Cap. 22 - É ela... Incrível

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Nam olhou para cima e encarou o teto por longos minutos. Tudo que se lembrava eram pequenos fragmentos, e a dor continuava latejante em seu peito. Pensou ter tido um sonho, um sonho no qual S/N assistia televisão... Algo não estava certo. O enorme cansaço do dia abateu-se sobre ele, e ele sentiu seus olhos pesarem. O som de sua respiração entrecortada distanciou-se.
S/N acordou assustada com o silvo alto de um canário que parecia estar dentro da casa. Ela piscou os olhos e tentou acostumá-los a luminosidade. As cortinas da janela estavam abertas, mas não havia percebido isso na noite anterior. Levantou-se com cuidado e fechou-as. Ela olhou para Nam, deitado na outra extremidade da cama, ainda adormecido. Passou as mãos pelos cabelos, confusa, e tentou pensar em tudo o que havia acontecido, e qual seria o próximo passo. Certamente não poderia mais andar pela cidade sem estar minimamente coberta, ou poderia ser reconhecida. Era preciso tomar cuidado.
Um leve bater na porta foi seguido do cochicho da Sra. Martelli:
- Chiao? Vocês estão acordados?
S/N correu silenciosamente até a porta e a abriu. A dona do hotel pareceu se assustar.
- Olá, me desculpe, ele ainda está dormindo.
- Hm - Ela levantou as sobrancelhas e fez uma expressão de desprezo - O café está pronto. Subam logo.
- Obrigada.
S/N fechou a porta. Decidiu o que faria. Olhou o quarto e pegou, além de uma calça jeans e um moletom, um óculos e uma toca.
~
Alex e Sandra entraram abruptamente na loja de suprimentos hospitalares. Era manhã e os primeiros clientes ainda não haviam chegado.
- Detetive Alex Sandro Facinni - Ele mostrou a carteira ao vendedor, um pouco atordoado - Posso ver suas filmagens das câmeras?
- Ahm... - O vendedor tomou dois segundos para se recompor - Claro... Estão ali - Ele apontou para uma sala nos fundos.
Facinni deu a volta no balcão, fazendo deslizar seu sobretudo preto pela pequena porta que separava os vendedores do resto da loja. Sandra o seguiu. Juntos, eles entraram na pequena saleta branca e escolheram a fita do dia anterior.
- Aqui - Alex voltou o vídeo, colocando o dedo na tela de vidro do monitor.
- É ela... Incrível - Sandra se inclinou para ver a filmagem de S/N comprando vários suprimentos.
- O que eles compraram? - Ele perguntou ao vendedor.
- Nada demais... Só alguns analgésicos, gases, ataduras, seringas, bolsas de soro...
- Isso é nada demais?
- Pra um hospital, sim...
- Mas não pra uma médica apenas, que queira tratar alguém ferido - Sandra completou.
Alex franziu o celho.
- Ela está com ele. E ele está ferido. Ela se arrisca vindo aqui e se expondo. Então por que explodir o restaurante com os dois em área de risco? Não faz sentido.
- Ela é fã, não precisa fazer sentido. Essas fãs são todas loucas.
- Você já viu alguma fã médica que exploda um restaurante com ela mesma e seu ídolo dentro?
- Bem...
- Exatamente.
- Parece mesmo improvável - o vendedor se coloca na conversa. Alex e Sandra se dão conta de sua presença.
- Obrigado - Alex diz - Acho que vou ficar com isso - Ele sai da loja com a fita antes que ele tenha tempo de fazer alguma objeção.
O vendedor, no entanto, corre em direção à saída.
- Ah! Há mais uma coisa!
- O que? - Alex se vira.
- Ela disse que era médica em Frascati.
- Frascati?
- Sim, ao sul.
- Eu sei onde fica.
Os detetives se entreolharam.
- Obrigada - Sandra disse, se virando.
O vendedor acenou com a cabeça e voltou para dentro da loja.
- Se expor e dizer onde você está? - Diz Sandra.
- Que absurdo. Pelo menos isso nos diz algo.
- O que?
- Eles tinham um meio de transporte - Alex tira o celular e digita um número, levando-o ao ouvido - Alô? Sim, sou eu. Olhe pra mim por favor um carro com dois jovens estacionado ontem à noite nos arredores do hospital central. Me ligue assim que encontrar.
- O que você pretende?
- Ora, o que eu pretendo. Achá-los.
- Isso é óbvio. Eu digo, acha mesmo que estão em Frascati?
- Essa garota não é burra... Há algo a mais.
Eles entram no carro, e descem a rodovia para o sul da cidade. O telefone de Alex toca.
- Sim? - Silêncio, um suspiro - Entendi. Obrigado. - Ele desliga.
- O que houve?
- O carro desceu um pouco a rodovia até que sumiu numa das ruas menores.
- Então eles estão mesmo no sul?
- Talvez sul, mas Frascati... Droga! - Ele bate as mãos no volante, fazendo o carro buzinar. O homem do carro da frente coloca aos mãos para fora do vidro em protesto. Alex coloca a cabeça para fora da janela - Desculpe!
Ele suspira e leva aos mãos à testa.
- Ela é esperta, essa garota - Sandra diz.
- Talvez. Mas vamos encontrá-la.
- Nesse ponto, espero que ela tenha se escondido bem. Ela vai precisar.
Alex repuxa o canto da boca e balança a cabeça em afirmativo.

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