Eu te amo, Yuri.

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Estava um tanto escuro. O vento batia e eu podia sentir a areia entrando entre meus dedos dos pés. Otabek se aproximou de mim com dois copos de café e sentou na toalha ao meu lado.

- Eu queria muito que você conhecesse isso aqui. – Ele sorriu amigavelmente e me beijou a têmpora. – Aqui, eu trouxe um café com bastante açúcar para você aguentar o dia de hoje.

Eu não conseguia falar. Acenei com a cabeça e continuei olhando para o mar em ressaca enquanto começava a tomar a bebida quente. Pude ver o vento batendo em seus cabelos e bagunçando extremamente os meus. Otabek achava graça.

- Olha, tem uma pedra ali e a vista do nascer do Sol é maravilhosa. Acho que a gente podia ir caminhando para lá.

Eu mal pude vê-lo levantar e ele já me oferecia a mão para acompanha-lo. Fui sem hesitar. Ele segurou minha mão durante todo o percurso até a pedra. Eu consegui subir rapidamente. Estávamos sozinhos ali. O Sol começava a despontar no horizonte. ENORME. O céu variava entre o azul escuro da virada do dia e as primeiras nuvens alaranjadas. Era realmente bonito

- Sabe Yuri... eu fiquei pensando muito tempo em coisas legais para te dar. Ou no que eu faria se você voltasse a falar comigo. A gente perdeu tanto tempo, deixou de viver tanta coisa. E quando eu estive aqui da primeira vez, eu tive certeza que gostaria de mostrar para você. – Aquilo começou a me amolecer. Aquela vista, aquele assunto sobre os anos que não vivi sendo amigo ou algo a mais do Beka por causa da minha infantilidade. Tudo era incrível e me tocava de alguma forma. – Eu gosto daqui e todas as vezes que assisto a esse nascer do Sol me sinto renovado, bem. Você e esse lugar tem isso em comum.

Ele encarava os pés, sorrindo de leve. Me senti corar. Ele estava quase tão bonito quanto a paisagem. Tentei esticar a mão para alcançar a dele e não consegui. Tentei novamente falar, mas não consegui. Uma gaivota se aproximou de nós e ao abrir a boca, tudo o que ela sonorizava era o barulho alto e irritante similar ao meu despertador.

Abri os olhos assustado. O barulho do despertador estava alto demais. Aquele sonho tinha sido tão... real. A vontade de estar com ele ainda estava aqui. Eu queria mais daquele sonho, eu queria mais daquele Otabek.

Apoiei os pés no chão e pude ouvir as pedras batendo na minha janela. Beka estava lá embaixo acenando.

- Vamos logo! Estou te esperando! – Ele sorriu magnificamente e passou a mão pelos cabelos

Achei muito altruísta da parte dele me forçar a ir de carona com ele pra aula e ainda bater na minha janela para me apressar, mas aquele sorriso... Me arrumei rapidamente e saí pela porta. Ele estava sentado na soleira. Me ofereceu o capacete e fomos em direção a sua moto.

- Bom dia, Yuri.

- Bom dia. – Eu tentei esconder meu rosto com meu cabelo ainda lembrando daquele sonho.

- Eu vou parar na padaria para comer alguma coisa. A gente está um pouco adiantado. Você se importa? – Ele me olhou com aqueles olhos brilhantes. Eu nunca me importei mesmo em chegar atrasado, que diferença faria?

Subimos na moto. Aquela sensação familiar do perfume de Otabek me cortando as narinas apareceu de novo. Ele fez uma curva fechada que me fez segurar nele, sem me importar muito com isso. Fechei os olhos durante o restante do percurso.

Sentamos em uma mesa e ele foi para o balcão. Retornou com 2 cafés e uma porção grande de pão de queijo.

- Aqui, eu trouxe um café com bastante açúcar para você aguentar o dia de hoje. – Aquela frase me deu a sensação de um Deja-vu. – E o pão de queijo é para a gente dividir. Acho que você sempre sai com tanta pressa que nunca come.

Junk of the HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora