Extra - Me ajuda com essa caixa aqui.

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Notas do Autor


Oi gente, como vão?
Esse capítulo meio que encerra a história.  Até então está FINALIZADA.

Posso escrever outros extras num futuro. 

Amo vocês, obrigada por terem acompanhado isso tudo. No mais, espero que gostem.



*


Eu não aguentava mais carregar aquelas caixas. Já tinha me arrependido daquela maluquice de ir morar na Rússia. Primeiro que os homossexuais não eram muito bem aceitos por aqui e bom, eu estava casado com um. Bem safado por sinal. Todas as vezes que me abaixava para colocar a caixa no chão, o ouvia falar sobre o quanto a minha bunda era atraente.

Otabek era o homem da minha vida. Passamos todo o restante do ensino médio juntos, mas nunca aceitei nenhum dos seus pedidos de namoro. Quando Otabek desistiu, já estávamos estressados com os resultados do vestibular. No dia da resposta, eu praticamente explodi. Não me importava mais se ia passar ou não. Peguei uma caixa de som, coloquei Junk Of the Heart para tocar e fui para a lateral de nossas casas. Quando Otabek apareceu na janela, eu gritei que estava pouco me fodendo para o resultado. O que eu queria era mesmo era namorar com ele. Nós dois tivemos respostas positivas. Comemoramos bastante naquele dia.

Ele começou a abrir as caixas, retirar alguns objetos pessoais e esparramar nossas fotos. A faculdade tinha sido bem complicada para nós dois. Nós não estávamos juntos em várias das fotos que surgiram. Nossos horários raramente batiam, ele sempre estava envolvido em projetos e eu tinha meus estágios. Otabek inevitavelmente cursou engenharia mecânica e eu fiz letras. Em meados do curso, ele conseguiu um intercâmbio aqui na Rússia. Um ano que nos vimos exclusivamente pela webcam, todos os dias religiosamente no mesmo horário. Quando ele voltou, me pediu para casar com ele e eu aceitei. E não conseguimos mais nos separar. Esse intercâmbio que terminou por nos trazer de volta até aqui.

A grande verdade é que Nicolai falava tanto de seu país que nós dois sonhávamos em viver na Rússia.

Otabek ainda tocava nas horas vagas e eu achava um charme. Por várias vezes terminávamos nos agarrando no banheiro, como se fossemos dois adolescentes. E nem quando éramos mais jovens fazíamos isso.

Uma das coisas que surgiu foi a foto do lançamento do livro de Pichit "Como sobreviver sendo Incompreensível", junto com nossos exemplares autografados. O evento superlotou de pessoas que o acompanhavam nas redes sociais. A faixa etária variava de 9 a 72 anos. Uma senhorinha excêntrica de cabelos roxos e bengala era a primeira da fila de autógrafos. Ficamos nos bastidores assistindo àquela loucura. Na foto estávamos eu, ele, Sala, Mila e Otabek. Ele nos presenteou com camisetas que continham fotos dos nossos rostos em um zoom inacreditável. Não fazia ideia de como a fama de Pichit tinha acontecido. Para falar a verdade, nem mesmo o vídeo que o popularizou eu assisti. O tal vídeo da festa do Jean.

Acho que 6 meses depois daquilo, Pichit prendeu papel crepom por toda a escola, hackeou o sistema de informação e exibiu seu rosto em todas as telas onde eram noticiados diariamente o que ocorria na escola. Ele ainda pintou o gramado de laranja, mudando a cor das águas dos sprinkles. Todos os alunos receberam um email em agradecimento por serem coadjuvantes em sua brilhante trajetória e ele "se expulsou", se é que isso fosse possível.

Isso gerou um outro compilado de vídeos que o viralizou ainda mais. Quando eu e Otabek fomos embora, ele estava para estreiar um programa de auditório só dele em uma emissora grande.

- Yura, a gente não pode almoçar não? Isso aqui não vai terminar tão cedo. – Ele me abraçou por trás e beijou meu pescoço.

- Quanto antes a gente abrir essas caixas e guardarmos tudo, melhor. Aí teremos tempo até pra outras coisas... – Me virei em sua direção e o beijei. Ele começou a brincar com as pontas dos meus cabelos que batiam na cintura.

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