Extra - Café?

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Notas Iniciais

Eu disse que não ia voltar tão cedo, mas estava ouvindo a música desse capítulo e pensei "nossa, isso se encaixa na minha história" e acabou saindo esse extra.

A música é How Long, de uma das minhas banda queridinhas, Matchbox Twenty (que a música mais famosa é disease e todo mundo aqui deve conhecer, foi trilha sonora de Mulheres Apaixonadas).

https://www.youtube.com/watch?v=48_xpJ_4H5Y

Espero que quem ainda está aqui, goste.

*

As últimas provas do vestibular e da escola estavam chegando. Já eram duas da manhã. Eu podia ver Otabek também estudando no quarto dele. Muitas vezes me distraia com os sorrisos que ele despejava ao acertar um exercício ou ao entender alguma coisa. Era insano o quanto eu estava apaixonado por ele, mas ao mesmo tempo todas aquelas coisinhas que eu odiava tanto ainda estavam ali.

Ele ainda era egocêntrico demais pro meu gosto. Continuava o queridinho da galera, dos professores e das mamães. Na última festa que fomos na casa de Jean, fui ao banheiro por um segundo e quando retornei, Otabek tinha seus cabelos alisados por um carinha. Mas era só a sociabilidade dele mesmo. Nos sábados de manhã ele ainda me acordava com a música alta e ainda polia e ajeitava aquela moto. Mas era só ele me abraçar... Isso tudo se tornava desprezível perto do bem que aquilo me fazia.

Tentei desviar os meus pensamentos para o livro a minha frente. Eu tinha uma tonelada de anotações para fazer ainda. Só me dei conta do tempo que tinha passado quando as luzes do quarto de Otabek piscaram algumas vezes. Levantei o rosto e o percebi com menos roupa que antes, caminhando em direção à janela. Pude vê-lo pegar um papel e segurá-lo na minha direção.

PAUSA?

Eu concordei com a cabeça e ele fez outro bilhete:

CAFÉ?

Não seria tão ruim e eu realmente precisava do revigorar daquela bebida quente. Dessa vez eu escrevi um bilhete.

AQUI?

Ele deixou o quarto e eu fui para a cozinha no andar de baixo. Otabek entrou pelos fundos com ajuda da chave reserva. Ele beijou minha bochecha, sentou no banco na cozinha próximo a bancada e sorriu.

- Você estava estudando história? – Ele perguntou se apoiando nos cotovelos.

- Como você sabe? – Respondi um tanto surpreso enquanto adicionava o pó de café à cafeteira.

- Você estava tão concentrado que nem me olhou quando eu tirei a blusa. – Ele me encarou.

- Mas agora eu quase sempre vejo isso aí. – Disse no meio de um sorriso.

- Isso aí? Saudade dos dias que você parava tudo pra me olhar! Você já me valorizou mais... – Ele fez um biquinho que eu pessoalmente achei uma graça.

- Você sabe que eu valorizo. Muito. – Deslizei meus dedos pela mão dele. O aroma inconfundível do café começou a chegar em nossas narinas. Ele me abraçou.

- E mesmo assim não aceitou nenhum dos meus pedidos de namoro! – Ele me soltou como se estivesse indignado. Mas fazia parte dos nossos joguinhos.

- Você já tentou hoje? Quem sabe eu mudo de ideia... – O sorriso dele se alargou com a minha resposta.

- Eu duvido. Mas foi por isso mesmo que eu sugeri esse café... – Eu o olhei perplexo. Não é possível que ele fosse tentar outra vez. Se eu era teimoso, persistente era a palavra para Otabek.

Junk of the HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora