Capítulo 5
Elena
Desci pra sala de estar já segurando o riso, porque essa situação era ridícula. Dakota e Kai estavam sentados, praticamente encolhidos, no grande sofá à esquerda. Vivienne estava em um canto apenas degustando sua dose de alguma coisa – pra falar a verdade, agora eu reparara como essa mulher gostava de tomar doses. Talvez eu devesse fazer mais companhia a ela, talvez tomando algumas doses eu conseguisse não achar o quadro cômico.
- Pode me explicar o motivo de minha filha estar com o cabelo azul? – Christopher perguntou, forjando uma tranquilidade que não sentia. O que confesso, atiçou aquela coisinha dentro de mim que estava começando a gostar de provoca-lo.
- Não está azul. – pisquei para Dakota, para que a menina se sentisse mais confortável. – Está com mexas azuis, e ficou bem bonito, não acha?
Ele riu em descrença.
- Ela é uma criança! – tentou soar firme, mesmo fazendo um grande esforço pra não gritar.
- Exatamente por isso fez apenas mexas, e não pintou o cabelo todo. – esse era meu ponto! Será que ele estava me entendendo?
- Por ser criança, ela não deveria pintar o cabelo de nenhuma cor. – talvez ele não estivesse entendendo meu ponto. Bufei.
- Crianças, vão pra mesa de jantar. Seu pai e eu teremos uma rápida conversa. – os dispensei com um sorriso tranquilo. Não queria que eles ficassem assustados ou sentissem que haviam feito algo errado.
Dakota e Kai levantaram meio receosos, mas senti um traço de confiança quando entenderam que podiam ficar calmos, não ficariam de castigo por uma bobeira. Até mesmo porque Kai nem sequer tinha algo a ver com aquilo.
Vivienne acenou com um sorriso discreto pra mim – seria aceitação? Talvez – e seguiu com as crianças.
- Muito bem, pode começar a me explicar. – Christopher soou firme.
Revirei os olhos e caminhei até ele, encostando minha mão direita em seu peito, forçando intimidade.
- Chris... – testei o apelido e gostei. – São só mexas. Hoje são azuis, semana que vem podem ser roxas. Ela está na fase de querer ser diferente, deixa a menina viver a pré-adolescência dela tranquila. – fiz uma massagem apenas com a mão direita em seu peito e vi seu desconforto aumentar. – Dê a liberdade necessária pra que ela não se sinta sufocada. Ela está crescendo! Você ainda vai dizer muitos nãos pra ela. Não precisa desperdiçá-los agora. – pisquei e segui pra sala de jantar, sabendo que ele havia entendido e eu havia ganhado aquela batalha pela minha pequena amiga de cabelos azuis.
***
O jantar correu tranquilo e logo Christopher se trancou em seu quarto, após acenar um boa noite discreto e beijar o rosto das crianças. Vivienne lia um livro enquanto tomava uma taça de vinho na sala de estar, e eu apenas me despedi de todos e fui para o quarto.
Odiava quando aquele sentimento vinha à tona. O sentimento que de estava usurpando a vida da minha irmã. Eu iria embora dessa casa, eventualmente. Eu só tinha que traçar um rumo. Não era fácil iniciar uma nova vida, com uma nova identidade. Eu ainda não sabia como fazer pra pedir o divórcio e me mandar daquela casa. Onde eu estava com a cabeça quando assumi o lugar de Amelia? Medo de ser presa, era o que mais martelava em minha mente. Mas uma voz, uma voz idiota e ranzinza, gritava lá do fundo que eu via a nova identidade como um escape.
Escape para quê, afinal?
Eu não via saída para a situação que eu havia me metido, e quando estava naquela cama de hospital, também não via saída alguma.
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The Counterfeit
RomanceElena Parker, definitivamente, não é uma boa moça. Após se envolver em uma grande confusão, com nada para deixar para trás, não hesita ao tomar a decisão que mudará sua vida para sempre.