Capítulo 3
Elena
Eu voltei em silêncio no carro. Christopher estava ao meu lado, também no banco de trás. Kevin era o motorista, disso eu sabia. Eu sabia quase tudo sobre aquela família, fiz bem minha lição de casa quando os planos eram só duas semanas sendo Amelia Donnovan. Agora eu seria a vida toda.
Eu podia reconhecer a entrada da propriedade quando o carro passou pelos portões abertos. Eu nunca estive ali, mas memorizei em fotos. Eu sabia quase tudo.
Kevin estacionou e rapidamente abriu a porta para que descêssemos. Christopher primeiro, eu logo após.
A elegante senhora nos esperava parada na imponente porta de entrada da mansão. Era Vivienne Donnovan, matriarca da família. Ela não parecia odiar Amelia, mas não estava soltando fogos de artifício e soprando beijos em minha direção. Parecia apenas preocupada com uma pessoa que passou por um acidente feio demais. Uma pessoa não muito próxima, pelo visto.
- Seja bem-vinda de volta, Mellie. Ficamos muito preocupados. – seu sorriso não era genuíno, mas também não era forçado. Ela não odiava Amelia, parecia que apenas... Não se importava. Era uma retribuição de gentileza, já que Amelia não se importava com ninguém também.
- Obrigada, Vivienne. – agradeci forçando um sorriso. Nossas vozes eram iguais, claro, nós éramos totalmente iguais - apesar de ela insistir que eu deveria perder cinco quilos.
Olhei as duas crianças paradas à sua frente, como se fosse um retrato pintado de uma família rica do século XIX. A garota parecia entediada, mas sabia que deveria estar ali e forçar um sorriso. Dakota tinha dez anos, e parecia uma boneca. Seus longos cabelos castanhos combinavam com seus olhos de mel. Ela era o retrato da menina de família rica, o problema é que ela parecia não querer isso. É como se aquilo tivesse sido imposto a ela. Mas o que eu entendia de crianças, afinal?
- Seja bem-vinda, Mellie. – Dakota tentou soar mais educada possível. Mas ainda assim, pude ouvir o bufar de seu pai ao meu lado. O quê? Ele acha que a menina deveria chamar Amelia de mãe? Ele é doido?
- Obrigada, querida. – tentei sorrir de forma maternal, mas acho que saiu mais como se eu tivesse acabado de bater meu dedo mindinho contra a parede.
Ela dá outro sorriso forçado em troca.
- Bem-vinda. – o jovem Kai Donnovan não consegue me encarar por muito tempo, e sua voz foi tão baixa, que quase não se podia ouvir.
O menino foi adotado com quatro anos, hoje tem cinco, e não parece se sentir bem onde está.
- Obrigada, querido. – meu sorriso sai genuinamente agradecido. Ele não me encara, mas é o único que parece verdadeiramente feliz por Amelia estar viva.
Seu inglês tem sotaque, mas é claro. Kai viveu em um desses lares para crianças órfãs na Etiópia, e lá lhe foi ensinado o inglês, pelo que soube de sua história. Não sei se ele conviveu com o amárico (eu tive que pesquisar qual o idioma falado na Etiópia, porque, quem realmente sabe qual o idioma oficial de lá, afinal?), mas ainda tem sotaque.
- Vamos entrar. – Christopher põe a mão em minha cintura, apenas de leve, como se evitasse me tocar, e eu entendo a deixa que devo entrar em nossa casa. Nossa casa? Isso vai ser difícil.
***
Christopher sobe as escadas comigo e finjo estar mais debilitada do que realmente estou, pois não faço a mínima ideia de onde fica nosso quarto, e espero ele me guiar.
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The Counterfeit
RomanceElena Parker, definitivamente, não é uma boa moça. Após se envolver em uma grande confusão, com nada para deixar para trás, não hesita ao tomar a decisão que mudará sua vida para sempre.