuou. – Independente do resultado do exame, você pode ficar aqui. Eu te protegerei, Louis.