Otabek... Não começa, por favor.

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Notas do Autor

Oien gente 

Eu queria muito postar esse capítulo. Ele não é tão divertido, mas faz parte do que é essa história. No próximo, voltamos ao que era.

No mais, espero que vocês gostem (:

*

Eu fiquei em choque. Otabek sorriu.

- Até que a história do gato valeu de alguma coisa. Ele é uma graça. Parece com você... – Fiquei ligeiramente envergonhado com o comentário dele, mas a imagem dele com a menina quase de imediato me veio à cabeça.

- QUE CARALHOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritei. Puto. – ATACA ELE, TIGRE! – Otabek riu e Tigre, aquele traidor, continuou apreciando as carícias dele atrás da sua orelha.

- Senti sua falta na festa. Pedi Jean para convidar você. E quando você não apareceu, bom, Mila me disse que você estava voltando pra casa e eu vim aqui. Surpresa. – Ele abriu os braços e deu um sorriso totalmente encantador. – Por que você está ensopado?

- Como você entrou aqui? – sentei na cadeira. Desisti oficialmente de entender aquela merda de dia.

- Já disse que eu adoro a sua mãe? Ela falou que eu podia te esperar aqui e ainda me fez um sanduíche. Ela foi para o plantão, aliás.

- Você não ia tocar na festa hoje? – Passei a mãos pelos cabelos nervosamente.

- Eu tinha coisas mais importantes para resolver por aqui... Mas acho melhor você tirar essa roupa molhada antes.

Fui para o banho tentando descobrir como eu ia escapar dessa vez. Ele estava ali, de guarda, para ter certeza que eu não ia fugir. Se eu tivesse ido a festa o máximo que Jean conversaria comigo seria sobre Otabek. Ele queria que eu fosse e sabia que se o Jean me convidasse, eu iria. Se ele me queria tanto por lá, por que aquela menina estava agarrada nele? Ouvi algumas batidas na porta.

- Vai demorar muito aí ainda? Quer ajuda para tirar? Faria com prazer... – E o babaca de sempre tinha voltado...

- SÓ SE FOR AJUDA PARA TIRAR O MEU PUNHO DA SUA CARA! – Pude ouvir sua risada atrás da porta. Voltei a lavar o cabelo.

Ao sair do banho, encontrei Otabek encarando meu quadro de fotos. Ele me olhou timidamente, voltou a observar as fotos e começou a falar:

- Sabe, eu lembro disso aqui. Quando você quebrou o braço e queria tomar sorvete porque a outra criança que dividiu quarto com você no hospital tinha operado as amigdalas e só tomava sorvete. E o Nicolai me levou no hospital para te ver e comprou um monte... – A menção do nome do meu avô pelo Otabek foi um pouco doloroso. Na tentativa de disfarçar o nervosismo, peguei a toalha e tentei enxugar os cabelos enquanto ele falava. – Eu tenho que me desculpar com você. Por tudo isso.

- Otabek, não começa... por favor. – Cruzei os braços ao redor de mim mesmo e encarei meus pés.

- Não, eu preciso. – Ele colocou a mão no meu ombro. - Eu lembro até hoje o dia que o meu pai contou que o Nicolai estava doente. – Senti a tristeza na sua voz. Ele estava sendo sincero. – Você sabe que nós sempre estávamos juntos e Nicolai sempre cuidou de mim também. Eu o amava tanto, Yuri...

- Se você o amava tanto assim, por que não apareceu mais? Por que não ligou? - O discurso de Otabek começou a me irritar.

- Eu me arrependo. Muito. Acho que é um dos maiores arrependimentos que tenho. Mas eu era uma criança imatura que não conseguia lidar com alguém como Nicolai indo embora. – as lágrimas começaram a correr de seu rosto. – Eu sinto tanto, Yuri. Por ter deixado vocês dois na mão. Eu amava seu avô, amava o cheiro de charuto dele, amava os Piroshki que ele nos deixava ajudar a fazer, as brincadeiras... – comecei a sentir tanta saudade de Nicolai que as lágrimas foram descendo docemente também por meu rosto. – Me desculpa, Yuri.

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